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O valor da colaboração para o terceiro setor

Por: Carola Matarazzo, diretora executiva do Movimento Bem Maior, e Edu Lyra, fundador e CEO da Gerando Falcões . 20/10/2021

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O valor da colaboração para o terceiro setor

Sem trabalho coletivo, jamais iremos construir um país mais justo

O Brasil vem aprendendo a importância da colaboração para o sucesso de qualquer iniciativa social. Os últimos dois anos foram exemplares nesse sentido. Nosso país sentiu como poucos o impacto da pandemia, contabilizando até o momento 600 mil vidas perdidas, sem contar o crescimento exponencial do desemprego, da miséria e da fome.

Se mesmo assim não mergulhamos no caos social, devemos isso aos milhares de heróis e heroínas do terceiro setor, que estenderam a mão, de forma voluntária, para as parcelas mais carentes da população.

Quando sumiram as fontes de renda da periferia, esses profissionais estavam lá na linha de frente, garantindo comida, itens de higiene pessoal, máscaras, álcool em gel, material escolar e diversos outros tipos de ajuda.

Nosso poder público falhou em amparar os mais pobres com atendimento de saúde e renda emergencial suficiente para garantir uma vida digna. Logo, milhões de brasileiros e brasileiras só conseguiram atravessar os piores momentos da pandemia graças, sobretudo, ao poder da colaboração

Ao menos uma lição devemos tirar da crise atual: sem trabalho coletivo, sem união em torno de metas comuns, jamais iremos construir o país mais justo com que todos sonhamos. É preciso forjar uma aliança entre o governo, a iniciativa privada, a sociedade civil e o terceiro setor para concentrar esforços nas demandas reais dos mais necessitados. Colaborar, afinal, é também incluir os mais pobres nos processos decisórios, permitindo que eles definam estratégias, projetos e políticas públicas que irão impactar diretamente suas vidas.

Esse esforço requer novas lideranças sociais, o que, mais uma vez, depende da colaboração entre diversos atores do terceiro setor para sair do papel. Por isso, celebramos a parceria entre a Gerando Falcões e o Movimento Bem Maior, que completa um ano colhendo resultados promissores.

O objetivo dessa união é acelerar o programa de formação de líderes sociais mantido pela Gerando Falcões, por meio da Falcons University, ampliando, com isso, o impacto das ações de desenvolvimento social promovidas nas favelas. Após um ano de parceria, superamos expectativas, formando mais de 100 lideranças e inaugurando, somente até o final de 2020, 11 novas unidades da Rede Gerando Falcões, o que a fez dobrar de tamanho.

A Gerando Falcões está presente hoje em cerca de 720 favelas e conta com mais de 70 ONGs em seu ecossistema. A meta para 2023 é marcar presença em quase 3 mil favelas, inaugurar 100 unidades aceleradas para sua rede e, com a ajuda do Movimento Bem Maior, formar mil novas lideranças sociais.

São objetivos ambiciosos, mas viáveis para quem trabalha em equipe. Isso porque a troca de experiências torna nossas ações mais eficientes. Nenhuma entidade do terceiro setor tem expertise em todos os tipos de projetos. Logo, é preciso compartilhar conhecimentos, muito especialmente aqueles adquiridos na prática, para que redes solidárias inteiras possam replicar iniciativas exitosas.

Essa troca também melhora a governança das organizações sociais e de suas redes de apoio, permitindo ações mais concretas, com metas bem definidas, transparência e mensuração de resultados. Sem contar que boa gestão atrai mais apoio, inclusive financeiro, o que é indispensável para qualquer iniciativa solidária.

Colaboração é o que garante unir pessoas em torno de objetivos e ideais. A pandemia nos relegou uma crise econômica e social gravíssima, mas também deu pistas, por meio de incontáveis exemplos do poder transformador do trabalho coletivo, de como poderemos sair dessa crise. A construção de um país mais solidário passa pela colaboração entre diferentes atores sociais, unidos em torno do compromisso de extinguir a miséria, reduzir a desigualdade social e criar oportunidades nas periferias do Brasil.

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