‘Gripezinha’ acertou em cheio a classe C, diz economista
Para entender as transformações pelas quais a Classe C passou nos últimos anos é preciso relembrar o cenário anterior ao da covid-19, afirma Cleberson da Silva Pereira, pesquisador do Centro de Estudos Periféricos
“A sociedade estava em um cenário ruim, de baixas perspectivas econômicas, implantação do teto de gastos, diminuição das políticas públicas, desemprego, reforma trabalhista e aumento da informalidade. Quando começa a pandemia e não havia um plano que indicasse um rumo, a tal da ‘gripezinha’ acertou em cheio a Classe C”, analisa o economista Cleberson da Silva Pereira, pesquisador do Centro de Estudos Periféricos.
Com o fechamento do comércio e o distanciamento social, muitos perderam os empregos, especialmente os informais. Resultado: endividamento de pequenos comerciantes, i trabalhadores jogados na informalidade e status de sobrevivência no empreendedorismo. Para cidades como São Paulo, por exemplo, que passa por um processo de desindustrialização desde a década de 1990 e tem no setor de serviços uma das suas principais fontes de renda, esse cenário é acentuado, avalia Pereira.
As transformações dos últimos anos — Entre 2012 e 2014, a renda média do brasileiro saltou de R$ 1.417 para R$ 1.505, um crescimento de cresceu 6,2%. Em 2015, porém, ela começou a cair e chegou a R$ 1.458. Em 2021, a diminuição do auxílio emergencial no meio da pandemia e a inflação causaram a maior retração desde o início da série histórica: 6,9%. A renda foi a R$ 1.353, menor valor em uma década. Esses dados são do IBGE e refletem o dia a dia: na dificuldade de pagar as contas, os trabalhadores precisam buscar outras fontes de renda, vender bens e cortar investimentos importantes, como a educação dos filhos.
Quem está na classe C — A classe média pode ser definida como aquela que depende majoritariamente da renda do trabalho e está mais próxima da base do que topo da pirâmide econômica.
Segundo a Tendência Consultoria, neste grupo estão as famílias com renda mensal entre R$ 2,9 mil e R$ 7,1 mil. Para o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPS/FGV) compõe a classe C as rendas domiciliares entre R$ 2.284 e R$ 9.847. Já o Instituto Locomotiva divide esse grupo em outros três subgrupos (C1, C2 e C3) com faixa de renda individual que oscila entre R$ 579,70 e R$ 1.819,82.
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