SUS gastou R$ 15 milhões por ano em acidentes com ciclistas
Nos últimos 10 anos, o número de acidentes envolvendo ciclistas aumentou 57%, totalizando 13,7 mil internações
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O Sistema Único de Saúde (SUS) gastou R$ 15 milhões por ano, nos últimos dez anos, em tratamentos para ciclistas feridos em acidentes. Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostra que o número de atendimentos hospitalares envolvendo esse tipo de ocorrência aumentou 57% no período analisado, passando de 1.024 em 2010 para 1.610 em 2019.
Os dados ainda revelam que, na última década, mais 13 mil ciclistas morreram após se envolverem em algum tipo de incidente, sendo atropelamentos a maioria deles (60%).
Antônio Meira Júnior, presidente da Abramet, defende que no trânsito o maior deveria sempre cuidar do menor; o motorista do carro deveria ter atenção redobrada em relação ao ciclista. No entanto, alerta que os ciclistas devem conhecer e cumprir as regras de trânsito: “Eles devem evitar transitar por vias que não oferecem infraestrutura adequada ou sem equipamentos de segurança previstos em lei, como proteção individual, lanternas, campainhas e espelhos retrovisores”.
Em 2020, só até junho, foram registradas pelo menos 690 internações no SUS. As vítimas do sexo masculino são maioria, chegando a 84% do total. Além disso, metade dos acidentados tinha de 20 e 49 anos de idade.
Os registros foram receptados pelo Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), ambos do Ministério da Saúde, e apontaram a urgência de medidas que disponibilizem mais segurança para quem usa esse meio de transporte.
Quarentena e uso de bicicletas
Com o isolamento social iniciado em março deste ano devido à pandemia do novo coronavírus, o número de veículos nas ruas caiu consideravelmente. Esse fato, porém, não foi suficiente para diminuir os acidentes envolvendo bicicletas. Há somente queda de 13% em relação ao mesmo período do ano passado, em um valor pouco expressivo, segundo Carlos Eid, coordenador do departamento de atendimento pré-hospitalar da Abramet.
Estima-se que o número esteja relacionado com o aumento da velocidade e da imprudência nas ruas, uma vez que a fiscalização diminuiu. Outro dado relevante é que a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) registrou aumento de 50% nas vendas em maio em comparação com o mesmo período do ano passado.
Esse crescimento pode ter sido causado pela preferência do ciclismo como atividade física e para evitar as aglomerações dos transportes coletivos, bem como pela elevação da demanda de serviços de entrega de alimentos durante a pandemia.
Falta de infraestrutura urbana e conscientização
Para a Abramet, as principais causas para o crescimento de vítimas são a falta de infraestrutura e de conscientização em campanhas educativas e preventivas. Meira Júnior complementa que reconhece que ao longo dos últimos anos houve melhorias na estrutura de algumas cidades, mas elas não acompanharam a crescente demanda de pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte, esporte ou lazer.
Para ele, é necessária mobilização por parte do poder público, com o apoio de entidades médicas, incluindo a Abramet, para criar ações conjuntas e efetivas. De acordo com a avaliação de médicos de tráfego, o uso de bicicletas no Brasil deixou de ser majoritariamente para lazer e prática de exercícios. Foi possível observar que a bike vem sendo adotado para atividades profissionais, como serviços de entrega, o que aumentou a proporção de ciclistas no trânsito.
Fonte: Abramet.
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