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Pneus: segurança é tudo

Por: Patrícia Rodrigues . 26/03/2020
Mobilidade com segurança

Pneus: segurança é tudo

A importância e a manutenção desses itens que cumprem várias funções no veículo. A segurança é a principal delas

9 minutos, 17 segundos de leitura

26/03/2020

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Raquel Sanches Granja, 65 anos, motorista de transporte escolar: “Tenho que oferecer a máxima segurança às crianças que transporto. Por isso, sempre confiro os pneus da van”. Foto: Marco Ankosqui/Estadão.

Não é exagero dizer que os pneus estão entre os itens mais importantes para a segurança do motorista e dos passageiros. Afinal, são os únicos pontos do veículo em contato direto com o solo, suportam toda a carga e absorvem os impactos do terreno. Eles também influenciam no comportamento dinâmico de um carro e, ao contrário do que muita gente pensa, são eles que param o veículo (e não os freios, que param as rodas). São responsáveis, ainda, pelo desempenho e pela economia.

Segurança para as crianças

Quem roda muito sabe tudo isso na prática, como Raquel Sanches Granja, motorista de transporte escolar há 23 anos. “É uma tarefa de imensa responsabilidade e, por isso, a manutenção tem de ser a nossa melhor amiga para garantir a segurança das crianças e o meu instrumento de trabalho sempre nas melhores condições”, enfatiza.

Veículos que fazem paradas frequentes para embarque e desembarque estão mais sujeitos a choques contra o meio-fio, que, assim como os buracos, danificam os pneus. Para esses, a calibragem semanal é essencial, preferencialmente com os pneus frios – inclusive o do estepe.

“A pressão correta contribui para a segurança, para o aumento da vida útil do pneu e para a economia de combustível, um dos itens de maior importância para quem tem um negócio no segmento de transporte e percorre grandes quilometragens diariamente”, alerta Rafael Astolfi, gerente de assistência técnica da Continental, fabricante alemã de pneus presente no Brasil há mais de 20 anos com produtos e serviços para veículos de passeio, incluindo light trucks e SUVs, comerciais e para aplicações industriais.

Para se ter uma ideia, um pneu com 3,0 psi (ou libras) de pressão abaixo da recomendada vai aumentar em até 2% o consumo de combustível – se uma van percorrer 30 mil quilômetros em um ano com calibragem abaixo da recomendada, chega a desperdiçar um tanque de 55 litros.

Manutenção é tudo – mesmo!

“As boas condições dos pneus proporcionam o aproveitamento total dos sistemas de suspensão, transmissão, tração, direção e frenagem”, explica Roberto Ayala, supervisor de engenharia de vendas da Bridgestone, a maior empresa de pneus e borracha do mundo e com produtos em mais de 150 países.

Além disso, a manutenção preventiva do veículo impacta nos pneus, uma vez que amortecedores, molas, freios, rolamentos, eixos e rodas atuam diretamente sobre eles. O balanceamento, alinhamento e rodízio são fundamentais para que os veículos rodem sem trepidações ou desvios involuntários. Rodas desbalanceadas danificam os pneus, comprometem a sua vida útil, os componentes da suspensão, o dinamismo do carro e o conforto dos ocupantes.

“É preciso alinhar a suspensão e balancear os pneus sempre que o veículo sofrer impactos fortes, na troca de pneus, quando eles apresentarem desgastes irregulares, ao serem substituídos componentes da suspensão, quando o veículo estiver “puxando” para um lado ou a cada 10 mil quilômetros”, reforça Ayala.

Durabilidade e vida útil

No entanto, o estilo de direção do motorista, a velocidade, as freadas fortes e mudanças bruscas de direção afetam diretamente a durabilidade e a vida útil desses itens, assim como o excesso peso, que compromete a estrutura do pneu e aumenta o risco de danos ou de alterações estruturais. A Pirelli, especializada exclusivamente em pneus para carros, motos e bicicletas e fornecedora exclusiva do Campeonato Mundial de Fórmula 1, tem entre seus mandamentos a verificação também do lado interno do pneu (o que fica para dentro do veículo), especialmente após impactos e/ou identificação de desgastes irregulares.

E, no caso do aparecimento de uma bolha em qualquer uma das laterais, a troca deve ser imediata. Outro alerta dos especialistas é evitar estacionar sobre manchas de óleo, pois o contato do pneu com derivados de petróleo ou solventes ataca a borracha, fazendo com que ela perca suas propriedades físico-químicas e mecânicas.

Motos: cuidados redobrados

Foto: Getty Images.

De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), em janeiro, as vendas de pneus para motos apresentaram alta de 3,3% para o mercado de reposição, quando comparadas ao mesmo período do ano passado. “Motos têm se tornado uma opção de transporte muito relevante para o brasileiro: questão de renda e economia, pelo custo do transporte público, ganho de tempo, fugir do trânsito em grandes centros, aumento de seu uso especialmente no Norte e Nordeste, em detrimento de outros modais e, há algum tempo, pelo crescimento das empresas de logística e aplicativos que fazem das motos o seu principal veículo para entregas, especialmente entre os mais jovens”, avalia Klaus Curt Müller, presidente da associação.

No caso das motos, o cuidado com os pneus exige atenção dobrada ou triplicada. “Qualquer acidente costuma ser bem mais grave ou fatal. A motocicleta não permite falhas dos pneus, pois qualquer redução de performance desses itens ameaça todo o sistema do veículo e a vida do motociclista”, explica.

O primeiro ponto para a segurança é não utilizar pneus reformados ou remoldados, prática proibida por lei desde 2004. “As carcaças desses pneus não foram projetadas para reformas e qualquer mudança representa perigo de vida”, alerta. “É preciso saber há quanto tempo o pneu está em uso e fazer a verificação visual para detectar desgastes irregulares, existência de bolhas, fissuras, rachaduras por ressecamento, coisas que, em geral, todos os condutores estão aptos a realizar.”

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Falta de cultura preventiva

Como a qualidade da frota melhorou muito nos últimos anos, o brasileiro “está mais confiante” em postergar a manutenção preventiva, que se alia à falta de recursos financeiros e à falta de vistoria/fiscalização efetivas – para todos os tipos de veículos. “Com motos isso é pior, coloca em risco a todos. Quando falamos de motos utilizadas para trabalho, qualquer investimento na moto impacta na renda desses condutores.

Criou-se um modelo de entregas de tudo, que é uma válvula de alívio na questão do desemprego, mas não formas de proporcionar acesso a novas motocicletas ou à manutenção. Sabe-se que, majoritariamente, as motos abaixo de 200 cc são utilizadas para serviços e, sem facilidades para mantê-las em bom estado, os acidentes acabam impactando muito nos serviços de saúde, na perda de mão de obra, na perda de vida de jovens. É uma conta muito alta.”

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“Comecei transportando crianças para a escola há 23 anos, primeiro com ônibus. Depois de três anos, optei pela van, mais econômica e confortável. A minha Peugeot Boxer 2010 não é só meu instrumento de trabalho como a garantia de segurança para as crianças que transporto entre os bairros de Santa Cecília, Higienópolis, Barra Funda, Perdizes e Jardins.

É um trabalho de responsabilidade. Toda semana calibro os pneus e um borracheiro de confiança checa a existência de possíveis cortes e objetos perfurantes. Dirijo bem devagar, não faço arrancadas bruscas, o que também ajuda na durabilidade. Já tive pneus que duraram quatro anos.

“Sempre utilizo os originais, mais caros, mas mais resistentes. Como rodo muito, escolher os mais baratos não compensa: têm borracha mais mole, desgastam mais rápido e tenho que trocar mais vezes. Pesquiso preços, parcelo o pagamento e, se encontro diferenças pequenas, opto pelas lojas conhecidas que dão assistência.

É possível utilizar os reformados (que podem até durar mais que um novo), mas atualmente não vejo vantagem (R$ 350 contra R$ 520 de um novo). A cada dois meses, reviso a suspensão, muito prejudicada pelos buracos nas ruas. Se não há nenhuma intercorrência, a cada seis meses faço uma revisão completa para trocar as peças necessárias e deixar o carro nos trinques.”

“Sempre uso pneus originais mais caros, mas mais resistentes.”

Raquel Sanches Granja, 65 anos, é motorista de transporte escolar.

O básico da manutenção

De acordo com Rodrigo Alonso, gerente sênior de vendas e marketing da Dunlop no Brasil, a calibragem, o alinhamento e o balanceamento são rotinas básicas e muito eficientes para a segurança do veículo.

Enquanto a calibragem garante a pressão correta dos pneus, o alinhamento é responsável pela estabilidade e a correção dos ângulos da suspensão e da direção do veículo – o que mantém o desgaste dos pneus uniforme, garantindo maior durabilidade. “Já o balanceamento equilibra o peso do conjunto de rodas e tem como objetivo eliminar as vibrações do volante e o consequente desgaste prematuro dos pneus”, explica.

O que as marcas oferecem

Foto: Divulgação

BRIDGESTONE TURANZA T005: Desenvolvido para proporcionar maior controle e frenagem em condições adversas, sobretudo em pista molhada, o modelo oferece maior segurança e conforto na condução, seja na cidade, seja em estradas.

CONTINENTAL VANCONTACT TM AP : A banda de rodagem reforçada do VanContact TM AP oferece proteção adicional contra cortes, rasgos e penetração de pedras, combinando maior durabilidade com uma maior quilometragem e capacidade de carga.

DUNLOP EC300+: Conta com tecnologia sustentável – Sun System, pneus sem emendas nos componentes de borracha –, o que garante baixo consumo de combustível, além de oferecer conforto ao dirigir, maior durabilidade e melhor frenagem em todas as superfícies.

GOODYEAR CARGO MARATHON 2: Opção que tem cobertura de 90% nas vans e nos utilitários da frota nacional. Quando comparado ao modelo antecessor, o Cargo Marathon 2 é mais silencioso (5%), superior em dirigibilidade (5%) e melhor na aderência da frenagem em piso molhado (4%), oferecendo melhor experiência, maior conforto e segurança ao dirigir, além de melhora significativa na resistência ao rolamento (10%).

PIRELLI – DIABLO™: Os pneus esportivos para motos utilizam o mesmo composto SC2 dos modelos de corrida de pista seca para oferecer a aderência típica dos produtos de competição. Isso garante a robustez e a versatilidade necessárias na estrada.

O que fazer para os pneus durarem mais

Calibrar os quatro pneus e o estepe semanalmente quando estiverem frios e conforme a pressão recomendada pelo fabricante do veículo (veja no manual do proprietário, na coluna da porta do motorista, na tampa do reservatório de gasolina ou na tampa do porta-malas). Nunca altere a pressão enquanto eles estiverem quentes devido à utilização, pois a pressão normalmente se altera devido ao aquecimento;

Balancear as quatro rodas a cada 10 mil quilômetros, na troca de pneus e sempre que forem sentidas vibrações;

Fazer o rodízio de pneus a cada 10 mil quilômetros, no máximo, ou de acordo com o manual do fabricante do veículo ou dos revendedores (pneus radiais: 8 mil quilômetros rodados; e veículos com pneus diagonais: a cada 5 mil quilômetros).

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