O cotidiano das pessoas é multimodal
A multimobilidade é tendência mundial e o avanço da tecnologia e criação de novos aplicativos tem impulsionado esse conceito, principalmente em centros urbanos.
3 minutos, 28 segundos de leitura
26/02/2021
A tendência global da multimobilidade nos centros urbanos é clara, apesar do impacto direto da pandemia no deslocamento das pessoas. Esse conceito foi acelerado pelas inovações dos aplicativos que oferecem serviços que facilitam a locomoção das pessoas, tornando cada vez mais comum o uso de mais de um meio de transporte para ir do ponto “A” ao “B”, levando em consideração o tempo e o custo do trajeto a ser percorrido. Seja para as atividades cotidianas ou nos momentos de lazer, muitas pessoas usam mais de um modal, como carro, aplicativos de transporte, ônibus, trem, metrô, bicicleta, patinete ou até mesmo a pé. Nesse cenário, também podemos acrescentar a variável do aluguel, que ganhou força nos últimos anos e, na minha opinião, os diversos modais são complementares e não excludentes.
Sou um exemplo de quem tira proveito da multimobilidade. No meu caso, uso o patinete próprio no caminho para o trabalho, mas, quando outros percursos incluem trechos mais longos, opto pelo carro e não deixo de lado o apoio dos aplicativos que ajudam a tornar os trajetos melhores e mais ágeis ao mostrarem tempo e opções de percurso.
E a minha realidade é compartilhada por muitas pessoas. Estudo do Webmotors Autoinsights do ano passado com participação de mais de 4,7 mil usuários das plataformas da Webmotors sobre como as pessoas se locomovem na maior parte do tempo mostrou que, além do carro e do transporte público, outras possibilidades já fazem parte do dia a dia das pessoas, como a bicicleta (12%), patinete (2%), aluguel de carro (11%), car sharing (6%) ou a opção de se deslocar a pé (27%).
Mas, quando questionados sobre como imaginam se locomover em 2050, o exercício trouxe projeções interessantes, pois, na visão dos participantes, o uso da bicicleta se manteve estável (13%), o patinete cresceu (5%), o aluguel de carro caiu (8%), o car sharing apareceu como grande possibilidade (13%) e a locomoção a pé mostrou queda (13%).
Mas, ao olhar para o “retrato” da multimobilidade, chama a atenção o uso que vem sendo dado ao carro. Em um passado não muito distante, as pessoas sentiam medo de entrar no carro de um “desconhecido”, e hoje o uso de veículos de aplicativo é frequente. O site da Uber, por exemplo, mostra que, desde a sua fundação em 2010, já conta com 103 milhões de usuários no mundo, sendo 22 milhões no Brasil, em mais de 500 cidades do País (mais de 10 mil cidades do mundo). Da mesma forma, embora o car sharing (ou compartilhamento de veículos) ainda enfrente barreiras pelo fato de muitas pessoas não estarem dispostas a abrir as portas dos seus carros para “estranhos” mediante um pagamento, como um aluguel, esse é um modelo que vem evoluindo e tende a ganhar cada vez mais adeptos de forma gradual, até mesmo com entrada de empresas nesse mercado. Ainda falando de aluguel de carros, muitas montadoras também têm entrado nesse filão e disponibilizado veículos por meio de um modelo de assinatura.
Percebemos, então, que as diversas opções de locomoção levam a multimobilidade muito além de ser somente uma “tendência” e a confirma como realidade, mas que apresenta muitas diferenças regionais no Brasil. Importante mencionar os impactos e ensinamentos da pandemia de Covid-19. Além da aceleração da digitalização em todas as nossas atividades, é possível enxergar outros movimentos em termos de mobilidade, como a opção pelo carro como um meio de transporte mais seguro para a saúde do que o transporte coletivo, mostrando que agora que a segurança está vindo antes do valor gasto, o que vem gerando interesse de novos compradores que antes não pensavam em ter um veículo, além de novos adeptos aos modelos de aluguel ou assinatura.
Passado esse momento, muita coisa nova deve aparecer e manter o ritmo acelerado da evolução da mobilidade, mas esse caminho vai passar pela integração dos meios de locomoção, em que não é mais um “ou” outro e sim um “e” outro.
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