‘Retratos do Brasil’ e outras paradas: #naperifaindica
Nesta seção, os jornalistas que escrevem para o Na Perifa contam o que têm visto, lido e escutado por aí, fazendo sugestões de rolês
Colaboração de Lucas Veloso
PODCAST TELEFONEMAS
Criado e apresentado pelo jornalista Vinicius Felix, o podcast de entrevistas Telefonemas tem formato de bate-papo. A cada episódio, Felix faz um “telefonema” para uma pessoa diferente e engata um bate-papo — a proposta é praticar “escuta ativa”, partindo do princípio que “a história de cada um tem uma chave para a gente entender a nossa própria história”. Passam por lá artistas da música, do cinema, da literatura, além de gente do mundo acadêmico, da tecnologia e das ciências sociais.
BRUNO BERLE
No episódio do dia 4 de setembro, o Telefonemas recebeu Bruno Berle, cantor e compositor de Maceió (AL), com um trabalho de pegada indie, influências do samba e batidas bem calmas. Saiu em julho o “álbum-sentimento” No Reino dos Afetos. Na conversa com Vinicius Felix, Berle conta que foi para dar vazão ao seu trampo que saiu de Alagoas para São Paulo. Ele também reflete sobre como o fato de ser negro influencia a trajetória. Imperdível.
A VISÃO DAS PLANTAS
O livro A Visão das Plantas, da escritora angolana Djaimilia Pereira de Almeida, narra uma parte da vida de Celestino, que no passado foi capitão de navio negreiro. Quando se aposenta, volta para casa — onde não há mais ninguém, só memórias — e resolve cuidar das plantas do jardim. São impressionantes a dedicação e o amor com que Celestino se relaciona com o mundo vegetal, sobretudo por causa de seu passado de violência e participação ativa na escravização. A história em si é muito contraditória, e por isso mesmo desconcerta, inquieta e envolve quem lê.
DALTON PAULA: RETRATOS BRASILEIROS
Para quem está por São Paulo, a dica é visitar a exposição Retratos Brasileiros, individual do artista visual Dalton Paula em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (Masp). A mostra, no subsolo, apresenta 30 retratos de líderes e mártires — pessoas negras importantes para a formação do Brasil e das quais pouco ou nada sabemos. Seus rostos foram recriados pelo artista que diz, em uma frase reproduzida na exibição: “[me inspiro nos rostos de] pessoas quilombolas, mais velhas, benzedeiros, raizeiras, lideranças, jovens, mestres griôs, como se estivesse tentando alcançar uma raiz mais profunda”.
Dalton Paula tem 40 anos e nasceu em Brasília. Antes de ser pintor, foi bombeiro. De carreira estabelecida, tem obras nos acervos do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) e do Instituto de Arte de Chicago. Para o Masp, ele doou recentemente 12 telas de Retratos Brasileiros. Acompanham os bonitos retratos as biografias de cada personagem. A exposição fica em cartaz até 30/10. Às terças e quintas-feiras, a entrada é gratuita.
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