Para o executivo, muitos usuários que deixaram o sistema dificilmente voltarão para ele, mas é necessário conquistar novos. “Hoje, há uma geração de jovens que não tem o apego que a nossa geração tinha pela habilitação e muitos nem sequer querem ter um carro. Para que optem pelo transporte público, precisamos oferecer conforto, conveniência e previsibilidade”, afirma o presidente executivo da NTU.

Dados do transporte coletivo por ônibus

O Anuário NTU 2024-2025, que foi apresentado durante o evento, é um documento que reúne e consolida diversos dados do transporte público coletivo por ônibus no Brasil.

Um dos destaques desta edição diz respeito ao número de municípios que subsidiam o transporte coletivo, que mais que dobrou. Assim, passou de 120 para 241 nas cidades brasileiras nos últimos cinco anos.

Assim, são 154 cidades que praticam a tarifa zero, sendo que em 127 delas ela é válida em todos os dias da semana e para todos os usuários, benefício chamado de tarifa zero universal.

“Essa política é importante para a reconquista de passageiros. Mas ela precisa ser implementada de forma estruturada”, diz o executivo.

Para Christovam, esse modelo precisa vir acompanhado de uma política nacional e de fontes permanentes de financiamento para garantir a qualidade do serviço oferecido. Hoje, de acordo com a NTU, os subsídios cobrem, em média, apenas 30% dos custos do sistema no Brasil.

O anuário demonstrou que os investimentos em infraestrutura estão estagnados. “Dados reunidos a partir de 2023 mostram uma tendência de desaceleração na implantação de faixas exclusivas, corredores e sistemas BRT”, menciona Christovam.

Número de passageiros e idade da frota

De acordo com o anuário da NTU, o número total de passageiros transportados aumentou 9,8%, enquanto a quantidade de passageiros pagantes cresceu 4,7%.

A diferença entre passageiros transportados e passageiros equivalentes (pagantes), contudo, está crescendo. Isso é resultado, de acordo com a NTU, da adoção do modelo de remuneração da prestação do serviço com aporte de subsídios. Em 2024, apenas 56,7% dos passageiros transportados foram pagantes, ante 72% em 2021.

Já a idade média da frota de ônibus não teve variação, se mantendo em 6 anos e 5 meses. De acordo com a associação, a falta de oferta de crédito com condições adequadas para o setor é o principal entrave para a modernização da frota e a transição tecnológica e energética, como a adoção dos ônibus elétricos.

Do ponto do vista legal, o setor aguarda a aprovação do Marco Legal do Transporte Público Coletivo. A proposta, aprovada pelo Senado Federal e encaminhado à Câmara dos Deputados, promete regular o setor, abrindo caminho para maior segurança jurídica, melhor governança e novos modelos de contrato.

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