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Estudo aponta 6 megatendências para a transição energética global

Por: Mário Sérgio Venditti . 12/11/2024

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Planeta Elétrico

Estudo aponta 6 megatendências para a transição energética global

Documento elaborado pelo Energy Center destaca soluções tecnológicas e sustentáveis que poderão ditar o futuro da descarbonização

5 minutos, 8 segundos de leitura

12/11/2024

Paineis solares usados para recarregar eletropostos. Foto: Adobe Stock
Energia solar pode ser usada para carregar baterias de veículos elétricos nos eletropostos. Foto: Adobe Stock

Dez megatendências globais poderão ditar o ritmo da transição energética do futuro. Essa é a conclusão do relatório preparado pelo Energy Center, braço de energia da MIT Technology Review Brasil, plataforma de conteúdo e tecnologia que, por sua vez, está ligada ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), tradicional universidade dos Estados Unidos.

Leia também: Combustível do Futuro irá impulsionar a descarbonização no Brasil

O documento tomou como base os assuntos debatidos no Energy Summit, que discute anualmente os próximos passos da descarbonização e da sustentabilidade no Brasil e no mundo. Realizado no Rio de Janeiro em outubro, o evento reuniu representantes do governo, universidades, corporações, startups e investidores.

“As tendências revelam que a transição energética é uma grande oportunidade e deve ser conduzida com inteligência estratégica. Políticas públicas robustas e o envolvimento de outros setores, além do energético, serão essenciais para a implementação das inovações”, afirma Hudson Mendonça, vice-presidente de energia e sustentabilidade da MIT Technology Review Brasil.

Para ele, o setor de energia está em constante modificação, a exemplo do que aconteceu com a internet desde o seu início, há três décadas no País. “É uma transformação forte rumo à descarbonização, mas existem várias rotas possíveis”, argumenta.

Das 10 megatendências levantadas pelo Energy Center, seis estão relacionadas à eletromobilidade e poderão contribuir decisivamente para a transição energética. “Elas indicam um movimento em que as tecnologias e os recursos serão fundamentais para o desenvolvimento de soluções sustentáveis”, diz Mendonça. Confira:

1. Captura de carbono

A captura de carbono tem o papel crucial de diminuir as emissões de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera, especialmente em setores industriais, como automotivo, siderurgia e petroquímico. Para isso, políticas públicas e investimentos em ações como captura e armazenamento de carbono (CCS) e captura direta do ar (DA) serão decisivos para a descarbonização.

“Ainda são tecnologias extremamente caras, mas ficarão mais acessíveis com a produção em escala”, destaca. Avaliado em US$ 2 bilhões em 2022, o mercado de captura de carbono deverá evoluir para US$ 50 bilhões até 2030.

2. Eficiência energética com IA e IoT

A indústria automotiva estuda meios de aplicar a Inteligência Artificial (IA) como, por exemplo, na produção de baterias e na otimização do uso do veículo eletrificado para emitir menos poluentes.

Dessa forma, de acordo com o relatório, a IA em combinação com a Internet das Coisas (IoT) pode revolucionar a eficiência energética.

Essas tecnologias estão sendo utilizadas em sistemas de monitoramento em tempo real e viabilização de infraestruturas industriais, reduzindo desperdícios e melhorando o gerenciamento de redes elétricas. Como exemplo, o Energy Center indica que o mercado global de eficiência energética deve atingir US$ 154 bilhões até 2030.

3. Energia solar

A energia solar é uma realidade no setor automotivo. Absorvida por placas fotovoltaicas, ela é jogada para a rede que, em seguida, recarrega a bateria de veículos elétricos nos eletropostos.

“Quando não estiver em uso, a bateria do carro é capaz de gerar energia para residências ou ligar aparelhos eletrônicos”, acrescenta Mendonça.

Dessa forma, a tecnologia também pode proporcionar novos modelos de negócios, como sistemas de assinatura e comunidades solares.

4. Armazenamento de energia

Graças ao aumento da demanda por fontes renováveis, o armazenamento de energia é, atualmente, um assunto muito importante quando se fala em descarbonização.

Segundo Mendonça, o mercado global – que registrou US$ 10 bilhões em 2020 – deve crescer para US$ 55 bilhões até 2030, alavancado pelas baterias de íon-lítio e de estado sólido.

“A gestão do armazenamento ainda é crítica. Por mais que o processo de reciclagem esteja se desenvolvendo, o destino das baterias continua exigindo novos estudos”, destaca.

5. Hidrogênio verde

O hidrogênio está se consolidando como peça-chave na transição energética, com o hidrogênio verde ganhando destaque por ser produzido a partir de fontes renováveis.

“Ele apresenta densidade energética três vezes maior que a gasolina e o diesel”, compara. Trata-se, porém, de uma solução dispendiosa. Mesmo assim, o executivo da MIT acredita que até 2050 o hidrogênio verde represente 25% da produção global de hidrogênio.

6. Combustível sustentável de aviação

O combustível sustentável de aviação (SAF) surge como solução promissora para descarbonizar o setor aéreo. A produção global de SAF, que alcançou 300 milhões de litros em 2022, deverá representar 10% do combustível de aviação global até 2030.

Assim, devido à expertise de fabricar biomassa – material orgânico que se transforma em energia –, o Brasil é apontado como possível protagonista mundial na produção de SAF.

Brasil avança na mobilidade urbana

O Brasil ocupa a quarta posição na América Latina em eletromobilidade, atrás de países como Chile e Colômbia. O setor de ônibus elétricos também cresceu, embora esteja operando 444 veículos eletrificados, representando apenas 2,15% da frota urbana das cidades mapeadas.

Acesse o anuário aqui

Os resultados constam no 3º Anuário da Mobilidade Elétrica, uma iniciativa da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME). A apresentação da obra aconteceu no Ampère: Ecossistema da Mobilidade Elétrica no Brasil, fórum que estimula a implementação de soluções de eletromobilidade.

O avanço no País está associado à expansão da rede de eletropostos, que passa de 10 mil unidades. Assim, a infraestrutura de recarga encontra-se mais acessível, permitindo, por exemplo, uma viagem de 3.900 quilômetros entre Rio Grande do Sul e Bahia. 

“Nosso progresso tem sido expressivo, mas ainda modesto. Para que o setor ganhe escala, precisamos fortalecer a cadeia de valor das baterias e expandir a infraestrutura”, ressalta Lucas Dornelas, membro do time de prospecção e captação da PNME.

Leia também: Descarbonização do transporte público: ‘Não precisamos de mais projetos para a eletromobilidade’

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