Eletrificação das frotas não é questão de sim ou não, mas quando

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A eletrificação das frotas não é questão de sim ou não, mas de quando

Por: . 17/08/2022

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A eletrificação das frotas não é questão de sim ou não, mas de quando

Na prática, não haverá a substituição imediata de veículos no trânsito, mas a criação de um novo modal de transporte

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17/08/2022

A eletrificação das frotas não é questão de sim ou não, mas de quando
A integração dos veículos à rede de infraestrutura de energia elétrica é um dos temas mais sensíveis e estratégicos. Foto: Getty Images

Os meios de transporte são um dos principais responsáveis pela emissão de gases poluentes, no Brasil. O Estado de São Paulo, por deter cerca de 30% dos veículos que circulam pelo país, apresenta números preocupantes nesse sentido. Dados da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb) dão conta de que, apenas em 2020, foram emitidas, na atmosfera, 248 mil toneladas de monóxido de carbono (CO) e mais de 200 mil toneladas de outros poluentes tóxicos.       

As frotas de veículos operacionais usados para a movimentação de cargas e de pessoas impactam, significativamente, a poluição do ar das cidades, contribuindo para a elevação da emissão de gases de efeito estufa. A frota brasileira de caminhões, por exemplo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é composta por quase 3 milhões de veículos, estando entre as principais fontes emissoras de poluentes.       

Por isso, a redução de impactos advindos da atividade econômica e a sustentabilidade estão, cada vez mais, na ordem do dia das empresas. Isso tem feito com que o setor privado esteja empenhado em reduzir seus efeitos adversos no meio ambiente, na saúde e mesmo na economia, uma vez que fatores como altos gastos com manutenção e combustíveis estão atrelados a um grande impacto econômico.

Qual seria, então, a solução mais rápida e econômica para resolver esse desafio? A resposta está na eletrificação.

Entrave está na falta de conhecimento

Se, no passado, a eletrificação das frotas era somente uma promessa, hoje, ela é uma realidade tecnológica, pronta a ser adotada. Não se trata de questão de sim ou não, mas de quando essa decisão será tomada em larga escala.       

Podemos dizer que o maior entrave na eletrificação é a falta de conhecimento sobre a tecnologia. Se, em décadas passadas, as restrições tecnológicas representaram um desafio para a transição energética, hoje, a tecnologia disponível já é suficiente para colocá-la em prática. E, com um planejamento cuidadoso, isso pode ser feito de forma responsável.       

Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontam que o Brasil se aproxima dos níveis de eletrificação de mercados mais avançados, mas deverá investir cerca de R$ 14 bilhões na instalação de pontos de recarga, até 2035, para atingir níveis similares aos da Europa.       

O apoio governamental apresenta-se como um caminho essencial para acelerar essa jornada. Entre os europeus, por exemplo, um dos marcos recentes é a Lei do Clima, aprovada em 2021, que busca levar a União Europeia à neutralidade climática até 2050. No Brasil, caminhamos rumo a esse objetivo de elaboração de políticas relacionadas à eletrificação, assim como a projetos de investimento e de incentivo tributário à pesquisa de desenvolvimento da mobilidade elétrica.

Caminho mais inteligente

Há quem diga que as frotas elétricas vão competir com os carros a combustão, mas isso não é verdade. Na prática, não haverá a substituição imediata de veículos no trânsito, mas a criação de um novo modal de transporte.       

Novos paradigmas estão sendo criados com a eletrificação das frotas, como a possibilidade de os motoristas não precisarem ir ao posto de combustíveis para abastecer e de não terem de se preocupar com a procedência do combustível. Isso significa que todos terão a energia para seus automóveis bastante próxima, podendo recarregá-los de forma fácil e acessível.       

Faz-se necessário avaliar o impacto dessas mudanças nas indústrias incumbentes, como os setores de óleo e gás e sucroalcooleiro. Na nova realidade, tais indústrias deverão transformar seus negócios e participar de discussões sobre o tema para serem menos impactadas.       

A integração desses veículos à rede de infraestrutura de energia elétrica é um dos temas mais sensíveis e estratégicos. O País precisa de empresas com experiência e capazes de buscar as melhores soluções de infraestrutura de carregamento de veículos elétricos, sempre com o menor impacto logístico e econômico em seus clientes.       

Tanto quanto o fator sustentável e a necessidade de reduzir as emissões de gases poluentes, a eficiência, a economia, o conforto e a inovação associados à transição energética são alguns dos aspectos que devem nos motivar a trilhar o caminho da eletrificação como alternativa às necessidades de mobilidade do presente e para nos deixar mais próximos do futuro.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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