De acordo com a Honda, a mudança a 1ª e 2ª marchas foram modificadas para proporcionar uma aceleração mais suave em partidas e baixas velocidades. Os modelos agora também vêm com bagageiro traseiro feito em alumínio como item de série.

No restante, a Africa Twin 2023 traz todas as melhorias e equipamentos do modelo que chegou ao Brasil em 2021 – leia o teste aqui.

Honda produz Africa Twin 2023 DCT no Brasil

A grande novidade mesmo fica por conta da nacionalização das versões DCT. Antes importados do Japão, os modelos com câmbio de dupla embreagem agora passam a ser produzidos na fábrica da Moto Honda da Amazônia em Manaus (AM). Aliás, vale destacar, que se trata da primeira unidade fabril da Honda no mundo a montar o sofisticado câmbio fora do país de origem da marca.

A boa notícia é que, em função disso, os modelos dotados de câmbio de dupla embreagem não sofreram aumento de preço. A versão standard com DCT tem preço sugerido de R$ 88.100, o mesmo do modelo 2022. Já a Africa Twin 2023 Adventure Sports DCT, topo de linha, chega às lojas por R$ 109.130.

Entretanto, de acordo com a fabricante japonesa, a principal vantagem da produção local é conseguir atender a demanda pelas versões DCT. Segundo alguns concessionários, enquanto os modelos com câmbio convencional sobravam nas lojas, havia filas pelas Africa Twin DCT.

Com mais disponibilidade das versões DCT nas lojas, a Honda espera incomodar a imbatível BMW R 1250 GS, líder isolada entre as bigtrail. Para se ter uma ideia, em 2022, a BMW vendeu 5.334 unidades da GS; enquanto a Honda produziu apenas 1.062 Africa Twin.

Certamente, a falta do produto nas concessionárias prejudica as vendas e a nacionalização do modelo deve ajudar a Africa Twin a melhorar sua posição no ranking de vendas de motos bigtrail.

Mas é otimista demais pensar que seja esse o único problema, pois a Honda precisaria vender cinco vezes mais Africa Twin para bater a GS. Afinal, a R 1250 GS é uma excelente moto, além de ser referência entre as aventureiras. Também carrega o símbolo azul e branco da marca bávara, sinônimo de status e motos caras.

Preço e versões Africa Twin 

Tratando-se de preço, a bigtrail da Honda ficou um pouco mais competitiva. Mesmo as versões com câmbio “manual” que tiveram aumento de cerca de 7%.

O preço sugerido da Africa Twin 2023 “de entrada”, ou seja, com tanque menor e câmbio “manual”, passou de R$ 75.510 para R$ 81.100. Já a versão Adventure Sports com o mesmo câmbio foi de R$ 95.440 para R$ 102.130. Já as versões DCT, que mantiveram o preço de 2022, saem por R$ 88.100 e R$ 109.130, na versão mais equipada, a Adventure Sports DCT.

Vale lembrar que são preços de tabela e não incluem frete, seguro e podem variar de acordo com o Estado. Também não entra na conta o valor que as concessionárias Honda costumam adicionar nas etiquetas de preço do showroom.

Todos os valores abaixo dos praticados pela BMW para a R 1250 GS, que vai de R$ 109.500 a R$ 131.500, na versão Adventure Triple Black 719.  Ou seja, o problema não é exatamente o preço. Embora eu acredite que quem paga tudo isso em uma motocicleta não faz sua escolha em função de uma diferença de 10% ou 20% no valor final.

Bigtrail esbanja tecnologia

A questão também não é tecnologia embarcada. Afinal, a versão topo de linha da Africa Twin, que custa quase o mesmo que um SUV de entrada, ofereça o que há de mais moderno e atual em termos de eletrônica.

Suspensões com ajuste eletrônico, modos de pilotagem, controle de tração, ajuste do freio motor, níveis de entrega de potência são apenas alguns do sistemas de auxílio à pilotagem presentes na bigtrail da Honda. Isso sem esquecer do painel com tela colorida de TFT que tem Android Auto e Apple CarPlay para conectar o smartphone.

Além, é claro, do câmbio DCT, tecnologia exclusiva da Honda. Seu funcionamento fica melhor a cada geração, com trocas de marchas rápidas e quase imperceptíveis. Também existem mapas do câmbio, que podem deixá-lo mais esportivo ou comportado. E, para quem quiser, ainda pode-se trocar as marchas manualmente, por meio de “borboletas” no punho esquerdo.

Talvez os motociclistas mais radicais e fãs do off-road “raiz” ainda torçam o nariz para a nova tecnologia. Contudo, para a grande maioria dos usuários de bigtrail, que costumam fazer longas viagens, com bagagem e garupa, o câmbio DCT é uma facilidade indiscutível. Ainda permite, curtir a estrada sem se preocupar em reduzir ou subir as marchas: só acelerando a curtindo a paisagem.