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‘Caminhoneiros precisam de apoio para aprender a usar novas tecnologias’, diz CEO da Motz

Por: Daniela Saragiotto . Há 1 dia atras

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Frota e Logistica

‘Caminhoneiros precisam de apoio para aprender a usar novas tecnologias’, diz CEO da Motz

Executivo fala em entrevista como as transportadoras digitais trabalham para aumentar a conexão entre os caminhoneiros e o mundo online

5 minutos, 36 segundos de leitura

19/11/2024

Caminhão com com o baú aberto parado no porto
No cenário atual do mercado, há muitas opções de ferramentas disponíveis para ajudar nos processos e operações do transporte de carga. Foto: Stock Adobe

De acordo com o estudo Espelho Logístico, da NextLog, quase 80% dos negócios do setor relatam ter investido em soluções de tecnologia no último ano e 62% acreditam que elas são a chave para o sucesso das operações. Além disso, a pesquisa destaca que a inovação é o caminho para o futuro da logística.

Leia também: Tecnologia é aliada da mobilidade segura e da gestão de frotas

Embora o setor esteja cada vez mais disposto ir nesta direção, é fundamental investir em ferramentas que simplificam as atividades do dia a dia, sempre tendo como foco os usuários: caminhoneiros, em sua maioria acima dos 50 anos de idade e, em geral, pouco acostumados com novas tecnologias.

Esse é o alerta de André Pimenta, CEO da Motz, transportadora digital que opera com caminhoneiros e embarcadores. O executivo tem 20 anos de experiência no setor nas áreas de supply chain e de negócios. Confira, nesta entrevista, sua visão sobre o tema.

André Pimenta, CEO da Motz. Foto: Divulgação

O que pode ser feito para facilitar a rotina desses profissionais?

Ao longo de 20 anos no meio logístico percebi, junto ao meu time, que não basta trabalhar nas tecnologias para facilitar a vida dos caminhoneiros – é fundamental apoiá-los para que aprendam a usar essas inovações.

Por isso, acredito que seja muito importante investir em materiais de capacitação e em orientação para esses profissionais, facilitando o uso de novas ferramentas disponíveis e aproveitando ao máximo o que elas oferecem.

Quais as principais inovações presentes no segmento de logística atualmente?

No cenário atual do mercado, temos muitas opções de ferramentas disponíveis para ajudar nos processos e operações, como o WMS (para controle de estoque), CRM (voltado para gestão de relacionamento com o cliente) e o ERP (software de planejamento que permite a integração de sistemas).

Entretanto, o setor de logística pode se beneficiar de outras maneiras do mercado digital. As transportadoras digitais, por exemplo, investem em sistemas tecnológicos para permitir que os caminhoneiros escolham e marquem sua carga de transporte, façam o carregamento, concluam os serviços e confirmem a quitação de seu pagamento totalmente de forma remota.

Portanto, além de ferramentas que otimizam os processos, a tecnologia está presente no dia a dia de toda a cadeia logística. Apostando na tecnologia, temos redução de custos, otimização do planejamento e a coleta e análise das informações adequadas, que permitem que as empresas tomem decisões mais eficazes.

A logística 4.0 nos mostrou novos horizontes e desafios a serem trilhados, além de caminhos mais inovadores para as soluções dos problemas. Essa nova era também permite otimizações nos ramos sociais e ambientais da logística, conectando toda a cadeia de uma forma única e tecnológica.

Como convencê-los a aderir a esses recursos tecnológicos?

Para a transição, o primeiro passo é fazê-los entender que as inovações tecnológicas vieram para agregar ao ramo. A digitalização não é apenas uma tendência, mas sim uma realidade que transforma o dia a dia dos motoristas e das transportadoras.

Entretanto, o setor logístico e todos os segmentos que atuam conectados a ele precisam assumir o compromisso de garantir que essa transição aconteça de forma inclusiva e gradual, proporcionando mais agilidade, eficiência e, acima de tudo, uma experiência mais simples e positiva para os parceiros de estrada, que movimentam, todos os dias, a economia do País.

A inteligência artificial tem sido aplicada no segmento?

A inteligência artificial tem sido muito usada na gestão de frotas e na análise dos motoristas de maneira geral. Nós temos aplicações que vão desde a questão da previsão ou otimização de rotas, por meio de algoritmos que olham para a redução da jornada do motorista, diminuição do consumo de combustível e para a assertividade nas entregas.

Como exemplo, mencionamos a gestão do próprio motorista. É possível fazer uma análise de performance do profissional de grandes transportadoras garantindo o foco em sua dirigibilidade, frenagem, consumo de combustível e até corrigindo possíveis ações que poderiam ter melhorias.

No caso dos motoristas que são agregados, ou seja, que buscam fretes pelo Brasil de forma mais autônoma, é possível  monitorar o comportamento desse motorista ao longo do tempo pelo tipo de carga, pela região e por meio disso o algoritmo direciona as melhores opções para esse profissional, as mais assertivas.

Essa tecnologia pode impactar também na segurança?

Sim, com a manutenção preditiva é possível fazer a análise de itens da frota pela leitura dos dados do caminhão. Ela permite uma avaliação, saber que será necessário eventualmente uma manutenção, antecipando situações de risco. E o próprio monitoramento do comportamento desse motorista, a maneira como ele dirige, já dá sinais de desgaste em itens do caminhão e pode sugerir a necessidade de treinamento daquele profissional.

Mas para isso é muito importante que esteja aplicado conceitos da otimização e eficiência, além do output que você quer do seu algoritmo para que ele realmente te traga os resultados esperados.

Quais cuidados as empresas devem ter ao usar IA?

Vejo dois pontos principais em relação a isso, começando com a importância do recurso trazer retorno para o negócio. Hoje temos muitas empresas que colocam dinheiro e investem nessas tecnologias, mas isso tem que ser orientado para o retorno e não por um simples modismo. Então acredito que é preciso cautela, é necessário avaliar se o que está sendo implementado pode ser mensurado e é preciso aprender com a IA antes de avançar com ela.

O segundo tema em relação aos cuidados com IA é que é importante ter uma governança forte, porque estamos falando de informações da companhia, informações internas e dados relacionados. Então aqui o ponto é garantir uma governança para que informações sensíveis não se tornem públicas.

Então, é preciso avaliar se as ferramentas utilizadas são públicas e se as informações estão em ambiente controlado, com uma arquitetura de desenho de sistemas muito bem desenhadas para garantir a gestão e a segurança dos dados. Com tantas informações de ciber segurança envolvidas nesse tema, é importante que a empresa tenha uma atenção especial em relação à governança.

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