Uma série de fóruns discutiu as soluções do presente e do futuro, as experiências vivenciadas com as tecnologias e os rumos do transporte de carga que, no Brasil, é responsável por movimentar aproximadamente 65% da produção nacional. 

“Buscamos a excelência no transporte conectado”, explica o CEO da Geotab, Neil Cawse. “Para isso, desenvolvemos a orientação por dados colhidos pelo sistema de telemática e estratégias de transformação digital, com o objetivo de acelerar a economia de custos.”

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Inteligência artificial na gestão de frotas

A meta, porém, não se resume a gerar ecomomia no gerenciamento das frotas. Com as soluções de inteligência de dados, as empresas perseguem eficiência operacional, segurança, sustentabilidade nas frotas comerciais e aumento de produtividade, com intervenções em tempo real.    

Hoje, a Geotab tem 60 mil clientes, espalhados em 165 países – entre eles, o Brasil. São mais de 4 milhões de assinaturas, que processam diariamente 70 bilhões de pontos de dados por dia, ajudando as melhores práticas e tomadas de decisões dos parceiros. Em 2023, os veículos com as tecnologias enfrentaram 15% menos colisões do que outras frotas.

A maior novidade apresentada na convenção de Las Vegas chama-se Geotab Ace. A ferramenta de inteligência artificial (IA) tem condições de aprimorar a experiência do usuário, por meio do diálogo intuitivo.

Trata-se de uma evolução do Projeto G, programa de IA generativa, que recebe feedback em tempo real e contribuições sobre desafios e funcionalidades. Essa abordagem resultou na integração de um assistente de IA mais completo, disponivel na plataforma MyGeotab. 

Divisor de águas

Esse nível de inteligência artificial permite que as frotas reduzam o tempo exigido para alcançar projeções de dados personalizados e adaptados às necessidades específicas de cada cliente.

“Essa tecnologia representa a próxima etapa na utilização de dados confiáveis no gerenciamento de frotas”, destaca Mike Branch, vice-presidente de dados e análises da Geotab. “Estamos transformando a forma como as frotas interagem com seus dados, criando insights imediatos e inteligentes para o sucesso da operação.”

Para trabalhar com exatidão, a IA interpreta ampla gama de dados, como análise de segurança e manutenção preditiva, informações de viagem, atividade por zona, estatísticas de veículos elétricos e rastreamento por GPS. Dessa forma, a solução fornece respostas a um leque maior de perguntas complexas em uma linguagem simples e direta.

Para Neil Cawse, o Geotab Ace é um divisor de águas no trabalho de gerenciar uma frota. “Ele simplifica a análise de dados e desbloqueia um universo de possibilidades sobre as frotas, com respostas confiáveis, inteligentes e práticas”, acentua. Mas, por enquanto, ele está disponível só nos mercados de Estados Unidos e Canadá.

“Figital” 

Os clientes comemoraram o lançamento da tecnologia. No entanto, Raphael Cyjon, diretor de operações da Pepsico, faz uma ressalva: “Não podemos falar de Inteligência Artificial se não houver inteligência humana no contexto”, diz. “Na verdade, vivemos a era ‘figital’, o físico e o digital juntos. Estamos falando de um cenário com motorista, caminhão, pneus etc.”

Para Cyjon, o evento é uma espécie de “Disney das tecnologias de gestão de frotas”. “Hoje, é impossível não usar tais ferramentas disponíveis para cuidar da segurança dos nossos profissionais e da eficiência das operações”, diz o executivo da Pepsico, que mantém 30 mil veículos rodando na América Latina.

Desde que adotou os recursos de telemática, a Pepsico criou o Índice de Condução Segura (ICS), que avalia indicadores como excesso de velocidade, aceleração, frenagem, consumo e movimentos bruscos. “No inícios, o ICS era de 20%; agora é de 90%”, assegura. “Isso comprova que os motoristas têm consciência da importância da tecnologia ao longo de sua jornada.”

Crescimento do e-commerce ajudou a chegada ao Brasil 

O praticante de maratonas, Eduardo Canicoba, vice-presidente da Geotab para o Brasil, precisa estar com o fôlego em dia para atender a demanda dos cem clientes brasileiros. “É um País quase do tamanho de Estados Unidos e Canadá, onde as entregas de carga são feitas pelas rodovias. Há muitas oportunidades”, revela.

O executivo mexicano afirma, porém, que os empresários ainda insistem em usar o termo telemetria em vez de telemática, que é um conceito muito mais completo. 

“Telemática envolve um conjunto de ferramentas mais sofisticadas do que o tradicional GPS, que processa dados relacionados somente à localização do veículo. As métricas da telemática agregam, por exemplo, estado do motor, eficiência no uso do combustível e o comportamento na direção.”

Presente no Brasil há dois anos e meio, a Geotab chegou durante o período da pandemia e aproveitou as portas abertas pela evolução do e-commerce. “Ano após ano, crescemos cerca de 100% no Brasil”, comemora Canicoba.

Ele conta que o motorista brasileiro não gosta de se sentir vigiado, mas entende que os recursos instalados nos caminhões trabalham em prol de sua segurança.  “A telemática está à serviço da eficiência das frotas e do bem estar dos motoristas”, conclui.

* O jornalista viajou a Las Vegas a convite da Geotab