Se, no mundo da compra convencional a Volkswagen (marca que produz modelos para atender ao público em geral) não se mistura com Jaguar, Land Rover e Audi (que fazem veículos mais sofisticados para clientes abastados), na modalidade de assinatura a marca “do povo” acabou entrando para a elite dos automóveis. Aí a escolha fica por conta do cliente, porque não se trata mais de questão de preços.

A releitura da velha senhora (que a VW chama agora de “nova senhora”) une tecnologia com saudosismo. O formato quadrado de linhas simples e funcionais do veículo lançado no final dos anos 50 permanece, mas todo o resto mudou. Em vez do som metálico do motor boxer a gasolina, a ID. Buzz emprega um motor elétrico (igualmente na traseira) de 204 cv – bem mais que os 80 cv do modelo 1.4 flexível, que a perua utilizou até sair de linha no Brasil, há dez anos.

Além da propulsão elétrica, que inclui ainda uma bateria de 77 kWh – suficiente para uma autonomia nominal de 420 km, segundo a marca -, a nova Kombi traz itens como faróis direcionais e lanternas de LEDs, revestimento interno com materiais reciclados e sistemas de condução e estacionamento semi-autônomos.

Mensalidade 70% maior que a do ID. 4

A ID. Buzz é o segundo modelo da Volkswagen oferecido apenas por assinatura. O primeiro foi o SUV ID. 4, também elétrico, e disponível por mensalidades a partir de R$ 9.990. Embora compartilhem a mesma plataforma elétrica (MEB) e a tecnologia semi-autônoma, o ID. 4 não tem a mesma – digamos – herança genética e o fator emocional associados à ID. Buzz, o que explica em parte a diferença de 70% na mensalidade. Isso porque o ID. 4 está sendo oferecido apenas em contrato de 24 meses (franquia de 1.500 km). Em condições semelhantes de prazo e franquia, a ID. Buzz sobe para R$ 16.990 por mês. O lote inicial da nova Kombi tem apenas 70 unidades.

Requinte britânico

Com seu programa Subscribe, a JLR passou a ser a segunda marca premium a oferecer a modalidade de assinatura (a Audi foi a pioneira, com seu programa Audi Signature).

Embora o Range Rover SV 4.4 V8 coloque as coisas em seus devidos lugares hierárquicos, com mensalidades a partir de R$ 54.398,70 (plano de 36 meses e 1 mil km de franquia, incluindo blindagem), a empresa oferece opções mais em conta – a “preço de Kombi”.

Por R$ 13.069,50, o Evoque SE 2.0 flexível tem 249 cv, 37,2 mkgf de torque (a partir de 1.300 rpm), faz 0 a 100 km/h em 7,6 segundos e chega a 230 km/h de máxima. O câmbio automático tem nove marchas e o  SUV também traz sistemas de condução semi-autônoma, incluindo manutenção em faixa e frenagem automática.

O Jaguar E-Pace R-Dynamic (R$ 14.079,60, por 36 meses) utiliza o mesmo motor 2.0 do Evoque, mas tem câmbio de oito marchas. Faz 0 a 100 km/h em 7,5 s e alcança 229 km/h.

Disputa no clã alemão

Além de posicionar a ID. Buzz numa faixa em que se encontra a nobreza inglesa, a Volkswagen acabou encontrando também a Audi, uma marca que ocupa o “andar de cima” na hierarquia do grupo alemão. É o caso, por exemplo, do e-tron, primeiro modelo 100% elétrico da montadora de Ingolstadt. Por R$ 13.099 por mês, no plano de 36 meses, o SUV da Audi tem dois motores elétricos, que juntos geram 408 cv (o dobro da oferecida na ID. Buzz), torque de 67,7 mkgf (ante 31,6 mkgf da nova Kombi) e bateria de 95 kWh (77 kWh no modelo da VW). Com isso, o e-tron dispõe de tração 4×4, faz 0 a 100 km/h em 5,7 segundos e chega a 200 km/h de máxima. A ID. Buzz vai a 100 km/h em 10,2 s e chega a 145 km/h. Decididamente, como a velha senhora, a nova versão também não tem pressa. E nem o interessado precisa ter. Os números e a história estão aí. Basta analisar com a razão e – por que não? – com a emoção.