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Apenas 40% das cargas transportadas no Brasil são rastreadas

Por: Redação Mobilidade . 30/01/2024

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Apenas 40% das cargas transportadas no Brasil são rastreadas

Segundo informações da CargOn, empresa da área de monitoramento, em 6 de cada 10 viagens feitas no País, transportador não sabe status da operação

5 minutos, 1 segundo de leitura

30/01/2024

Containeres em um centro logístico_foto Freepik
Maior parte da carga transportada no Brasil viaja ‘no escuro’, sem nenhum tipo de monitoramento, diz o CEO da CargOn, Denny Mews

A indústria tem controle de sua produção durante o período em que ela permanece dentro das instalações da empresa. A partir do momento em que ela atravessa a porta, na maioria dos casos ela fica “no escuro”. A afirmação é do fundador e CEO da CargOn, Denny Mews, que garante que cerca de 60% das cargas transportadas no Brasil não são rastreadas.

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Isso quer dizer que as empresas não sabem em que ponto do trajeto as mercadorias se encontram, nem quando chegará ao destino, que pode ser uma outra indústria, comércio ou o cliente final.

Segundo Mews, isso ocorre porque os sistemas são segmentados, e não há uma padronização. “Hoje, o sistema está muito evoluído na entrega last mile (a fase final do trajeto, a entrega ao cliente final)“, diz o empresário.

Por outro lado, ele garante que no transporte da indústria para outra indústria ou de indústria para uma varejista – que representa o transporte de cargas maiores e mais caras – ainda há pouca tecnologia por trás da operação, apesar dos valores envolvidos.

Cenário positivo

Citando estudo da consultoria TechNavio, a CargOn informa que o setor de logística nacional deve crescer quase 10% nos próximos quatro anos. Até 2027, seria um incremento de US$ 11 bilhões nesse mercado. Mews diz que conviveu com essa deficiência durante os anos em que ocupou o cargo de diretor de tecnologia de uma das maiores transportadoras do Brasil.

Mencionando dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o executivo diz que 70% das empresas de transporte no Brasil têm no máximo cinco veículos, o que ,em sua opinião, torna o setor “muito fragmentado”. “Imagine que uma indústria tem 10, 15, 20 transportadoras, mais os motoristas autônomos, trabalhando para ela. Isso gera uma desorganização tremenda, uma falta de processos.”

“As grandes empresas têm como se organizar, e o que elas determinarem as transportadoras aceitam. Mas, daí para baixo, as empresas não conseguem”, diz. O executivo diz que os fabricantes se sujeitam a esse tipo de prestação de serviço. “A indústria precisa do serviço ruim que o transportador dá.”

Ele acrescenta que essa foi a razão que o motivou a iniciar, em 2020, a CargOn, startup voltada à digitalização e padronização do processo. “Algumas tecnologias têm foco no rastreamento, outras em documentos fiscais”, informa. “Nós organizamos tudo com os parceiros, normalmente transportadores, incluindo disponibilidade de carga, negociação de preços, definição de quem vai fazer o quê, emissão de documentos fiscais e rastreamento, até a entrega final.”

“Vamos imaginar duas indústrias que vendem matéria-prima uma para a outra. Uma produz um (componente) químico e entrega para outra, que faz o produto final. São linhas de produção, e exigem tempo mais apertado, porque o transporte é parte do processo de produção”, diz. Mews informa que a indústria normalmente não tem sistema para organizar as operações relacionadas à logística. “O que ela faz é auditoria”, afirma. Na prática, isso significa que ela só toma conhecimento da falha quando o problema já aconteceu.

Sem acompanhamento do roteiro entre as duas indústrias, o executivo diz que a linha de produção para, sem que o empresário saiba o que está ocorrendo. “A carga atrasa e você não sabe quanto (tempo) vai atrasar. Só sabe quando efetivamente estiver atrasado”, diz.

Para solucionar o problema, Mews diz que desenvolveu uma tecnologia de predição, que sempre atualiza horário. Com ela, o executivo dgarante que, durante o trajeto, já é possível saber se haverá algum atraso. “Com isso, a indústria que está esperando matéria-prima consegue se ajustar na linha.”

Segundo ele, em algumas situações é impossível evitar atrasos. “No caso de acidente entre Curitiba, onde eu estou, e São Paulo, para tudo. Mas é possível saber onde a carga está, quando vai chegar”, exemplifica.

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Redução de custos

O empresário garante que com a adoção da tecnologia é possível obter redução de custos de até 50%, graças à padronização de processos e análise de dados. Segundo ele, às vezes acontece de a empresa manter uma equipe de cinco pessoas negociando carga por WhatsApp e por telefone. Com a digitalização do processo, Mews garante que é possível efetuar esse tipo de tarefa com uma ou duas pessoas “no máximo”.

Pelo lado do transportador, ele afirma que a digitalização também traz muitas vantagens. “Agiliza muito, porque o motorista não precisa ter planilhas extras de controle. Nossa plataforma cuida de tudo.”

Assim, de acordo com ele, como emite toda documentação fiscal para o transportador e integra as operações, ele garante que “nada sai do contratado”. “Tem transportador recebendo ‘a’ e um recebendo ‘b’ para a mesma rota, porque não há sistema, não há gestão.”

Segundo Mews, por meio de aplicativo, o motorista, é informado sobre o horário que tem de sair, o horário que deve chegar ao destino, tem o controle da jornada e não precisa se preocupar com emissão de documentos fiscais. “Só tem de dirigir.”

Ele afirma que, às vezes, o transportador tem certa relutância em adotar a tecnologia. “Ele quer ter liberdade, mas após o uso ele entende que é melhor para ele. Trabalha com preço definido, não tem burocracia”, diz.

Sobre as perspectivas para a atividade, Mews garante que, diante de um mercado sem “nenhuma automação”, as projeções são boas. A startup, que faturou R$ 1 milhão em 2021, planeja saltar para R$ 23 milhões este. “O processo de digitalização está só começando. Tem um universo gigante pela frente.”

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