Flip 2022 destaca escritora negra Maria Firmina dos Reis, autora do romance abolicionista ‘Úrsula’
Flip 2022 destaca escritora negra Maria Firmina dos Reis, autora do romance abolicionista ‘Úrsula’
A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) anunciou a programação da sua edição de 2022. A escritora negra Maria Firmina dos Reis (1822-1917) será a autora homenageada no evento. Maria Firmina escreveu Úrsula (1859), romance que inaugurou no Brasil uma literatura abolicionista.
Um dos principais festivais literários do Brasil, a Flip 2022 ocorre de 23 a 27 de novembro, em Paraty. A 20ª edição será presencial. Os ingressos vão custar R$ 120 por mesa de debate, mas é possível ver pelo telão sem pagar.
Outros destaques deste ano são a participação de Saidiya Hartman, escritora, professora da Universidade Columbia e uma das principais referências intelectuais da diáspora africana, e da francesa Annie Ernaux, de 82 anos. Ela é autora de livros como O Lugar, Os Anos e O Acontecimento, sucesso de crítica e de público.
Nomes como Lilia Schwarcz, Cida Pedrosa, Ricardo Aleixo, Veronica Stigger, Geovani Martins, Amara Moira, Ricardo Lísias, Carol Bensimon, Cidinha da Silva, Cristhiano Aguiar e Tamara Klink, figuram entre os convidados brasileiros.
Entre os internacionais, estão a antropóloga francesa Nastassja Martin, autora de Escute as Feras, sobre como foi ter sido atacada por um urso enquanto estudava povos que habitam regiões remotas da Sibéria; a cubana Teresa Cárdenas, a argentina Camila Sosa Villada, a americana Ladee Hubbard e o chileno Benjamín Labatut, que lançou recentemente no País Quando Deixamos de Entender o Mundo.
VEJA A PROGRAMAÇÃO DA FLIP 2022, QUE CELEBRA A AUTORA NEGRA MARIA FIRMINA DOS REIS
OS CURADORES DA FLIP
A curadoria é compartilhada entre Fernanda Bastos, que é jornalista, tradutora e cofundadora da editora Figura de Linguagem, casa negra e independente de Porto Alegre; Milena Britto, professora na Universidade Federal da Bahia com pesquisas nas áreas de gênero, literatura e estratégias de legitimação no campo literário; e Pedro Meira Monteiro, professor brasileiro na Universidade de Princeton, onde fundou, com João Biehl, o Brazil LAB (Luso-Afro-Brazilian Studies).
MARIA FIRMINA DOS REIS, AUTORA HOMENAGEADA
Serão dedicadas duas mesas à autora, que foi professora primária no Maranhão, escreveu uma vasta obra, morreu em 1917 sem o devido reconhecimento e que vem sendo redescoberta nos últimos anos, com novas leituras.
Antes das suas mesas para discutir o legado da autora negra, em outubro a Flip realiza, em parceria com o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, um ciclo de debates.
INGRESSOS DA FLIP
Os ingressos para a 20º Flip vão custar R$ 120 e poderão ser adquiridos pelo site do evento (ainda não há informação sobre o início da venda). Em 2019, os ingressos custaram R$ 55. São 500 lugares por encontro. É possível assistir, sem custo, pelo telão.
PROGRAMAÇÃO
Serão 17 mesas de debate, com a presença de autores brasileiros e estrangeiros. Pela primeira vez, haverá uma homenagem a um intelectual vivo – além da que será feita a Maria Firmina dos Reis. A fotógrafa documentarista paraense Nay Jinknss vai celebrar a obra da fotógrafa Claudia Andujar na mesa Livre e Infinito, na sexta, dia 25. E na hora do jogo Brasil X Sérvia na Copa do Mundo, não vai ter debate. Saiba mais.
FESTA LITERÁRIA DAS PERIFERIAS
Em 2018, a Festa Literária das Periferias (Flup) já havia colocado Maria Firmina dos Reis em seu lugar de protagonista. Na época, houve até um concurso de retratos da autora, que tem poucos registros históricos e já foi confundida com uma mulher branca — a imagem usada para ilustrar o artigo sobre a Maria Firmina no site da Fundação Palmares, por exemplo, muito difundida em outros lugares, já foi alvo de contestação. O retratista João Gabriel dos Santos Araújo, que participou do concurso da Flup 2018, é o autor da ilustração em destaque nesta reportagem.
A tempo: em fevereiro de 2022 o evento abordou o modernismo negro. A organização define o festival como “festa literária internacional cuja principal característica é acontecer em territórios tradicionalmente excluídos dos programas literários, na cidade do Rio de Janeiro”. (Expresso na Perifa)
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