Ella Fernandes: de São Gonçalo para o Rock in Rio 2022
No line up do Espaço Favela, o show será no dia 11 de setembro
Na vida de Gabriella do Nascimento Fernandes, conhecida como Ella Fernandes, a arte sempre esteve presente. Moradora de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, a artista de 28 anos começou a cantar na adolescência, aos 14 anos, quando participava do coral da igreja evangélica frequentada por sua família.
Aos poucos, ao aprimorar a técnica vocal, Ella tomou consciência da própria potência de mulher negra, mãe solo e moradora da favela. Um reflexo desse percurso está no calendário: no dia 11 de setembro, Ella Fernandes fará um show no Rock in Rio 2022, no Espaço Favela.
Sonhando acordada (de tão feliz), a autora da canção Barbie de Rua (acima) levará a um dos palcos mais importantes do mundo uma mistura de rap brasileiro, R&B e samba. “Para mim, a música funciona como uma conexão com todos, uma forma de reencontro pessoal. As minhas letras são parte de mim, já que detalho a minha história. Mas também sei que ela se conecta com tantas outras pessoas que têm origens e realidades parecidas”, diz Ella. “Sou uma mulher negra e mãe solo [de Israel, 5 anos]. A perspectiva pode ser dolorosa, mas falo de orgulho e de resiliência.”
Desde 2012, a cantora também estuda, promove e faz teatro. Além de já ter participado dos espetáculos Casas de Cazuza (que retornou aos palcos após 21 anos) e Tambor dos Pés, criou um espaço de encenação para iniciantes, o Sarau da Ella, que abre as portas uma vez por mês para que os participantes exibam poesias e coreografias, façam peças e ensaiem. A ideia principal é incentivar novos talentos.
“Quando começamos a carreira artística, não temos muitas oportunidades por diversos fatores. Um deles é a falta de contato com quem produz eventos. Como já passei por isso, resolvi ter esse espaço de troca sincera com todos”, explica.
Ella alimenta o desenho de atuar em telenovelas, sem abandonar a música. No final deste ano, aliás, a artista deve lançar o primeiro EP (formato de trabalho que precede um álbum). “A expectativa é mostrar toda a potência que tenho, que sou e que o meu lugar tem, a potência da favela. São Gonçalo é um lugar que produz muito. E merece mais reconhecimento e investimento nessa área de cultura. É uma expectativa que já não fala só de mim, mas de todo meu povo”, finaliza.
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