União de startups fortalece infraestrutura de recarga para veículos elétricos no País
Criada por estudantes da Escola Politécnica da USP, Power2Go atraiu investimento que visa sustentar expansão da empresa

Uma aventura de quatro amigos com US$ 400 no bolso em Machu Picchu (Peru), em 1999, começou a esboçar uma grande parceria que se consolidaria 20 anos depois. Durante a visita às antigas ruínas da cidade inca, os futuros engenheiros, estudantes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli), já imaginavam juntar forças para fundar uma empresa.
Demorou duas décadas, mas a Power2Go, startup de soluções de recarga de veículos eletrificados, nasceu em 2019, no momento em que a indústria automotiva iniciava as importações de automóveis movidos a bateria com mais intensidade.
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De cara, ela identificou uma ótima oportunidade. “Os condomínios mais antigos, que não foram projetados para receber pontos de recarga, precisavam oferecer uma solução eficiente para quem comprava um carro elétrico”, lembra Tadeu Azevedo, CEO da Power2Go e integrante do quarteto fantástico de Machu Picchu.
Na ocasião, a empresa se viu diante de dois cenários desafiadores que, ao mesmo tempo, representavam uma possibilidade de expansão. Segundo Azevedo, o primeiro é que, no ambiente doméstico, todo veículo elétrico precisa de um ponto de recarga onde ele ‘dorme’.
O segundo era estar preparada para entrar no páreo com as concorrentes para construir uma infraestrutura com a média de um eletroposto a cada 10 carros. “Não são metas fáceis, porque precisávamos vencer as barreiras existentes no País, que engatinhava na eletromobilidade”, afirma.
Produção local
Para tentar se sobressair no mercado, a startup adotou um método de trabalhar diferente da maioria das empresas de tecnologia. Em vez de trazer da China os equipamentos de recarga inteiramente prontos, passou a fabricá-los no bairro da Lapa, na zona oeste de São Paulo.
A Power2Go se vale de uma placa integrada com 16 outros componentes, vindos de 17 fornecedores asiáticos. “Criamos uma plataforma com tecnologia de Internet das Coisas (IoT) para entregar uma solução fácil e inteligente”, revela o CEO. “Nos condomínios, por exemplo, o usuário também pode usar nosso aplicativo para desbloquear o aparelho, mas basta aproximar a tag que ele começa a funcionar.”
A plataforma da empresa leva em conta a disponibilidade da energia elétrica a fim de evitar sobrecarga e faz a cobrança individualizada. O equipamento também armazena o histórico de consumo de um período de trinta dias.
Azevedo destaca que até em países onde a eletrificação está mais adiantada – como China, Estados Unidos e Noruega –, há registros de pontos de recarga danificados ou desligados. “Para dar certo, a empresa precisar gerar valor e se comprometer com o cliente. É o caso do pioneiro sistema de locação de 36 meses do equipamento, lançado em 2020, e que tem a obrigação contratual de atender ao dono do carro seja aonde for”, garante.
O modelo de negócio da startup atraiu investidores, que injetaram R$ 15 milhões na empresa. “Na literatura do empreendedorismo, o motivo número um para uma empresa fracassar é a falta de alinhamento dos sócios”, salienta Azevedo.
Power2Go adquire E-Drive
Mais um passo importante da Power2Go foi dado recentemente, com a aquisição de outra empresa de infraestrutura de recarga, a E-Drive. Dessa forma, as companhias reúnem uma base de aproximadamente três mil pontos instalados e infraestrutura que atende a 60 mil vagas de estacionamento.
“Quem tem um eletroposto pode contratar nosso portfólio completo de soluções para gerenciar o local”, diz. “Para se ter uma ideia, administramos 500 pontos, com todo o suporte técnico, que não são nossos.”
Azevedo acrescenta que a integração das operações deverá aumentar a presença da Power2Go no mercado de casas, em concessionárias de marcas premium e em outros mercados estratégicos. “A marca E-Drive é um ativo de muito valor e será importante na expansão da recarga residencial”, diz Tadeu.
Na mais recente rodada de investimentos, a Power2Go captou R$ 3 milhões e agora conta em seu conselho de administração com as presenças de Eduardo Bartolomeo, ex-CEO da Vale, e Marcelo Behar, ex-vice-presidente de sustentabilidade da Natura, escalado para representar a empresa na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), em Belém (PA), em novembro.
Ao defender a máxima de que “nenhum negócio prospera se nascer para ser vendido”, Azevedo comemora a escalada da empresa, que lançou em setembro dois produtos: o EZPower 7.000 e o EZPower 7.000 Home, destinado à recarga residencial.
Além disso, a empresa prevê fechar 2025 com 80% a mais no faturamento em relação ao ano passado. “E, em 2026, queremos estar à frente de seis mil eletropostos”, planeja. Não há limites para os aventureiros de Machu Picchu.
WEG anuncia a construção de centro de mobilidade elétrica

A WEG, empresa de equipamentos eletroeletrônicos, anunciou a criação do WEG eMobility Center (WMC), estrutura voltada à assistência técnica especializada e à economia circular. A primeira unidade fica no parque fabril da companhia em São Bernardo do Campo (SP). O investimento será de R$ 12 milhões.
“A WEG eMobility Center reflete a estratégia da empresa, no sentido de oferecer serviços inovadores no setor de mobilidade elétrica”, afirma Carlos Bastos Grillo, superintendente de digital e sistemas da WEG. O centro oferecerá soluções completas, desde sistemas elétricos de tração e auxiliares, packs de baterias e estações de recarga, até serviços de manutenção.
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