Hidrogênio verde surge como vetor para transição energética
Hidrogênio Verde (H2V) é considerado solução importante na geração de energia para a eletromobilidade
3 minutos, 54 segundos de leitura
25/01/2023
Por: Mário Sérgio Venditti
![hidrogênio verde](https://mobilidade.estadao.com.br/wp-content/uploads/2023/01/hidrogenio-verde.jpg)
A eletromobilidade é uma realidade na indústria automotiva mundial, e o crescimento da frota de veículos movidos a bateria, em muitos países, trouxe à tona um tema importante: a necessidade de gerar energia elétrica em alta escala por meio de fontes limpas e renováveis.
Nesse contexto, o hidrogênio verde (H2V) desponta como uma das soluções para a produção de energia e que, futuramente, poderá reduzir expressivamente o tamanho e o peso das baterias dos automóveis elétricos. Segundo estudo da SAE Brasil, o hidrogênio verde é um dos combustíveis que oferecem a maior quantidade de energia por grama.
A obtenção do hidrogênio verde é um trabalho limpo, o que contribuiria para a descarbonização da cadeia automotiva. Ele é alcançado com base em uma molécula de água, composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.
Por meio de um processo chamado eletrólise, é possível dividir essa molécula e separar o hidrogênio do oxigênio, sem emissão de gases. A eletricidade usada na eletrólise vem, justamente, de fontes renováveis, como solar e eólica.
O hidrogênio é o elemento mais abundante do universo, mas, de forma geral, não é encontrado na sua forma pura. Está sempre ligado a outro elemento químico, como oxigênio, carbono ou nitrogênio. Não é fonte primária de energia, e pode ser obtido de diversas outras fontes de energia primárias e secundárias.
O potencial do Nordeste
“O mundo vive uma transição energética, mas o Brasil está atrasado”, afirma Cláudio Ribeiro, CEO da 2W Energia. Para ele, o hidrogênio verde é um insumo fundamental para substituir combustíveis fósseis, como gasolina e óleo diesel. “A Europa ficou muito dependente do gás russo ou do petróleo árabe. O Brasil pode se diferenciar, aproveitando suas fontes de energia, que são 85% limpas, e por ter água em abundância”, diz.
Na avaliação da SAE Brasil, o Brasil tem alto potencial para produzir hidrogênio verde, devido à abundância de fontes renováveis para realizar eletrólise. A entidade assinala que o Nordeste é a região com o campo mais propício para se transformar em um hub de desenvolvimento do H2V.
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Cláudio Ribeiro concorda. “As usinas eólicas offshore, que são semelhantes às plataformas de petróleo, podem gerar hidrogênio verde com mais capacidade do que uma planta onshore, graças ao sol e ao vento mais estável e constante, sem barreiras naturais como morros. É mais viável do que gerar o H2V no Rio Grande do Sul, por exemplo”, acrescenta.
O levantamento da SAE Brasil destaca que, atualmente, 84% da energia gerada no Nordeste são renováveis. A energia eólica gera 48.706 gigawatts por ano, o equivalente a 49% do total. A hidrelétrica responde por 30.082 (31%); e a solar, 3.643 gigawatts (4%).
Investimento elevado
Há, porém, desafios a serem superados, como os valores de investimento, armazenamento, distribuição e transporte. “A iniciativa privada tem condições de ajudar a alavancar essa tecnologia e trazer benefícios ao Nordeste e ao País”, afirma a pesquisa da SAE Brasil.
De fato, os valores para a construção de uma fábrica de hidrogênio verde em alta escala assustam. Segundo Ribeiro, criar uma plataforma offshore custa, ao menos, US$ 1,5 bilhão e mais US$ 1 bilhão para acoplar a unidade de geração de energia.
As primeiras iniciativas já aparecem. Em 2021, o governo do Ceará assinou protocolo de intenções, com a empresa australiana Enegix Energy, para a construção de uma planta de H2V no complexo industrial e portuário de Pecém, com capacidade de produzir 900 mil toneladas por ano. O investimento anunciado é de US$ 5,4 bilhões.
Para Cláudio Ribeiro, a tendência é que o H2V se dissemine ao longo dos anos como fonte de combustão. “O transporte urbano de carga e ônibus será a porta de entrada desse insumo à área da mobilidade”, prevê.
E vai além. “Em um período de cinco a dez anos, o Brasil terá os primeiros projetos para produzir hidrogênio verde, com grandes investidores – como empresas de óleo e gás – capazes de baratear os custos. É importante ter hidrogênio com menor custo; senão, vale mais a pena continuar usando petróleo”, ressalta.
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O custo total da planta de Pecém (CE) será de US$ 5,4 bilhões
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