Pontos para melhorar o transporte coletivo por ônibus
Modal recebe muitas críticas, principalmente em relação à qualidade do serviço
Estimativas apontam que cerca de 65% da população brasileira usa o ônibus, trem ou metrô como principal meio de transporte.
De acordo com dados da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), 28% das viagens e deslocamentos dos usuários são feitos diariamente pelo transporte coletivo, sendo que o ônibus responde pelo maior percentual dentro desse universo.
Fundamental para a sociedade, o transporte por coletivo por ônibus é alvo de muitas críticas, principalmente em relação a qualidade dos serviços prestados. A seguir, listamos alguns pontos para melhorar o transporte coletivo por ônibus no Brasil.
1. Avançar no novo Marco Regulatório do setor
Muitas das propostas para um novo marco legal do transporte público foram debatidas por entidades do setor e de defesa dos direitos do cidadão, como o Idec, por exemplo, e estão contempladas em um projeto de lei que tramita desde o ano passado no Senado Federal (PL 3278/21), de autoria do ex-senador Antonio Anastasia-MG.
De maneira geral, ele define um novo modelo de contratação capaz de melhorar a qualidade na prestação dos serviços e, ao mesmo tempo, reduzir o peso da tarifa no bolso do passageiro.
O objetivo da proposta, já previsto na Política Nacional de Mobilidade Urbana, de 2012, mas que nunca foi implementada, é a separação entre tarifa de remuneração (paga aos operadores e suficiente para cobrir os custos da prestação do serviço) e tarifa pública (paga pelo passageiro para o uso dos serviços oferecidos), com a diferença sendo coberta por recursos orçamentários ou outras fontes extra tarifárias.
Como resultado, o novo Marco Regulatório do setor propõem a garantia de segurança jurídica para os contratos de concessão do setor, e, em contrapartida, visa definir padrões de qualidade para o serviço, com o poder público assumindo sua parte nesse processo.
2. Oferecer previsibilidade e conforto aos usuários
Demora no intervalo entre os ônibus, motoristas que não atendem o embarque e desembarque dos passageiros e lotação dos veículos estão sempre nas primeiras posições dos rankings de reclamações dos usuários. E no transporte público coletivo, todos os problemas desencadeiam um efeito cascata: se os intervalos entre um ônibus e outro são muito grandes, a lotação só piora.
Especialistas em transporte público e mobilidade afirmam que a solução está na reformulação dos contratos com as empresas operadoras. Esses documentos precisam detalhar a prestação do serviço, prevendo multas para atrasos não justificados e outros que acarretem em prejuízo para a população.
3. Priorizar o transporte público
Vivemos em um espaço público que é disputado por todos. E ele é usado de uma forma muito desigual, demonstrando uma inversão de prioridades, com foco no transporte individual. Enquanto não priorizarmos o transporte público de massa, especialmente os de média e alta capacidade, quem puder escolher o individual o fará: e isso não é uma questão de a pessoa ser boa ou ruim – são padrões de comportamento”, diz Victor fundador e diretor do Laboratório de Mobilidade Sustentável (Labmob), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Urbanismo (Prourb), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
De acordo com o especialista, a priorização do transporte público coletivo está condicionado à melhoria da qualidade do serviço oferecido atualmente.
Mas esse não é o único fator: é fundamental que haja planejamento da infraestrutura urbana. Um exemplo são as faixas exclusivas para ônibus, que comprovadamente reduzem o tempo de viagem, mas necessitam de estudo para adaptação das vias, que precisam prever ultrapassagens.
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