Caminhos para atravessar a crise: empreendedorismo feminino
Mãe e filha criam ateliê de costura e conseguem pagar as contas e não deixar faltar alimento em casa
Uma entre milhões de brasileiras afetadas pela pandemia, Ruth Helena Costa, de 44 anos, vive no bairro Águas Lindas, na região metropolitana de Belém (PA). Com a perda do trabalho formal – ela e a filha, Carla Venancia, de 25 anos, foram demitidas de seus empregos de babá –, a família precisou buscar formas de ganhar dinheiro.
Enquanto não empreendia, Ruth fez o possível para não faltar nada em casa, até vendeu abacates do próprio quintal. Mas em agosto de 2021 elas abriram a Crioulas Prendadas, um ateliê de costura e consertos em moda feminina e infantil.
Carla tem dois filhos e conta que teve alguns direitos trabalhistas não pagos no antigo emprego. “Recebi auxílio emergencial e agora estou me reinventando com costura, já que sei mexer e tenho experiência nisso”, diz.
O negócio ainda está nos primeiros meses, mas segundo Ruth tem ajudado a manter a família. “Consigo pagar a parcela do maquinário investido”, diz. “Torcemos para que esse trabalho dê certo, não só o nosso, mas os de outras mulheres que têm se reinventado e buscam uma qualificação profissional.”
MULHERES NEGRAS
São as empreendedoras mais afetadas pela crise atual
- 29% dos pequenos negócios parados por causa da crise são liderados por mulheres negras
- 27% delas têm dificuldade de funcionar de forma virtual
- 25% tiveram crédito bancário negado em razão do CPF negativado
Fonte: Sebrae e Fundação Getúlio Vargas
BRASIL
- 24,8 milhões de trabalhadores por conta própria
- 35,6 milhões de trabalhadores informais, ou 40% da população ocupada
Fonte: Sebrae e Fundação Getúlio Vargas
Possíveis soluções
Em 2020, a Oxfam, organização da sociedade civil dedicada ao enfrentamento da fome e da desigualdade, publicou o relatório Dignidade, Não Indigência. “O mundo precisa aprender com a crise financeira de 2008, quando governos resgataram bancos e grandes empreendimentos enquanto pessoas comuns pagaram com uma década de austeridade econômica, com cortes de gastos em serviços públicos, como saúde e educação”, diz um dos trechos do documento (…).
E mais: “A fortuna dos bilionários dobrou nos 10 anos seguintes, enquanto os salários dos trabalhadores praticamente não aumentaram. Pacotes de resgate financeiro podem ser uma oportunidade para mudar permanentemente os incentivos e modelos de negócios. Com isso, é possível ajudar a promover uma economia mais humana e sustentável, na qual os trabalhadores sejam tratados de maneira justa.”
Outras alternativas apontadas para conter a crise são a adoção de impostos emergenciais de solidariedade e a suspensão e o cancelamento de dívidas, sobretudo nos países mais pobres e com alta taxa de desigualdade social, caso do Brasil.
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