“Comecei a estudar os benefícios dos veículos elétricos em 2105, depois de visitar uma feira do setor”, lembra o empresário Leonardo Celli, um dos fundadores e diretor da Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei). A mudança de um apartamento de 50 m2 em Osasco para uma casa em Jaguariúna (SP) facilitou colocar em prática várias atitudes relacionadas à preservação ambiental, e a aquisição de um BMW i3 com extensor foi uma delas.
Para Celli, não bastava ser elétrico – a opção veio porque esse modelo é desenvolvido e produzido em torno do princípio da máxima conservação de recursos, com materiais sustentáveis, reciclados e recicláveis, entre outros itens da sustentabilidade.
Com isso, reduziu em 80% seu gasto com locomoção: se, antes, despendia R$ 1.000 com gasolina, acrescentou R$ 200 na conta de energia elétrica. Comparando com a vida na capital – em que também utilizava transporte coletivo e bike elétrica –, ele usa muito mais carro agora. “Com cinco anos, ele está chegando aos 100 mil quilômetros, sem trocar a bateria e atendendo muito bem à minha rotina. Mesmo com todas as vantagens, não abri mão da bike para rodar aqui na cidade”, revela.
Em geral, os 120 quilômetros de autonomia são suficientes para suas viagens pela região. Em casa, possui um sistema fotovoltaico e investiu em uma tomada industrial e em um carregador mais potente. A questão da infraestrutura nas rodovias, de acordo com ele, não deveria ser um problema, já que roda bastante na Bandeirantes e na Anhanguera – desde que os eletropostos sempre funcionassem perfeitamente. “Por outro lado, em São Paulo, tenho ótimas surpresas ao encontrar um carregador sem querer. A gente até se assusta, porque os apps especializados em cadastrar esses pontos nem sempre acompanham a velocidade com que os carregadores, sobretudo os semirrápidos, surgem nas cidades.”
Celli destaca a importância da multimodalidade e do acesso de todos ao transporte público de qualidade. “Porém, nessa ausência, as pessoas procuram alternativas para sua rotina. Embora o carro elétrico esteja ainda distante da maioria da população, espero que se torne um modal bastante popular. Na minha região, que faz parte de um polo turístico, o veículo elétrico faz todo sentido.”
O empresário acredita que a equiparação entre o preço do elétrico em relação ao convencional seja uma questão de tempo – porque os modelos a combustão, com baixas taxas de baixa emissão de poluentes, têm valor elevado. “Pesquisas apontam que, de três a cinco anos, ambos devem ser equivalentes. Então, será uma decisão pessoal do consumidor, se levar em conta o custo de manutenção do elétrico, de ‘lavada’, muito menor. Dificilmente, quem possui um elétrico retorna ao veículo convencional”, revela.
Como fundador da Abravei, ele comemora os grandes feitos da associação, como o de chamar a atenção para a mobilidade sustentável “além dos carros elétricos”, para buscar a melhoria da infraestrutura e, principalmente, para a de troca de conhecimento. “Desmistificamos a tecnologia, tornando mais fácil o entendimento das pessoas, aproximando essa futura realidade ao público comum.”