Ações de instalação e gestão de eletropostos estão em expansão
Parcerias e novas empresas se movimentam para aumentar infraestrutura de recarga dos carros elétricos
Não será por falta de iniciativas na instalação de eletropostos e de gestão da tecnologia que o mercado brasileiro deixará de vender veículos elétricos. É cada vez maior o interesse de empresas e startups de investir no segmento.
De olho no potencial desse modelo de negócio, a startup Spott chega ao mercado prometendo “simplicidade, facilidade e economia para o ecossistema dos carros elétricos”. A Spott foi concebida pelo empresário Rica Legname, que acompanhou, durante quatro anos, o desenvolvimento da Fórmula E, categoria de automobilismo disputada só por carros elétricos.
Ele detectou problemas no cenário atual: “Os custos para a implantação de pontos de recarga são altos e o retorno do investimento é nulo ou demorado. Os motoristas encontram pouca disponibilidade e falta de informações claras na hora de usá-los”.
Para criar a Spott, Legname se juntou a três empreendedores com expertises complementares: Thiago Moreno, Rodrigo Tobias e Renato Vicentini. A startup logo atraiu o interesse do piloto Nelson Piquet Júnior, campeão da Fórmula E, na temporada 2014/15, que se tornou investidor do projeto.
“Vivemos uma revolução no setor automotivo, e o futuro pertence aos automóveis elétricos. Os fatores que colaboram para a transição são benefício ao meio ambiente, eficiência energética e economia”, revela Piquet.
Plataforma de gerenciamento
Segundo Legname, a infraestrutura de carregamento é engessada, com fornecedores que trabalham de acordo com interesses individuais, o que atrapalha a expansão. O motorista, por sua vez, precisa de várias interfaces para carregar o veículo, além das dificuldades de pagamento e de entender o tempo de recarga.
A prioridade da Spott é acabar com o problema gerencial do carregamento, com interface inteligente e intuitiva para quem oferece o carregador e a energia. Por isso, desenvolveu o Charge Management System (CMS), plataforma de gerenciamento da infraestrutura dos carregadores, com a possibilidade de cobrança pela energia e pelo uso do equipamento.
“O gerenciador traz relatórios, dados, em tempo real, da operação dos carregadores, recebimento da receita das recargas direto na conta e otimização da atividade”, afirma Renato Vicentini. “Queremos dar suporte a modelos de negócio inovadores e melhorar a experiência do cliente.”
A Spott integrou, na plataforma, a tecnologiaSmartSpott, que garante estabilidade e disponibilidade dos carregadores.
“O recurso permite que os operadores instalem até três vezes mais carregadores, pois consegue administrar a carga conforme o uso. Ou seja, ele mede, ininterruptamente, a energia consumida e a distribui, igualmente, entre os pontos de recarga”, garante Rodrigo Tobias.
Por um aplicativo gratuito, o motorista visualiza a localização, o acesso e a disponibilidade dos carregadores conectados à rede Spott, monitorando a recarga, em tempo real. O aplicativo funciona com diversas redes de eletropostos e guarda informações como histórico de valores e consumo de KW/h.
Brasol em cena
Outras ações estão em andamento. A Brasol, empresa do grupo Siemens especializada em soluções de energia, desenvolveu um serviço customizado de carregamento para veículos elétricos e geração de energia solar limpa na modalidade, chamado de “charging as a service” (CaaS). O CaaS contempla infraestrutura, instalação dos carregadores, fornecimento de energia limpa, operação e manutenção dos equipamentos.
Com ele, o cliente do setor industrial ou comercial não precisa comprar e gerenciar os equipamentos da Siemens, que ficam sob a responsabilidade da Brasol durante o período de contratação.
Os carregadores podem alimentar veículos leves, caminhões e frotas de ônibus de 30 kW a 300 kW. Também conseguem recarregar veículos em sequência, com o fornecimento de equipamentos que se adaptam à estrutura.
A Brasol fornece a infraestrutura que receberá os carregadores da Siemens, em contratos de cinco, sete ou dez anos. “O cliente paga um aluguel e provê a energia limpa de placas fotovoltaicas que alimentará os carregadores”, diz Ty Eldrige, CEO da Brasol.
Parceria entre BYD e E-Wolf
As montadoras também sabem que não adianta vender carros elétricos sem contribuir com a infraestrutura. A BYD Brasil e a E-Wolf, empresa que atua no segmento de carregadores, anunciaram parceria que ampliará a oferta de aparelhos portáteis, Wallbox, carga rápida e serviços especializados na instalação de pontos de recarga.
“O acordo oferecerá aos clientes suporte profissional na instalação dos pontos de recarga”, salienta Henrique Antunes, diretor de vendas e marketing da BYD.
Segundo Thiago Castilha, diretor de marketing da E-Wolf, ter a BYD como aliada é essencial para avançar nas soluções da eletromobilidade. “Vamos evoluir nos negócios, crescer no faturamento e incorporar valor agregado à nossa marca”, comemora.
Prefeitura de Jundiaí investe em carros elétricos
Não são apenas os consumidores que engrossam as vendas de veículos elétricos. Órgãos públicos também buscam esse tipo de solução. No começo do ano, a Prefeitura de Jundiaí (SP) acrescentou cinco Renault Kwid E-Tech à sua frota.
Segundo a prefeitura, eles deixarão de emitir 16 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano. “A compra reforça a preocupação da cidade com o meio ambiente”, afirma Luiz Fernando Machado, prefeito de Jundiaí.
O investimento foi de R$ 592 mil, mas o projeto para a aquisição dos carros começou, há um ano e meio, com a instalação de dois pontos gratuitos de recarga, no paço municipal. Para utilizar o sistema, o interessado deve apenas fazer o cadastro, na prefeitura.
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