“É indiscutível que teremos que lidar com mudança de perfil na frota [de ônibus]. Fará parte do perfil de frota das empresas ter parte dos ônibus a diesel e parte elétrica.” Com essa fala sobre descarbonização do transporte público, Francisco Christovam, presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) iniciou a coletiva de imprensa nesta terça-feira (6/8) do LATBUS, evento que discute o futuro do transporte público no Brasil.
O executivo afirma que a descarbonização é um futuro já dado como certo pelo setor. No entanto, existe mais de um modo de atingir esse objetivo. “Temos quatro rotas de descarbonização: energia elétrica vinda de bateria, hidrogênio, biometano e biocombustíveis. Dessas quatro, a que ganhou maior destaque foi a eletrificação”.
Leia também: ‘Eletrificação veicular global está no estágio de não-retorno’
O Brasil já conta com cerca de 400 ônibus elétricos rodando em diversas cidades. O grande destaque do País é São Paulo, com 171 veículos do tipo e 201 trólebus.
De acordo com Christovam, no Brasil a tecnologia necessária para a eletrificação de ônibus é dominada, contamos inclusive com fabricantes nacionais de ônibus elétricos. Porém, existem pontos que causam tensão e atrasam a renovação das frotas de ônibus nos municípios, por exemplo, o fato de um veículo elétrico custar três vezes mais que um equivalente a diesel.
O especialista ainda ressalta que “concessionárias adquirem veículos elétricos por obrigação, mas não têm condições de operar”. A falta de tensão em garagens, por exemplo, é outro grande desafio que atrasa a circulação desses veículos.
Por fim, Christovam finaliza sua reflexão afirmando que “comprar ônibus diesel é completamente diferente de implantar um sistema de ônibus elétricos”.
“O que precisamos é que não haja modismo. A única palavra que deve representar o futuro é a descarbonização. A forma como ela será alcançada é uma escolha do fabricante entendendo a demanda do cliente”, explica Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O especialista acredita que “teremos diversas soluções no Brasil e diversas rotas tecnológicas dependendo de cada município”. De acordo com ele, São Paulo, Rio de Janeiro, Estados do Nordeste e até mesmo ônibus interestaduais devem usar diferentes rotas para a descarbonização.
Leite exemplifica que na Europa ônibus com zero emissões que percorrem longas distâncias podem contar com dois sistemas, sendo movidos parte por uma bateria e parte por hidrogênio ou outro biocombustível. Uma solução similar pode ser a chave no Brasil, apesar de que “nas grandes cidades, provavelmente, a eletrificação terá um apelo maior”, acredita.