Ouro Verde anuncia aquisição de 100 caminhões elétricos
Uma das maiores frotistas do País decidiu entrar na era da eletrificação
Há 48 anos no mercado, a Ouro Verde, especialista em gestão e terceirização de frotas, decidiu entrar na era da eletrificação. A companhia, controlada pela Brookfield, acaba de anunciar a aquisição de 100 unidades de caminhões elétricos. As primeiras oito unidades do JAC Motors iEV1200T já estão disponíveis, mas, segundo Cláudio José Zattar, CEO da empresa, as demais chegam ainda no primeiro semestre.
Uma excelente notícia para o segmento de transporte de cargas, que representa, anualmente, cerca de 4,62% das emissões totais (2,16 bilhões, em 2020) de tonCO2eq (toneladas de gás carbônico equivalente, resultado da multiplicação das toneladas emitidas de gases de efeito estufa pelo seu potencial de aquecimento global).
Signatária do Pacto Global da ONU (um acordo para que as empresas alinhem suas estratégias e operações aos Dez Princípios Universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção e desenvolvam ações que contribuam para o enfrentamento dos desafios da sociedade), a Ouro Verde investirá, em 2022, R$ 100 milhões na aquisição de veículos movidos a energia limpa, sendo que R$ 50 milhões têm como destino a eletrificação da frota. Esse valor faz parte de um aporte de US$ 60 milhões (cerca de R$ 300 milhões) para a consolidação de sua estratégia no mercado nacional
O Mobilidade Estadão conversou com Cláudio José Zattar para entender sobre a decisão, os desafios e como está sendo a aceitação dos clientes. Confira a entrevista:
Mobilidade: Por que a Ouro Verde decidiu entrar no segmento de veículos elétricos?
Cláudio Zattar: Nós temos o desejo de protagonizar a mudança de hábito do consumidor e essa consciência global por energia limpa. Quando construímos nosso programa de ESG (referência, em inglês, às práticas ambientais, sociais e de governança), colocamos desafios para que a nossa frota, gradualmente, migre para a energia limpa.
Como está sendo a aceitação dos clientes?
Zattar: No nosso caso, quem tem demanda e faz o contrato conosco é o cliente. Dessa forma, não podemos mudar a frota da noite para o dia porque eles possuem necessidades específicas. A gente apresenta as novidades, assessora com informações, mas a decisão final é deles. Percebemos que as empresas de logística e varejo têm mostrado bastante interesse porque as entregas nos grandes centros começam a exigir um novo formato. (O @Mobilidade Estadão publicou uma reportagem sobre esse tema. Veja aqui)
O custo do caminhão elétrico é bem maior que o da combustão. Vocês vão precisar mudar o modelo de negócio?
Zattar: Nosso modelo de negócio é financeiro. Devido à robustez de nossos controladores, temos acesso a um custo financeiro mais barato. O valor mais alto do ativo, certamente, é computado, mas colocamos tudo no planejamento. Além disso, consideramos a venda desse ativo lá na frente, quando terminar a locação, que será de um prazo bem mais longo.
Mas isso vai impactar no custo final do aluguel para o cliente?
Zattar: Para ele, não se trata apenas de uma questão financeira. Em resumo, se o cliente olhar, exclusivamente, para o custo, talvez não faça sentido. Mas, assim como temos pauta ESG, eles também possuem. Atualmente, os bancos estão muito atentos a essa pauta e as empresas que têm um programa nesse sentido conseguem linhas de crédito específicas, com menos custo financeiro.
Como será o modelo de negócio da frota elétrica?
Zattar: Será mais simplificado, porque esses modelos elétricos possuem um custo de manutenção bem mais baixo – menos componentes mecânicos, por exemplo. Quando a gente aluga um ativo, os custos entram na conta, e, no caso do elétrico, esses benefícios acabam gerando um equilíbrio.
Como será feita a recarga?
O custo do ponto de recarga e da energia em si será sempre por conta do cliente. A gente entra com o ativo e a manutenção. Cabe a ele fazer o estudo da utilização do veículo ponto a ponto, por causa da autonomia. Neste momento, contar com infraestrutura de rua é muito complicado.
Quem é o cliente que vai receber as primeiras oito unidades?
Será a Soluciona Logística, que, por sua vez, fornecerá os ativos para complementar a frota verde de uma grande empresa. Além desses elétricos, também forneceremos 20 modelos movidos a GNV. Até o final do primeiro semestre, completaremos as 100 unidades de caminhões elétricos, que serão fornecidas a outros clientes, que estão bastante entusiasmados com o projeto.
Como você avalia esse passo da Ouro Verde em direção à redução das emissões?
A visão de todas as empresas está muito convergente para utilizar essas práticas de energia limpa. Estamos preocupados com a nossa geração e as próximas. Temos que nos preocupar com o ar que respiramos, com as condições climáticas, que já mostram sinais preocupantes.
Atualmente, contamos com uma frota de 26 mil carros leves e outras nove mil unidades de caminhões e equipamentos pesados, mas sabemos que a eletrificação é um caminho sem volta. Quero olhar daqui a um ano e ver o quanto a Ouro Verde contribuiu para essa pauta. Não há mais espaço para quem não tiver essa visão. Os clientes e a sociedade vão nos cobrar isso.
A Ouro Verde em números
Fundação | 1972 |
Situação societária | Capital social da Ouro Verde é composto exclusivamente por ações ordinárias, administrado e gerido pela Brookfield |
Total de veículos | 35.447 |
Total de veículos leves | 26.372 |
Total de veículos pesados | 9.075 |
Número de funcionários | 1.400 |
Receita líquida em 2021 | R$ 917,2 milhões |
Investimento em 2022 | R$ 300 milhões |
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