Revolução silenciosa
Enel X Way, nova empresa do grupo Enel, nasce para impulsionar a mobilidade elétrica
Não é de hoje que a Enel mostra seu apetite por novos mercados. Além das atividades de geração, distribuição, transmissão, comercialização e soluções de energia, a empresa já tinha colocado uma “rodinha” na eletromobilidade por meio da Enel X. Pois bem, agora, a Enel vai pôr as quatro rodas e acelerar.
A holding, com sede em Roma, na Itália, e que possui filiais em mais de 27 países, como Alemanha, Canadá, Chile, Grécia, Índia, França, Estados Unidos, Coreia do Sul, África do Sul, entre muitos outros, anunciou a criação da Enel X Way Brasil, um braço de negócios 100% dedicado à mobilidade elétrica.
O Planeta Elétrico conversou, com exclusividade, com o líder dessa nova empresa, Paulo Roberto Maisonnave, que deixa a Enel X para se dedicar 100% à Enel X Way Brasil. O executivo afirma que já bateu a meta de receita prevista para este ano inteiro e que, em 2023, o crescimento será exponencial, com receita três vezes superior à de 2022. “Acompanhando esse mercado há anos, vimos a evolução da mobilidade elétrica. É uma quebra de paradigma, uma revolução silenciosa. Todos os movimentos da transição energética são feitos assim, de forma muito fluida. Quando a gente vê, já foi”, acredita.
Acompanhe, a seguir, a entrevista com o executivo da nova empresa.
O que diferencia a Enel X Way da Enel X?
Paulo Maisonnave: Vimos a transição da mobilidade elétrica. Pensávamos que seria algo para um futuro distante, mas o assunto foi tomando corpo e se tornou, nos últimos anos, uma área de negócio relevante dentro do braço da Enel de solução de energia. Entendemos que a mobilidade elétrica é um dos setores mais importantes para a transição energética, e o Brasil tem condições de ser líder em demanda, tecnologia, oferta, matéria-prima, matriz renovável, tudo. A Enel X Way é um braço focado 100% em mobilidade elétrica.
A Enel X Way é uma marca global de negócios?
Maisonnave: Sim, a empresa está presente onde o mercado é relevante nesse segmento, como Itália, Chile, Espanha e Romênia.
Como ela chega ao Brasil?
Maisonnave: Aqui, a Enel X Way nasce com os mesmos parceiros da Enel X. São, principalmente, as montadoras que já estão no País e as que virão, além de outros players. O fato é que projetamos um crescimento exponencial para os próximos anos. Já atingimos as metas para o ano inteiro. Em 2023, as receitas serão três vezes maiores do que neste ano. Não estamos falando de um carregador. E sim de uma revolução na mobilidade.
Existe possibilidade de produção no País?
Maisonnave: A linha JuiceBox, estação de recarga compacta, dedicada a todos os tipos de carro elétrico, já é produzida no México, Polônia e China. Sempre existe a possibilidade de analisar o mercado e produzir localmente. Não é uma opção a ser descartada.
Essa produção seria feita com parceiros regionais?
Maisonnave: A Enel X Way é detentora da tecnologia, e já temos inúmeros parceiros em diversas partes do ecossistema. Na verdade, o que vemos no mercado da eletromobilidade é muito mais cooperativismo do que competitividade. Todas as empresas estão trabalhando bem próximas para desenvolver esse ecossistema e trazer resultados ao cliente.
A chegada da nova empresa é resultado de alguma Chamada de P&D?
Maisonnave: Nós optamos por não participar das Chamadas de P&D [projetos regulamentados e apoiados pela agência reguladora – Aneel – para pesquisa e desenvolvimento de assuntos estratégicos] porque sempre tivemos um foco real em desenvolvimento de negócios. Por isso, preferimos não trabalhar com o modelo de pesquisa. Mas, de qualquer forma, esses projetos desenvolvidos por outras empresas e universidades foram bastante relevantes – principalmente, o desenvolvimento de alguns corredores elétricos.
Nesse ponto de eletrovias, a Enel X Way tem planos?
Maisonnave: Sim, é um caminho a ser avaliado. A Enel X Way e a Ecovagas, empresa do grupo, também podem utilizar o modelo rodoviário, de carga rápida, como forma de expansão. Nesse caso, o negócio estaria relacionado a um valor de custo fixo e a outro variável, isso porque não podemos passar todo o custo para a ponta, o cliente. Se for feito dessa forma, o valor se aproximaria muito do modelo tradicional a combustão. A viabilização das eletrovias passa pelo custeio entre empresas, o cliente e, obviamente, o investimento do governo.
O governo federal tem contribuído?
Maisonnave: Todos sabem da importância e do poder da transição energética. A agência reguladora já deu grandes passos, mas ainda precisamos de algumas políticas públicas relacionadas à isenção de impostos e outras formas que possibilitem à eletromobilidade jogar de igual para igual com o modelo tradicional a combustão.
Como o Brasil está em comparação a outros países da América Latina?
Maisonnave: O País tem que ser visto com suas especificidades. É uma nação continental; ainda assim, tem a possibilidade de ser grande player, pegando as experiências de fora, aprimorando e tendo um excelente resultado. No caso de Santiago do Chile, por exemplo, eles tiveram urgência no desenvolvimento da mobilidade elétrica por causa da necessidade climática – a cidade fica em um vale. Atualmente, Santiago possui a maior frota de ônibus elétricos fora da China. Imagina quando conseguirmos implementar em São Paulo. Será ainda maior e significativo.
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