América Latina e as transformações na sua mobilidade
Em todo o mundo, vemos que as mudanças mais necessárias são de infraestrutura e que demandam muitos recursos
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13/10/2020
“No mês passado, foi comemorado o Mês da Mobilidade com ótimas reflexões aqui, no Mobilidade Estadão. Peço licença para estender a celebração até o começo de outubro, por causa de um evento importante: o UITP Latin America Week, a primeira edição digital, como pede o momento, do encontro regional da União Internacional de Transporte Público. Nir Erez, CEO do Moovit, esteve presente, falando pela primeira vez exclusivamente para a região, o que mostra a posição estratégica que a América Latina ocupa para a empresa.
O Moovit nasceu em Israel e foi pensado desde o início para ser uma ferramenta global. Ainda assim, meus colegas israelenses se surpreendem com a rápida popularidade conquistada pelo aplicativo na América Latina, e o crescimento acelerado no Brasil. O Moovit encerrou seu primeiro ano presente em 12 cidades brasileiras; em 2017, já estava em todas as capitais; e, hoje, são quase 500 localidades, um movimento parecido com o que foi visto na Argentina, na Colômbia, no México e nos outros 20 países em que estamos presentes no continente.
É curioso apontar as razões para isso. Ouço muito sobre como o perfil voluntarioso dos povos latinos, de uma vontade de ajudar sua cidade, que se encaixou no espírito colaborativo do Moovit. Isso é refletido na dimensão da nossa comunidade de editores e embaixadores, os mooviters, na América Latina, a maior do mundo, e sua apaixonada dedicação em colaborar e mapear cidades de diferentes portes. A Cidade da Guatemala, adicionada há poucas semanas, é uma das capitais inteiramente mapeadas pelos usuários.
Espírito voluntarioso
Esse contexto ajuda a superar os principais desafios da mobilidade. Em todo o mundo, vemos que as mudanças mais necessárias são de infraestrutura e que demandam muitos recursos, algo que atinge uma escala ainda maior na América Latina. Dentro do mesmo espírito voluntarioso, o setor privado acaba buscando soluções para suplantar esses problemas estruturais, muitas delas oferecidas pela Mobilidade como um Serviço (ou MaaS).
Um exemplo é o impacto dos aplicativos de caronas compartilhadas pela América Latina, e como isso transformou a forma de circular em cidades médias e grandes da região, nos últimos dez anos. São soluções que não usam recursos públicos, e que se tornam cada vez mais populares – incluo, entre elas, também os serviços de micromobilidade e mobilidade compartilhada.
Há dados para sustentar isso. Pesquisa recente feita pelo Moovit mostrou uma migração do transporte público para carros durante a pandemia, sem tendência de queda nos próximos meses. Em algumas cidades, como Fortaleza e Porto Alegre, o uso de aplicativos quintuplicou nos últimos meses.
Solução híbrida
Vejo isso como uma abertura a uma solução híbrida para a circulação de pessoas. Acredito que o transporte público sob demanda, com rotas, horários e tarifas variáveis, e com o uso inteligente de dados, fará parte da próxima grande transformação na mobilidade latina. Um modelo mais eficiente do que um motorista conduzindo um ou dois passageiros, e que seja rápido, fácil de usar e, sobretudo, acessível.
É algo que pode ser 100% privado, como já acontece em alguns lugares do mundo, ou um modelo misto, com participação do Estado. Vejo isso se encaixando também na multimodalidade das viagens, algo que cresce em todo o mundo.
Esses serviços sob demanda alimentando sistemas de transporte de massa, como algo de primeira/última milha. Mais uma evidência de como a região está disposta a usar sua criatividade e inovação para testar o novo e superar velhos problemas.”
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