Morte zero: descubra o que Helsinque fez para eliminar os óbitos no trânsito no último ano
Especialista em mobilidade comenta medidas adotadas pela capital da Finlândia que poderiam ter resultado positivo no Brasil

Em julho de 2025, Helsinque, capital da Finlândia, celebrou a marca de 1 ano sem registro de mortes em acidentes de trânsito. Com população de 690 mil habitantes, e em torno de 1,6 milhão na região metropolitana, a cidade é a mais populosa do país nórdico.
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Os bons resultados em segurança viária se devem, sobretudo, à implementação do conceito de Visão Zero há mais de uma década. A metodologia foi criada na Suécia no final da década de 1990 e adotada como política nacional naquele país em 1997. Ao longo do tempo, foi sendo implementado em outras localidades.
Com uma abordagem de sistema seguro para a segurança viária, o Visão Zero prega que nenhuma morte no trânsito é aceitável.
Assim, se tornou um movimento global para prevenção de mortes e ferimentos graves. Usando, para isso, uma série de recursos técnicos para que as vias sejam as mais seguras possíveis.
“Com a adoção do Visão Zero há alguns anos, as sociedades dos países nórdicos passaram a dividir a responsabilidade do trânsito com o poder público”, diz Sérgio Avelleda, coordenador do núcleo de mobilidade urbana do Insper.
Zero mortes em Helsinque: iniciativas implementadas
De acordo com o especialista, uma caraterística marcante dos países nórdicos é a cultura de prevenção. “Lá motoristas, pedestres, ciclistas e outros atores do trânsito são educados para perceberem os riscos inerentes da atividade do trânsito”, explica.
A redução dos limites de velocidade, medida que funciona em conjunto com o redesenho das vias, tem obtido resultados positivos na capital da Finlândia.
“Assim, a arquitetura das ruas, feita para que os carros não consigam acelerar muito, é um exemplo de responsabilidade compartilhada entre sociedade e o poder público”, pontua Avelleda. Lá, grande parte das vias têm limite de 30 km/h, e com reduções adicionais em áreas escolares.
A fiscalização também tem papel de destaque, atuando de forma rigorosa e com uso de câmeras e sistemas automatizados. A tecnologia também é a base tomada de decisões pelo poder público, usando dados e análises constantes de tráfego e de sinistros.
Diferenças em relação ao Brasil
Avelleda pontua que, enquanto a prefeitura da capital paulista revoga suas metas de redução de mortes, a Finlândia estabelece eliminar os óbitos até 2050.
“Isso é muito emblemático. Porque quando o poder público diz ‘eu não tenho mais o que fazer para enfrentar esse problema’, evidentemente que há um afrouxamento das políticas públicas de proteção às pessoas”, diz.
De acordo com ele, no Brasil há diversas medidas que limitam a fiscalização, como proibição de radares móveis, obrigatoriedade de aviso desses sensores e outras. Nos países nórdicos, por outro lado, esse trabalho é muito rigoroso.
“Em Helsinque há equipamentos eletrônicos sem nenhum tipo de restrição. E a filosofia é que a fiscalização existe para proteger as pessoas que estão no trânsito e não o infrator, como acontece por aqui”, finaliza.
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