Sete entre 10 mulheres motoristas de aplicativo têm filhos

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Sete entre 10 mulheres motoristas de aplicativo têm filhos e dividem o tempo com tarefas domésticas

Por: Isabel Lima . Há 1 min atrás
Mobilidade para quê?

Sete entre 10 mulheres motoristas de aplicativo têm filhos e dividem o tempo com tarefas domésticas

Além da dupla, ou até tripla jornada, pesquisa revela que 93% das motoristas dizem que passageiras preferem mulheres ao volante

5 minutos, 17 segundos de leitura

16/07/2025

Pesquisa revela o contexto e percepções de mulheres motoristas de aplicativo em capitais do Brasil. Foto: terovesalainen/Adobe Stock
Pesquisa revela o contexto e percepções de mulheres motoristas de aplicativo em capitais do Brasil. Foto: terovesalainen/Adobe Stock

Uma pesquisa realizada pela 99 em parceria com a consultoria Think Eva traçou um panorama da rotina e dos desafios das mulheres motoristas de aplicativo no Brasil. O levantamento, feito com 878 mulheres em seis capitais brasileiras, mostra que sete em cada dez motoristas são mães e que, para 79% delas, a direção por aplicativo é a principal fonte de renda. Além disso, 93% das motoristas afirmam perceber que as passageiras se sentem mais seguras quando são conduzidas por mulheres.

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Aliás, outro dado relevante é a diferença entre a percepção de risco das motoristas ativas e das potenciais motoristas. Enquanto 51% das motoristas em atividade relatam medo de assédio sexual, entre as que ainda não dirigem o número chega a 90%. Essa diferença, conforme o estudo, revela a importância do acolhimento e da informação sobre as ferramentas de segurança disponíveis no aplicativo.

Jornada de trabalho de mulheres motoristas de aplicativo

O estudo revelou que a escolha pelo trabalho com aplicativo acontece, na maior parte das vezes, por necessidade. Muitas motoristas entram na plataforma em um momento de vulnerabilidade, como após um divórcio, uma demissão ou a chegada de um filho. Para 49,5% das motoristas, a rotina da direção é compartilhada com os cuidados da casa e da família. Ou seja, inclui desde os afazeres domésticos até a atenção com filhos e parentes idosos.

Além disso, a possibilidade de definir o próprio horário aparece como um dos principais motivos que levam as mulheres a optar pela profissão. De acordo com a pesquisa, 78,1% consideram a flexibilidade essencial e 73,1% destacam a importância do ganho imediato. Esse formato permite que elas parem, por exemplo, para levar um filho ao médico, algo que o mercado formal nem sempre viabiliza.

“Preciso parar de trabalhar para cuidar da minha filha e não tenho constrangimento com isso. É diferente do que seria em um emprego com horário fixo”, contou uma das motoristas durante os grupos focais da pesquisa.

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Segurança no trabalho das mulheres motoristas de aplicativo

A segurança é um fator central na experiência das motoristas e um dos principais motivos de preocupação. Três em cada quatro motoristas (75,9%) relatam sentir mais riscos por serem mulheres. Entre os medos mais citados estão o risco de assaltos e paradas em locais vazios (74,9%), insegurança no trânsito (60,2%), assédio de passageiros (56,5%) e assédio sexual (51%).

Embora apresente receios, o estudo apontou uma redução significativa no medo após o início da atividade. Antes de começar, 21% das mulheres relatavam medo elevado de dirigir por aplicativo. Com o tempo, esse número cai para 6,3%. Para a 99, o resultado é fruto da experiência prática e do uso das funcionalidades de segurança do aplicativo.

As motoristas afirmam que a plataforma oferece mais informações sobre as viagens e os passageiros, o que aumenta a sensação de segurança. Para 30,3% das entrevistadas, a 99 é o app mais seguro do mercado. As condutoras citam como diferencial a transparência do app, que informa detalhes da corrida, da forma de pagamento e das regiões de risco.

Entre as ferramentas oferecidas estão o botão 99Mulher, que permite às motoristas aceitarem apenas corridas com passageiras mulheres, o monitoramento em tempo real das rotas, a gravação de áudio durante a corrida e o compartilhamento de trajeto com contatos de confiança. Além disso, existe um sistema de alerta automático para mudanças de rota ou paradas longas, que aciona a central de segurança da empresa.

A 99 também investe em inteligência artificial para prevenir riscos. O modelo Pítia, por exemplo, conecta passageiras em situações de maior risco, como corridas noturnas ou em locais sensíveis, a motoristas mais bem avaliados. Já o sistema Athena envia mensagens educativas e de prevenção aos motoristas designados para essas corridas.

A visão das passageiras

A presença de motoristas mulheres no volante é percebida como um fator de segurança também pelas passageiras. Conforme a pesquisa, 93% das motoristas relataram notar que as passageiras ficam mais tranquilas quando é uma mulher dirigindo. Essa sensação é similiar a das próprias passageiras, que se sentem menos expostas a situações de assédio ou violência.

“Se pudesse escolher, seriam sempre motoristas mulheres. Muitas falam do medo de serem assediadas ou levadas para algum lugar e serem estupradas ou mortas”, disse uma das motoristas entrevistadas em Fortaleza.

O dado reforça a importância de aumentar a participação feminina no setor de transporte por aplicativo. De acordo com o levantamento, 33% das mulheres que ainda não dirigem dizem que considerariam se tornar motoristas caso se sentissem mais seguras, número que sobe para 40% após conhecerem as iniciativas de segurança da 99.

Além das tecnologias, a empresa firmou parcerias com o poder público para ampliar a proteção das mulheres. Uma das iniciativas é a colaboração com o projeto Cabine Lilás, da Secretaria da Mulher do Estado de São Paulo, que oferece vouchers de corrida gratuitos e assistidos para mulheres em situação de violência. Até julho, 179 mulheres já foram atendidas pela parceria.

Outro exemplo é a adesão ao protocolo “Não Se Cale”, que orienta motoristas e passageiras sobre como pedir ajuda em casos de violência. As informações estão veiculadas dentro do app para toda a base de usuários.

Caminho para mais mulheres motoristas de aplicativo

O programa 99 Mais Mulheres, criado em 2017, chegou a uma nota etapa em 2025. De acordo com a empresa, o investimento em segurança ultrapassa R$ 75 milhões só neste ano, incluindo melhorias no aplicativo e ações de apoio às motoristas.

A expectativa é que essas medidas contribuam para ampliar a participação feminina no setor e transformar a mobilidade em um ambiente mais seguro e inclusivo. “A construção de cidades mais seguras para as mulheres exige colaboração entre empresas, poder público e sociedade civil”, afirma Maíra Liguori, diretora da Think Eva.

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