Descarbonização: logística ‘limpa’ e baterias mais eficientes recebem investimentos das empresas

Frota da JBS tem 281 caminhões movidos a bateria, sete vezes mais do que há três anos. Foto: Adobe Stock

29/04/2025 - Tempo de leitura: 5 minutos, 19 segundos

A descarbonização está em alta. O serviço de entregas nos centros urbanos feito por veículos elétricos vem ganhando adesão cada vez maior das empresas, convencidas de que os carros movidos a bateria são ideais para a logística de última milha, a etapa final da distribuição dos produtos ao comprador.

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Mas o trabalho de delivery não se restringe aos veículos com vocação comercial. Automóveis de passeio, como o recém-lançado BYD Dolphin Mini Cargo, também ganham adaptações para o e-commerce.

Já a empresa de alimentos JBS está nessa jornada há algum tempo e não hesita em aumentar sua frota de caminhões elétricos. E, a julgar pelos investimentos das fabricantes de bateria, todos os modelos ganharão mais autonomia em breve.

A CATL vive uma espécie de corrida pela eficiência energética e, recentemente, apresentou três soluções para estender o alcance dos elétricos. Confira a seguir.

Descarbonização com Dolphin Mini Cargo

A BYD adaptou o Dolphin Mini para o transporte e a entrega de pequenos volumes. Foto: Divulgação/BYD

O carro elétrico mais vendido do Brasil acaba de ganhar uma versão de carga. A BYD adaptou o Dolphin Mini para o transporte e a entrega de pequenos volumes. Com capacidade de levar 289 quilos na área livre de 2,1 m³, o Dolphin Mini Cargo é destinado à logística da chamada última milha, quando os veículos rodam principalmente nos centros urbanos. É mais um passo para a descarbonização da logística,

Com autonomia de 280 quilômetros, o compacto chinês é a nova alternativa da fabricante para frotas comerciais sustentáveis. Por fora, o carro não sofreu alterações. As mudanças aconteceram internamente: a BYD retirou o banco traseiro para abrir espaço às mercadorias das empresas de delivery, e-commerce e serviços técnicos, que operam em cidades onde existem restrições à circulação de automóveis com motor a combustão.

O Dolphin Mini Cargo é o primeiro passo da BYD no segmento de comerciais leves no País. A montadora pretende expandir sua atuação nessa área. “O hatch é uma proposta interessante às novas demandas da logística urbana, que buscam a sustentabilidade”, afirma Marcello Schneider, diretor de veículos comerciais e solar da BYD. “Queremos mostrar que a eletrificação é viável e vantajosa nas atividades comerciais de pequeno porte.”

Mas o Dolphin Mini Cargo não é a única opção da BYD para as entregas urbanas com veículos 100% elétricos. A empresa apresentou o caminhão eT5, apropriado para as operações de médio porte. O modelo amplia a presença da BYD no segmento de transporte comercial com emissão zero.

Com 185 quilômetros de alcance e capacidade de carga de 3.900 quilos, o eT5 vem equipado com motor de 145 kW de potência (o equivalente a 197 cv), freio regenerativo, controle de tração e sistema eletrônico de frenagem. A bateria de 99 kWh pode ser recarregada em apenas duas horas.

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Frota elétrica da JBS

As companhias brasileiras seguem investindo em veículos elétricos para o trabalho do dia a dia. Nos últimos três anos, a empresa de alimentos JBS multiplicou por sete sua frota, passando de 40 para 281 unidades. Ela calcula que, nesse período, 5,2 mil toneladas de CO2₂ deixaram de ser despejadas na atmosfera.

Segundo a empresa, o aumento da frota de veículos urbanos de carga (VUC) movidos a bateria extrapola o compromisso com a sustentabilidade. “Investir em soluções sustentáveis abrange a preocupação com o meio ambiente e a eficiência, o que contribui também para a melhoria dos serviços”, afirma Armando Volpe, diretor comercial da No Carbon, braço da JBS responsável pela aquisição dos veículos.

Ele destaca que, além de minimizar a emissão de CO2, os caminhões elétricos reduzem os custos operacionais e de manutenção em comparação aos modelos a diesel. “Os VUCs elétricos aproveitam até 90% da energia disponível, em contraste aos 30% do similar a diesel”, diz Volpe. “Com revisões mais rápidas, menos frequentes e até sete vezes mais baratas, a frota ganha em disponibilidade e produtividade.”

Com autonomia de 150 quilômetros, os caminhões JAC 1200 T transportam até 3 toneladas e são fornecidos com baús frigoríficos, que mantêm os produtos resfriados e congelados dentro das normas obrigatórias sem consumir a energia do próprio veículo.

Baterias da CATL

Uma corrida pela bateria mais eficiente está sendo travada pela indústria. Se, em março a BYD anunciou a Super e-Plataform – cuja recarga de cinco minutos lhe garante autonomia de 400 quilômetros –, a fabricante CATL deu o troco.

Assim, ela apresentou três inovações nessa área: a bateria Freevoy Dual Power com alcance de 1.500 quilômetros, uma nova geração de equipamentos com recarga ultrarrápida e a célula de sódio prestes a ser produzida já nesse ano.

A Freevoy Dual Power tem arquitetura de núcleo duplo, tecnologia que divide o componente em duas zonas de energia, utilizando materiais distintos. Essa estrutura alia alto desempenho e maior densidade energética e possui sistemas de proteção térmica e de gerenciamento de carga, conceitos empregados na aviação.

A CATL também desenvolveu a segunda geração da bateria Shenxing, que só precisa de cinco minutos de recarga para alcançar autonomia de 520 quilômetros. Mesmo se estiver praticamente descarregada, a nova versão consegue manter o desempenho de até 830 kW.

A terceira solução é a bateria de sódio, que deverá entrar em produção comercial em dezembro. A tecnologia à base de sódio prima pela estabilidade térmica e desempenho superior em ambientes frios. Testes realizados a 30°C negativos mostraram que a bateria carrega de 30% a 80% em apenas meia hora.

Se depender dos estudos e investimentos das fabricantes, a autonomia das baterias – ainda um calcanhar de Aquiles de quem almeja comprar um carro elétrico – é um temor bem próximo de acabar.

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