Muita gente já passou por isso: você leva o carro na concessionária ou oficina para trocar determinada peça ou consertar algum problema e acaba aceitando outros serviços, sem necessidade. É a chamada “empurroterapia”, ou seja, o cliente entra no estabelecimento precisando de uma coisa específica e sai com várias outras para pagar.
A prática, condenável, é aplicada principalmente em clientes que pouco entendem de manutenção automotiva e acreditam no diagnóstico do mecânico. O padrão da “empurroterapias” é instalar uma peça nova no carro e sumir com a anterior. Mas a chance do golpe dar errado é grande se o dono do veículo pedir para levar o item trocado.
“Em qualquer tipo de relação comercial, um elemento essencial para o futuro da empresa é o respeito ao cliente”, afirma Cléber Willian Gomes, professor de engenharia automotiva da FEI.
“Quando alguém leva seu carro para um reparo, é importante que o centro automotivo esclareça os itens de manutenção que fazem parte de requisitos obrigatórios de troca, como filtros, óleo lubrificante e peças de desgaste. O cliente deve ter tudo isso bem claro e não sair da oficina com dúvida.”
Avaliações subjetivas, como óleo lubrificante escuro, e indicações sem justificativa técnica devem ser rechaçadas pelo consumidor. Na maioria das vezes, são sugestões sem embasamento e que representam lucro fácil para as oficinas.
“O melhor caminho é seguir o plano de manutenção descrito no manual do proprietário, mesmo após o período de garantia. Em caso de ruídos e condições anormais de funcionamento do carro, procure um profissional de confiança”, recomenda o professor.
A tentativa de “empurroterapia” é mais comum em alguns componentes do automóvel. Veja quais são e tome cuidado para não cair nessa armadilha:
O bico injetor é uma estrutura formada por um corpo cilíndrico e uma agulha móvel. Tem a função de armazenar combustível a altas pressões, que será liberado rapidamente em forma de spray pela agulha, a fim de ocorrer a mistura com o ar no coletor de admissão.
Segundo os fabricantes de peças e sistemas de injeção, os bicos são autolimpantes, pois raramente acumulam resíduos em sua estrutura. Além disso, quem abastece o tanque com combustível de qualidade dificilmente precisará desse serviço.
O sistema de purificação do carro filtra fungos e bactérias que vêm de fora. Como é uma estrutura constantemente úmida, os resíduos acumulados encontram um meio ideal para proliferação de micro-organismos. Alguns modelos não têm filtro e precisam de higienização com mais frequência.
Mas é possível que a higienização do ar-condicionado seja recomendada a cada ida à oficina. Saiba que para carros sem filtro, ela deve ser feita a cada 15 mil quilômetros. Nos veículos com filtro, é possível rodar até 30 mil quilômetros antes de fazer uma nova limpeza.
Se a substituição de uma peça for inevitável, o cliente tem o direito de escolher a de uma marca específica de pastilhas de freio ou lâmpadas, por exemplo. Fique de olho para que o profissional não instale um componente de fabricante desconhecido ou genérico, que certamente vai durar menos.