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Combustível alternativo para caminhões é desafio no Brasil

Por: Jessica Marques . 11/10/2019

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Combustível alternativo para caminhões é desafio no Brasil

O setor de transporte de cargas ainda é dependente do diesel. A principal alternativa viável é o gás natural

3 minutos, 21 segundos de leitura

11/10/2019

Por: Jessica Marques

O gás natural pode ser obtido por meio da exploração de reservas ou de importação. Foto: iStock

O uso de combustíveis alternativos para o transporte de cargas ainda é apontado por especialistas como um desafio no Brasil. Conforme evidenciado pela greve dos caminhoneiros em maio de 2018, o setor é totalmente dependente do diesel, um combustível fóssil não renovável.

Segundo John Paul Hempel Lima, coordenador dos cursos de engenharia da Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP), as principais alternativas ao diesel são o gás natural e o etanol, por serem fontes de energia renovável.

O gás natural pode ser obtido por meio da exploração de reservas ou de importação. Além disso, é possível produzir biogás por meio de decomposição biológica de matéria orgânica. Nesse caso, o gás é transformado em biometano, que pode ser utilizado para gerar energia.

“A gente também tem visto uma mudança de posicionamento das empresas com a chegada dos carros híbridos e elétricos, mas para o transporte de cargas isso vai demorar mais. O peso das baterias ainda é muito grande e a eficiência é muito baixa”, avalia o especialista.

Etanol vs gás natural

O uso do etanol para o transporte de cargas não é viável por conta do rendimento. De acordo com Lima, o combustível exigiria muitas paradas para abastecimento, o que afetaria a logística.

Por sua vez, o gás natural possui uma tecnologia pronta e eficiência energética satisfatória para a atividade. Essa é a visão de Marcelo Mendonça, diretor de estratégia e mercado da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).

“O gás natural pode ser usado imediatamente. A tecnologia de armazenamento de bateria dos veículos elétricos, por sua vez, será desenvolvida nos próximos 30 anos”, afirma o diretor.

Na visão de Mendonça, o uso do gás natural demanda programas e incentivos que auxiliem na implementação desta tecnologia no setor de transporte de cargas. Uma das soluções, segundo o diretor, seria a implantação de corredores logísticos de abastecimento de caminhões nas principais rodovias do País.

Atualmente, o gás natural veicular (GNV) disponível nos postos demandaria a instalação de compressores específicos para atender a vazão do abastecimento de veículos pesados. Apenas com esses equipamentos os caminhões poderiam trocar o diesel por este combustível renovável.

Desenvolvimento de tecnologias

Apesar de ainda não haver infraestrutura suficiente para o uso do combustível no transporte de cargas do Brasil, a Scania será a primeira fabricante a ter produção de caminhões movidos a GNV, biometano ou gás liquefeito no país. O veículo já foi homologado e a expectativa da montadora é realizar a entrega das primeiras unidades em abril de 2020.

Por sua vez, a FPT Industrial trabalha há mais de 25 anos com tecnologia própria para utilização do gás como fonte de energia e informou estar preparada para a demanda que pode ser gerada no setor de transportes a partir do desenvolvimento de infraestrutura e rede de distribuição. 

No Brasil, a empresa, em parceria com a Iveco, desenvolveu veículos movidos a GNV que passaram por testes. “Os países da América do Sul têm uma enorme disponibilidade de gás natural e não existe motivo para não explorar esse mercado e trabalhar para conquistar novos clientes neste segmento”, afirma André Faria, especialista de Marketing Produto da FPT Industrial.

Com relação a caminhões elétricos, a BYD apresentou as primeiras unidades em 2015. Segundo Adalberto Maluf, diretor de Marketing, Sustentabilidade e Novos Negócios da empresa, a partir de 2020 serão lançados modelos para logística, distribuição de bebidas, mineração e construção civil. 

“Investir em combustíveis alternativos é uma questão de segurança energética para o País, contribuindo para a redução de poluentes e ruídos”, avalia.

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