Maior acesso de passageiros ao sistema bancário favorece avanço da bilhetagem eletrônica
Maior acesso de passageiros ao sistema bancário favorece avanço da bilhetagem eletrônica
Os pagamentos em dinheiro no transporte público de São Paulo perdem espaço à medida que aumenta o acesso à bilhetagem eletrônica. Segundo a Associação de Apoio e Estudo da Bilhetagem e Arrecadação dos Serviços Públicos de Transportes de Passageiros do Estado de São Paulo (Abasp) 30% das passagens sobre trilhos eram pagas com cédulas e moedas em 2020. Esse porcentual caiu para atuais 19,5%.
Um dos motivos para isso foi o aumento do acesso da população à rede bancária e aos cartões. “Uma pesquisa realizada em 2021 em algumas estações confirmou o que já vínhamos observando, que 80% dos usuários já eram ‘bancarizados’”, afirma Daniel Bulha, diretor da Abasp.
O executivo recorda que todas as estações têm ao menos duas máquinas de autoatendimento que permitem a compra de passagens por débito e também a recarga do cartão Top, que pode ser utilizado no transporte sobre trilhos e também nos ônibus que circulam em municípios da região metropolitana ou entre eles e a capital paulista. Esses veículos integram a frota da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU)
O cartão Top é acompanhado de um aplicativo que permite a compra de bilhetes com cartões de crédito, débito e PIX. Entre janeiro e setembro de 2022, a plataforma Top teve crescimento de 9% no montante de usuários ativos por dia. “Os passageiros têm utilizado cada vez mais os diversos canais de venda da plataforma”, informa a Autopass, empresa que desenvolveu o cartão Top e seu aplicativo em parceria com a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM).
Já os passageiros dos ônibus que circulam somente na capital utilizam o Bilhete Único, administrado pela Secretaria Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana (SPTrans).
“Ao utilizar o Bilhete Único, eles podem pagar a passagem tanto nos ônibus quanto no sistema de trilhos (Metrô/CPTM), inclusive, fazendo a integração entre os modais com desconto”, informa a SPTrans. A secretaria recorda que, se utilizar somente os ônibus, pagando com crédito comum, o passageiro tem direito a utilizar quatro ônibus diferentes em um período até três horas. Vale dizer que o dinheiro em espécie representa apenas 5% dos pagamentos dos ônibus da capital paulista.
Novas formas de pagamento em teste
De acordo com a Abasp, existem testes com pagamento por um tipo de QR Code específico para a utilização em ônibus. Essa avaliação ocorre nos veículos que atendem à EMTU.
E, desde outubro de 2021, a SPTrans também faz testes com pagamento por QR Code em algumas linhas. O passageiro precisa instalar em seu smartphone o aplicativo SP Pass, cadastrar-se, adquirir créditos e gerar o QR Code para a leitura no validador do ônibus.
E há pouco mais de três anos a SPTrans começou também a realizar testes com a tecnologia NFC, por aproximação. “Teve início em setembro de 2019, em cerca de 200 ônibus da capital, que atendem a 14 linhas municipais. Em 2020, o serviço foi ampliado para todas as estações do Expresso Tiradentes”, informa a SPTrans. O pagamento pode ser feito por cartões de banco e outros objetos com a tecnologia NFC (celulares, relógios, chaveiros). A secretaria ressalta que essa função já deve estar desbloqueada, ou seja, precisa ter sido utilizada em alguma transação anterior.
Espaço para avançar
Apesar da quantidade de recursos disponíveis, o diretor da Abasp admite que há espaço para expandir a aplicação das tecnologias já existentes: “Tem muito a avançar no Estado de São Paulo, mas em direção ao interior. Em grande parte dos municípios não há bilhetagem eletrônica ou o que existe é obsoleto, ou por falta do QR code ou porque os cartões utilizados são menos seguros em relação a fraudes.”
Questionado sobre possibilidade de centralização de todos os transportes da capital e região metropolitana em um só modelo de bilhete ou cartão, Daniel Bulha responde que existe tecnologia para isso e que a Abasp está pronta para receber a cidade de São Paulo, mas ressalta que a arrecadação é a parte mais complexa, com diferentes tipos de contrato com as empresas de transporte, daí a dificuldade de unificação.
O diretor da Abasp recorda que o grande desafio é tratar a mobilidade urbana como algo que vai além do simples deslocamento da população. Essa mobilidade pressupõe redução dos custos operacionais, diversificação dos meios de pagamento e padronização dos sistemas de bilhetagem.
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