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Escritor na periferia de SP é finalista do Prêmio Jabuti com obra sobre moradia

Por: Riviane Lucena, Embarque no Direito . 04/11/2022

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Escritor na periferia de SP é finalista do Prêmio Jabuti com obra sobre moradia

O reconhecimento é um dos mais relevantes da literatura nacional

2 minutos, 31 segundos de leitura

04/11/2022

Por: Riviane Lucena, Embarque no Direito

Ciano Buzz concorre ao Prêmio Jabuti na categoria juvenil, com seu primeiro livro “As Casas de Unzó”.

Rivi Leite, Embarque no Direito

Um dos 10 finalistas do prêmio Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do Brasil, cedido pela Câmara Brasileira do Livro, é um jovem de 24 anos, morador da periferia da  zona leste de São Paulo. Ciano Buzz concorre na categoria juvenil, com seu primeiro livro “As Casas de Unzó”. O livro foi ilustrado por Cauã Bertoldo

Neste ano, a premiação contou com 4.290 inscritos, sendo que 10 foram selecionados na primeira fase em cada categoria. Em ‘Juvenil’ aparece a obra, publicada de maneira independente. Na próxima etapa, dia 8 de novembro, serão conhecidos os 5 finalistas e, no dia 24 de novembro, serão anunciados os vencedores do Prêmio Jabuti 2022.

Para ele, o momento atual em que vive abre brecha para reimaginar o futuro nas periferias. “O que mais nos é roubado por causa do capitalismo é o direito ao tempo. Ter tempo para entender nosso passado, presente e futuro é importante. Reimaginar o futuro tem a ver com entender que a favela vence quando a gente vence junto”, comenta. “Utopia é esperança. Se a gente não conseguir pensar em um futuro diferente a gente morre. A gente precisa ter uma utopia, mas isso só acontece coletivamente”, completa. 

A história conta sobre um menino que perdeu a casa e junto com a avó ficou sem ter onde morar. A ideia é também refletir sobre as ocupações e o direito à moradia, inclusive como esse direito foi violado durante a pandemia de Covid 19.  Na escrita, o autor quis tratar do tema de um jeito mais poético, com o uso de palavras de origem angolana e congolesa, países do continente africano, como dengo, caçula, zangado entre outras.  

Artista multimídia, candomblecista e LGBTQIA+, Ciano diz que sempre tem muitas ideias, anota tudo, e às vezes deixa engavetado. O livro era um desses projetos que escreveu em 2016, mas só em  2019 se inscreveu no VAI (Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais), da Prefeitura Municipal de São Paulo. 

Como já tinha o livro pronto, decidiu arriscar e foi um dos selecionados. Assim pôde dar vida ao projeto que ficou pronto em 2021. As 300 cópias que produziu estão espalhadas nas bibliotecas públicas municipais de São Paulo e nas bibliotecas das Casas de Cultura. Além disso, em 2023 será impresso em uma segunda edição pela editora Jandaíra e ficará disponível para compra. O jovem também gravou um disco que está disponível no Youtube

Ciano costuma se auto intitular como ‘Griô do Futuro’. Griôs são mestres de tradição oral, de acordo com as premissas africanas. Pessoas que obtêm e transmitem diversos tipos de conhecimento e são conhecidas como bibliotecas vivas. “Acredito que narrativas tem muito a ver com as formas de dominação e estruturas de poder, tem a ver com a gente retomar espaços. O futuro também, a forma que a gente narra é como a gente consegue mensurar possibilidades” explica.

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