Teleférico de Salvador: saiba como será a estrutura que ligará a periferia a uma estação do metrô
O projeto, que deve começar a ser construído em 2026, prevê 4,3 km de extensão e poderá transportar 4 mil passageiros por hora. Mas há quem o critique

O teleférico de Salvador deve ligar a Praia Grande, no Subúrbio Ferroviário, à estação de metrô Campinas de Pirajá, da Linha 1-Vermelha da capital baiana. Segundo Tânia Scofield, presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), entidade responsável pelo projeto, o transporte por via aérea é um modal complementar ao VLT e ao metrô de Salvador e deverá ser concluído em até três anos após o início das obras.
De acordo com dados da fundação, cerca de 300 mil pessoas vivem hoje na região que deverá ser atendida pelo modal e têm dificuldade de chegar ao centro da cidade utlizando transporte público. Hoje para chegar a uma estação de metrô, partindo do local, o usuário demora de 1h a 1h30 no ônibus, dependendo do trânsito. O teleférico de Salvador, quando pronto, terá 4,3 km de extensão e promete realizar a viagem em 18 minutos.
Leia também: Salvador estuda criar teleférico panorâmico no subúrbio
Com quatro estações e 27 torres de sustentação, o projeto prevê que os cabos de ligação do teleférico passem a, no máximo, 45 metros de altura e as paradas recebam, a princípio, 4 mil passageiros por hora. “Vamos realizar trabalhos sociais com a população que irá utilizar o transporte para acostumar o cidadão. Este será o primeiro modal do tipo a ser utilizado como transporte público no País. Portanto, pode gerar algum estranhamento”, diz a presidente da FMLF.
Para realizar a obra, a Prefeitura de Salvador solicitou um empréstimo de cerca de R$ 400 milhões junto ao CAF Banco de Investimento da América Latina e Caribe, e a previsão é de que o orçamento final seja fechado até dezembro. Segundo a fundação, a estimativa é que as obras tenham início no segundo semestre de 2026.
Em relação ao custo da passagem, a ideia é de incorporar o teleférico ao sistema integrado de transportes públicos da cidade, que já incluem metrô, ônibus e VLT de Salvador.
Existem contrapontos à obra do teleférico de Salvador
A vereadora Marta Rodrigues (PT-BA) ressalta, no entanto, que obra coleciona polêmicas como a falta de transparência e debate político.
“A proposta de conectar o subúrbio é necessária. Mas o teleférico, isoladamente, não resolve o problema da mobilidade”, afirma Marta Rodrigues, quando questionada sobre a viabilidade do empreendimento.
Leia também: Metrô de Salvador: veja estações e pontos turísticos que podem ser acessados pelo modal
Ainda existe uma questão levantada pela vereadora sobre a instalação de torres no Parque São Bartolomeu, que possui território sagrado do candomblé e espaço de celebração ancestral da população negra da cidade. “Qualquer interferência ali é um atentado à memória coletiva e à espiritualidade afro-brasileira” afirma a vereadora Marta.
Sobre esse assunto, a FMLF informa que será instalada uma única torre no parque, cujo impacto será de apenas 3 metros de diâmetro. Ainda segundo a FMLF, toda manutenção do equipamento será feita distante do solo, o que não provocará intercorrências no parque.
Segundo Marta Rodrigues, apesar do fato da obra ter sido incluída em programas com apoio do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), falta mais transparência sobre o projeto, pois não há divulgação pública dos contratos ou termos de empréstimo. “Não se sabe o valor exato dos financiamentos, as contrapartidas municipais, os prazos de pagamento, nem os custos futuros de manutenção do sistema”, opina.
Quer uma navegação personalizada?
Cadastre-se aqui
0 Comentários