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Estudo aponta que brasileiros são propensos a pagar mais por veículo elétrico

Por: Ju Cabrini . 01/11/2022

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Estudo aponta que brasileiros são propensos a pagar mais por veículo elétrico

Executivo reafirma que o alinhamento entre poder público e empresas privadas é essencial para agilizar a eletrificação

4 minutos, 57 segundos de leitura

01/11/2022

Por: Ju Cabrini

Na Europa, a categoria dos veículos elétricos médios e médios premium é tendência. Foto: Getty Images

Na semana em que o IDPT (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) divulgou que apenas a combinação entre a mobilidade elétrica e a implementação de cidades compactas seria capaz de limitar o aquecimento global a menos de 2 °C, o convencionado pelo Acordo de Paris, o Planeta Elétrico conversou com o líder global de pesquisas automotivas da Ipsos, Alexandre de Saint-Léon.

O executivo compartilhou dados inéditos da pesquisa Mobility Navegator (módulo eletrificação) realizada em sete países.

A amostra brasileira contou com mil respondentes, com renda anual maior de 68 mil reais, e sugere que os brasileiros, assim como os chineses, estão mais propensos a pagar mais por um carro elétrico.

“O que vemos na pesquisa é que as vendas ainda são pequenas, mas que brasileiros gostam de inovação. E o volume tem muito a ver com a oferta das montadoras”, afirma Saint-Léon.  O executivo reforça que outro freio para a expansão da eletromobilidade local é a falta de alinhamento das políticas públicas, das montadoras e dos fornecedores de peças. “Isso precisa acontecer. É fundamental para que o país possa migrar para a eletrificação como uma oportunidade e não uma ameaça”, reforça.

Acompanhe a entrevista abaixo.

Planeta Elétrico – Em relação à recente pesquisa Mobility Navegator, quais são os principais pontos?

Saint-Léon – O primeiro destaque é que o nível de interesse e conhecimento para veículos elétricos está subindo de forma regular mundialmente e, em alguns países, chega a ser maior que dos convencionais. É o caso dos Estados Unidos e da Europa. Ainda existem alguns receios, por alguns motivos, mas as vendas de elétricos na França, por exemplo, ultrapassaram, pela primeira vez, o segmento a diesel, que durante muitos anos chegou a representar 60% do mercado.

O segundo ponto que chama bastante atenção é a diferença entre as faixas etárias. O público mais jovem está muito interessado em elétricos, apesar de terem menor poder de compra. Isso indica uma tendência.

Quais são as principais resistências?

Saint-Léon – A resistência em relação à autonomia está sendo superada. O ponto mais crítico é a experiência de recarga. A maioria dos proprietários prefere carregar em casa e utilizar os pontos públicos para recarga de segurança.

O preço de aquisição também aparece como um problema, mesmo na Europa. Isso deve mudar com a eficiência das baterias, mas o mercado enfrenta dois problemas. As montadoras europeias, em particular, têm o receio de deixar a porta aberta para as chinesas. Elas chegam com mais expertise, menor preço e mais eficiência.

Por outro lado, tem uma preocupação das associações ambientais para que os carros sejam de categorias menores e mais eficientes em relação ao gasto de energia.

Isso quer dizer que será dada preferência aos pequenos?

Saint-Léon – Não necessariamente. Vai depender do mercado. Os grandes estão se saindo muito bem nos Estados Unidos. A picape Ford F-150 lightning é um sucesso impressionante nos Estados Unidos. A previsão de produção da F-150 subiu quatro vezes.

Na Europa, a característica está mais para os médios e médios premium. Os pequenos não estão sendo considerados porque a bateria representa um custo muito alto e influencia no valor final. No Brasil, que tem um grande mercado para os pequenos, uma política pública de incentivos ficais poderia ser um bom benefício.

Na pesquisa, os brasileiros, ao lado dos chineses, aparecem como os mais propensos para pagar mais por um carro elétrico. Por quê?

Saint-Léon – No Brasil, tem a questão da inovação porque os elétricos têm muito mais recursos do que as demais versões, às vezes, até mesmo as top de linha. Na china tem outra explicação. Lá é muito mais fácil conseguir licença de carro elétrico do que do térmico, que pode levar até dois anos. É uma política para facilitar a compra e incentivar a transição.

Você acredita na hibridização ou o futuro será a eletrificação?

Saint-Léon – Atualmente, esse é um assunto muito polêmico na Europa. As montadoras querem influenciar as decisões da União Europeia para não forçar a mudança de toda a produção para 100% elétrica.

Eu acredito que um modelo híbrido poderia ser positivo para o meio ambiente e uma mudança mais suave para os consumidores, mas não vai acontecer assim. A partir de 2035, só serão vendidos carros novos 100% eletrificados naquele continente.

Para o Brasil, e outros países em desenvolvimento, pode ser um bom caminho. Acredito que ainda existe espaço para alguns modelos coexistirem. Mas é o momento de decidir, porque se querem montar uma plataforma de híbrido de etanol e elétrico tem que trabalhar.

O Brasil tem a matriz energética limpa, mas a Europa ainda utiliza carvão. Vai faltar energia limpa para o carro elétrico?

Saint-Léon – Não sou especialista neste assunto, mas semana passada estive no Salão de Paris e conversei com muitos profissionais. A resposta deles é que não faltará energia. Além disso, estudos mostram que, inclusive para a Polônia que é bastante carbonizada, o resultado após 55 mil quilômetros de uso é mais eficiente, em termos de compensação, o carro elétrico ao a combustão.

Mas de uma forma geral, isso não está sendo muito discutido porque a decisão já foi tomada. Os diferentes públicos estão pensando muito mais em como fazer para que a transição seja bem-sucedida.

Saiba mais sobre políticas e desenvolvimento de infraestrutura para a mobilidade elétrica no canal Planeta Elétrico.

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