Caminhos para atravessar a crise: empreendedorismo feminino
Mãe e filha criam ateliê de costura e conseguem pagar as contas e não deixar faltar alimento em casa
2 minutos, 17 segundos de leitura
25/10/2021
Por: Carla Costa e Cássio Miranda, Periferia em Foco
![empreendedorismo-feminino-naperifa empreendedorismo feminino](https://mobilidade.estadao.com.br/wp-content/uploads/2021/11/empreendedorismo-feminino-naperifa.jpg)
Uma entre milhões de brasileiras afetadas pela pandemia, Ruth Helena Costa, de 44 anos, vive no bairro Águas Lindas, na região metropolitana de Belém (PA). Com a perda do trabalho formal – ela e a filha, Carla Venancia, de 25 anos, foram demitidas de seus empregos de babá –, a família precisou buscar formas de ganhar dinheiro.
Enquanto não empreendia, Ruth fez o possível para não faltar nada em casa, até vendeu abacates do próprio quintal. Mas em agosto de 2021 elas abriram a Crioulas Prendadas, um ateliê de costura e consertos em moda feminina e infantil.
Carla tem dois filhos e conta que teve alguns direitos trabalhistas não pagos no antigo emprego. “Recebi auxílio emergencial e agora estou me reinventando com costura, já que sei mexer e tenho experiência nisso”, diz.
O negócio ainda está nos primeiros meses, mas segundo Ruth tem ajudado a manter a família. “Consigo pagar a parcela do maquinário investido”, diz. “Torcemos para que esse trabalho dê certo, não só o nosso, mas os de outras mulheres que têm se reinventado e buscam uma qualificação profissional.”
MULHERES NEGRAS
São as empreendedoras mais afetadas pela crise atual
- 29% dos pequenos negócios parados por causa da crise são liderados por mulheres negras
- 27% delas têm dificuldade de funcionar de forma virtual
- 25% tiveram crédito bancário negado em razão do CPF negativado
Fonte: Sebrae e Fundação Getúlio Vargas
BRASIL
- 24,8 milhões de trabalhadores por conta própria
- 35,6 milhões de trabalhadores informais, ou 40% da população ocupada
Fonte: Sebrae e Fundação Getúlio Vargas
Possíveis soluções
Em 2020, a Oxfam, organização da sociedade civil dedicada ao enfrentamento da fome e da desigualdade, publicou o relatório Dignidade, Não Indigência. “O mundo precisa aprender com a crise financeira de 2008, quando governos resgataram bancos e grandes empreendimentos enquanto pessoas comuns pagaram com uma década de austeridade econômica, com cortes de gastos em serviços públicos, como saúde e educação”, diz um dos trechos do documento (…).
E mais: “A fortuna dos bilionários dobrou nos 10 anos seguintes, enquanto os salários dos trabalhadores praticamente não aumentaram. Pacotes de resgate financeiro podem ser uma oportunidade para mudar permanentemente os incentivos e modelos de negócios. Com isso, é possível ajudar a promover uma economia mais humana e sustentável, na qual os trabalhadores sejam tratados de maneira justa.”
Outras alternativas apontadas para conter a crise são a adoção de impostos emergenciais de solidariedade e a suspensão e o cancelamento de dívidas, sobretudo nos países mais pobres e com alta taxa de desigualdade social, caso do Brasil.
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