De acordo com o relatório, o aumento no uso da modalidade é puxado por São Paulo. Apenas na capital, o aumento chegou a 491% entre janeiro e maio de 2024, comparado ao mesmo período do ano anterior. A capital paulista conta com a tecnologia disponível nos ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), em 13 estações do metrô, e em 14 linhas da SP Trans. Em seguida, estão as cidades de Goiânia (26%), Curitiba (20%), Brasília (17%) e Rio de Janeiro (11%). 

O estudo também utilizou dados das cidades de Santo André (SP), Belo Horizonte (MG), Jundiaí (SP), São José dos Campos (SP) São Bernardo (SP), Rio Grande (RS), Londrina (PR) e Angra dos Reis (RJ).

Confira, a seguir, a entrevista com Julio Ramos, diretor executivo e Inovação da Visa do Brasil.

Em quais serviços o uso de cartão bancário Visa é uma possibilidade hoje e quais os benefícios?

Hoje, o grande volume de transações de cartões bancários na mobilidade urbana vem do segmento de transporte público de massa, que são ônibus, metrô, trens, barcas e etc. Mas esse tipo de solução também está disponível em outros modais como, por exemplo, os relacionados ao automóvel: pagamento de pedágio e estacionamento. O terceiro grupo que nós exploramos, mas ainda de maneira muito incipiente, são outros modais, como locação de bicicleta e de patinete. 

Nós estamos fazendo todas as transações usando o arcabouço de segurança que é inerente aos cartões bancários e que vem sendo otimizado ao longo de décadas.

Julio Ramos, diretor executivo e Inovação da Visa do Brasil

Os principais benefícios são a conveniência e a facilidade de uso. A conveniência pelo fato do cliente não precisar adquirir outro cartão que só funciona no transporte e poder utilizar sem precisar recarregar com créditos, também. Outro benefício muito grande é a segurança. Nós estamos fazendo todas as transações usando o arcabouço de segurança que é inerente aos cartões bancários e que vem sendo otimizado ao longo de décadas. 

Quando a empresa começou a investir nesta modalidade de serviço e por que isso aconteceu?

Em transporte público de massa, a aceitação existe no Brasil desde 2019. O metrô do Rio de Janeiro foi o primeiro a implementar junto com a Visa. De lá pra cá, são mais de 30 cidades no Brasil que têm algum tipo de aceitação. Algumas são soluções da Visa, outras são soluções de terceiros, mas basicamente todas funcionam da mesma forma. 

Nós investimos neste sistema primeiro para fomentar o uso e habilitar o mercado, [poder] trazer esse tipo de pagamento para o transporte público, pelos benefícios mencionados de conveniência e segurança. Atuamos como um habilitador de mercado [com a experiência no Rio de Janeiro].

Acreditamos que, se o usuário tiver possibilidade de escolha, ele vai escolher [a modalidade de pagamento] que for melhor para ele e nós também nos  beneficiamos disso. Então, nós entramos para oferecer essa solução para ajudar o mercado a adotar os meios digitais de pagamento e ainda para diminuir o uso do dinheiro em espécie nesses âmbitos.

Outra coisa é que nós, como incentivadores para explorar esse tipo de solução, sabemos por pesquisa e por análise nossa que a pessoa que usa o cartão de débito e crédito para pagar o transporte, tende a usar mais o cartão na vida dela.

E para as empresas, concessionárias e gerenciadoras de serviços de transporte, quais os benefícios?

O operador de transporte, quando implementa esse tipo de aceitação, ganha bastante com segurança, com redução de fraude e com a melhoria operacional. Com isso, também oferece menor custo operacional à medida em que ele não tem que gerenciar outro cartão proprietário e gerir todo o ciclo de vida que [esse outro cartão] tem. Também reduz o custo operacional por diminuir a circulação de dinheiro por espécie, que exige toda uma segurança própria. Além disso, ele também está oferecendo mais um meio de pagamento, mais uma conveniência para o usuário final.

Como a Visa vê o crescimento do uso de cartões no segmento de transportes hoje e quais os próximos passos da empresa?

Estamos concretizando uma ideia que tínhamos há cinco anos, de que o usuário adotaria [esse modelo de pagamento]. O usuário é sedento por novos meios de pagamento no transporte e nós estamos acompanhando um crescimento grande, principalmente, pela inclusão de novos operadores, como a EMTU e, em breve, com o metrô de São Paulo com a CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos]. 

Também estamos para lançar nossa solução de pagamento de estacionamentos, usando a mesma tecnologia básica que utilizamos na construção da solução no metrô do Rio. Nesse sistema, os usuários poderão pagar estacionamento aproximando o cartão ou celular direto na cancela do estabelecimento, sem ter que pegar bilhete ou pagar no caixa.

Também estamos empenhados na construção de soluções para o sistema free flow. Além disso, nos envolvemos com uma série de outros operadores do sistema de transporte público de massa.

A mobilidade, para nós, é um pilar muito estratégico. É um segmento de mercado importante para nós pelo volume e pela relevância socia. Também pela inclusão digital e a possibilidade de oferecer o empoderamento das pessoas a pagarem o transporte de maneira mais conveniente para elas.