A Audi está em contagem regressiva para deixar de vender automóveis com motor a combustão no mundo. Até 2033, a marca oferecerá carros híbridos.
Depois, o portfólio será composto só por elétricos. “Isso faz parte da nossa estratégia de ser 100% neutra em carbono até 2050”, anuncia Gerold Pillekamp, gerente de produto da Audi Brasil.
A fabricante vem se preparando para esse novo cenário da eletromobilidade. Está investindo em infraestrutura de recarga, planeja muitos lançamentos no Brasil e treina constantemente sua rede de concessionárias, conforme revelou Pillekamp em entrevista ao Mobilidade.
Como a Audi avalia o momento da eletromobilidade no Brasil?
Gerold Pillekamp: O momento é de otimismo. A Audi está surpreendendo com resultados cada vez melhores, mostrando a resposta positiva dos clientes sobre nossos produtos. Em setembro, a marca comercializou 155 carros 100% elétricos, número altamente significativo. Nem nossos automóveis similares com motor a combustão, como Q7 e Q8, tiveram essa performance. O e-tron é uma grata surpresa para nós também. Esperávamos uma boa adesão ao carro, mas não nesse nível.
A que atribuir esse aumento nas vendas?
Pillekamp: A Audi foi uma das primeiras a lançar carro movido a bateria no País, em 2020, e hoje, temos quatro automóveis totalmente elétricos no mercado. Somos vistos como pioneiros na eletrificação. O segredo é aperfeiçoar sempre nossos processos e fazer parcerias proveitosas. Em setembro, promovemos um workshop com as concessionárias para avaliar possíveis melhorias na hora de apresentar os carros elétricos aos clientes. Fizemos um trabalho forte na infraestrutura, com a instalação de quase 100 estações de recarga ultrarrápida em shoppings centers, hotéis e restaurantes de todo País.
O investimento da infraestrutura continua?
Pillekamp: Sem dúvida. Em parceria com a empresa do setor elétrico EDP Brasil e com as outras marcas do Grupo Volkswagen (Volkswagen e Porsche), iniciamos em 2020 a implantação de 18 postos de recarga ultrarrápida na malha viária da região Sudeste. São locais que permitem ao cliente recarregar a bateria de seus veículos em cerca de 30 minutos. Todas as 42 concessionárias também possuem um ponto de recarga disponibilizado ao usuário.
A atuação das concessionárias para vender carros elétricos é muito diferente em relação aos de motor a combustão?
Pillekamp: Esse mercado está expandido e os profissionais precisam se preparar para oferecer os modelos elétricos e entender todos os detalhes e particularidades do carro. As oficinais devem investir em ferramental e equipamentos apropriados. A Audi tem 42 concessionários no Brasil. Em uma primeira onda, treinamos 21 para vender o e-tron. Agora, estamos na segunda onda, qualificando as outras 21 e deixar 100% da rede totalmente apta.
Como é a abordagem das concessionárias ao mostrar a linha e-tron ao cliente?
Pillekamp: A Audi oferece no País os modelos elétricos e-tron, e-tron Sportback, e-tron S Sportback e RS e-tron GT. As concessionárias, além da apresentação técnica, são orientadas a fazer um programa de test-drive com o cliente, para que ele tenha a oportunidade de dirigir o carro pretendido. Mas não é só, A própria Audi oferece uma experiência mais ampla, permitindo que o interessado, sem custo algum, fique alguns dias, ou até uma semana, com o carro, a fim de conhecer melhor a tecnológica da propulsão elétrica.
Quais são os próximos passos da Audi sobre eletrificação?
Pillekamp: Até 2025, lançaremos mais 25 modelos eletrificados no Brasil, ou seja, terão tecnologia elétrica ou híbrida. Apostamos também nos híbridos porque entendemos que o mercado não vai virar a chave para o carro elétrico do dia para a noite. Assim, até 2033, a Audi venderá híbridos e, a partir daí, só ofereceremos veículos elétricos mundialmente. A estratégia da Audi é tornar-se 100% neutra de carbono até 2050 não só nas vendas de produtos livres de emissão, mas também na produção e na rede de concessionários.
No entender da Audi, quais são as maiores barreiras que o carro elétrico ainda enfrenta no Brasil?
Pillekamp: A principal delas é a infraestrutura. Por mais que estejamos investindo em postos de recarga, é preciso trabalhar forte em cima disso. Alguns mitos também precisam ser derrubados. Carro elétrico dá choque quando está chovendo, ele para ao passar sobre uma poça d’água e pane seca são alguns deles.
Os preços ainda são um impeditivo para a compra do carro elétrico ou isso não importa para os clientes de uma marca premium?
Pillekamp: O Audi e-tron, que custa a partir de R$ 616 mil, é mais barato que um modelo equivalente com motor a combustão, o Q8, que sai por R$ 666 mil. Então, no nosso caso, não existe esse problema.
Início das atividades: 1994
Portfólio de veículos: Audi A3, A3 Sportback, A4, A5 Sportback, Q3, Q3 Sportback, Q5, Q5 Sportback, Q5 TFSIe, Q5 Sportback TFSIe, Q7, Q8, e-tron, e-tron Sportback, e-tron S Sportback, RS e-tron GT, RS 5 Sportback, RS 6 Avant e RS Q8
Fábrica do Brasil: São José dos Pinhais (PR)
Número de concessionárias: 42
Número de colaboradores: 228