Carro elétrico: Empresas apostam no avanço da eletromobilidade no Norte e Nordeste
Novas fábricas e implantação de infraestrutura de recarga marcam o desenvolvimento da transição energética longe dos principais mercados do País
O fortalecimento da transição energética no Nordeste e no Norte do Brasil vem estimulando a programação de investimentos das empresas ligadas à eletromobilidade para as duas regiões.
Um exemplo é Fortaleza (CE), capital que vem registrando aumento acentuado nas vendas de veículos eletrificados a cada ano.
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Fortalecimento da eletromobilidade
Em 2022, foram 246 emplacamentos, número que aumentou para 937 em 2023, de acordo com levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), movimento que fomenta a eletromobilidade.
Como exemplo, de janeiro a setembro desse ano, 1.570 carros híbridos e elétricos saíram das concessionárias. Outras capitais, como Recife e Maceió, apresentam curva de crescimento semelhante.
A DCC Energy está próxima desse movimento do crescimento da mobilidade elétrica desde quando iniciou suas atividades, há três anos.
“Dessa forma, um ano antes, como usuário, notei que a mão de obra para colocar um ponto de recarga residencial é totalmente diferente da de instalar uma simples lâmpada de led dentro de casa”, afirma Daniel Carvalho, CEO da DCC Energy.
“Assim, enxergamos o potencial de criar a empresa – braço da DCC Automotive – e fizemos as primeiras inserções obedecendo todas as normativas existentes no setor.”
Em parceria com a Autel, empresa de sistemas de diagnósticos e análise de componentes eletrônicos, a DCC Energy começou o que ela chama de “revolução silenciosa” no Ceará. Segundo Carvalho, hoje ela já tem 30% de participação em serviços residenciais no Estado.
Até hoje, a DCC fez investimentos de R$ 3 milhões, mas, no próximo triênio, a estimativa é de desembolsar mais R$ 12 milhões. “Implementamos 50 estações de recarga no Estado do Ceará, que estão em plena operação, e almejamos instalar mais 50 em 2025”, destaca o CEO.
Publicidade nos eletropostos
Outra novidade da DCC Energy, que será inaugurada em novembro, é o hub de recarga no BS Design, polo financeiro e empresarial localizado em uma área nobre de Fortaleza. São 23 vagas com pontos de recarga AC de 22 kw e DC (ultrarrápido).
Carvalho relembra que quando a oferta de recarga ainda era gratuita nos estacionamentos de shoppings centers, por exemplo, a DCC adotou caminho inverso.
Dessa forma, ela já efetuava a cobrança, porém, reservando ao usuário a experiência de visualizar todas as informações sobre a operação. “Tivemos uma surpresa muito positiva, porque o cliente percebeu o diferencial do nosso serviço”, atesta.
Entetanto, com esse aval dos donos de veículos elétricos, a DCC seguiu sua estratégia de expansão. Conectou as principais rotas turísticas do Ceará, como a via que liga Fortaleza até Jericoacoara, e a praia de Preá, que está sendo chamada de “Caribe brasileiro”.
“Há um condomínio de alto padrão em Preá que só permite o acesso aos automóveis elétricos. Os carros com motor a combustão estacionam em um bolsão na parte externa”, revela.
Exemplos Brasil afora
Outra obra importante da DCC foi a instalações de estações DC na Rodovia BR-222 – de Fortaleza ao Piauí – a cada 110 quilômetros. O plano é ampliar o raio de atuação para outros Estados do Nordeste, como Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia.
Uma curiosidade dos pontos de recarga da DCC é o requinte dos aparelhos, que possuem telas de 22 polegadas nos carregadores DC e 70 polegadas nas estações de áreas comerciais.
Dessa forma, no hub do BS Design, haverá seis telas de 65 polegadas e duas de 22. “Vendemos espaço de publicidade para empresas interessadas em exibir seus produtos o tempo todo”, completa.
Produção de baterias
A Bravo Motor Company anunciou a intenção de construir uma megafábrica de células de baterias de lítio em parceria com as empresas Rockwell Automation, SMC e ABB, na cidade de São Sebastião do Passé (BA).
Com investimento de R$ 25 bilhões distribuídos ao longo nove anos, a fábrica será erguida em uma área de 400 mil m2, com previsão de entrar em operação daqui a dois anos e capacidade produtiva de um gigawatt/hora.
“A primeira fase do projeto vai gerar 450 empregos no desenvolvimento de um componente vital para a transição energética”, afirma o CEO da Bravo, Eduardo Javier Muñoz. “Já contamos com boa parte de recursos próprios e agora vamos completar o investimento com financiamento de bancos de fomento e capital de investidores privados.”
Entretanto, o executivo destaca que o mercado de baterias está se tornando bastante competitivo, ainda mais com a participação de grandes concorrentes, como a BYD. Mesmo assim, ele acredita na crescente demanda provocada por outros segmentos, como energia e máquinas.
De acordo com Muñoz, a fábrica atenderá prioritariamente veículos pesados elétricos (caminhões e ônibus) e, em segundo lugar, automóveis de passeio.
Fábrica da Livoltek
Os investimentos na eletromobilidade brasileira se estendem para a Região Norte do País. Como exemplo, a Livoltek, empresa fabricante de produtos solares e prestação de serviços, inaugurou sua fábrica no Distrito Industrial de Manaus (AM), em julho.
Assim, a unidade produz inversores para painéis fotovoltaicos e, numa segunda etapa, fará carregadores elétricos e baterias. As instalações de 18 mil m2 geraram 600 novos empregos diretos e dois mil indiretos. O aporte inicial foi de R$ 70 milhões, que poderá chegar a R$ 140 milhões nos próximos três anos.
“A Livoltek dá uma demonstração de que a eletromobilidade representa mais investimentos e postos de trabalho no Brasil”, afirma o CEO da Livoltek Brasil, Rui Cheng. “Os carros elétricos e híbridos, especialmente os plug-in, alimentam uma cadeia produtiva cada vez maior, com empresas nacionais e estrangeiras acreditando no País.”
Por exemplo, a Livoltek Brasil faz parte do grupo chinês Hexing, que já opera no Brasil há 14 anos, por meio da Eletra Energy Solutions, companhia baseada em Recife (PE) e que produz medidores de energia elétrica e água.
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