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Por dentro da malha cicloviária de Curitiba

Por: Daniela Saragiotto . 14/10/2022
Meios de Transporte

Por dentro da malha cicloviária de Curitiba

Ciclistas da cidade relatam desafios que são comuns a todas as capitais do Brasil

3 minutos, 44 segundos de leitura

14/10/2022

Malha cicloviária de Curitiba
Meta da capital paranaense é quase dobrar o tamanho da estrutura cicloviária até 2025. Foto: Getty Images

Promover a intermodalidade faz parte da estratégia da prefeitura de Curitiba, a capital do Estado do Paraná. Hoje, a cidade conta com 208 km de vias para bicicletas, mas o Plano de Estrutura Cicloviária, instituído pelo Decreto Municipal 1418/2019, prevê chegar até 408 km até 2025. Ou seja, a ideia é quase dobrar a malha cicloviária de Curitiba em menos de três anos.

Já com obras em andamento, em setembro a cidade registrava, de acordo com a prefeitura de Curitiba, 252,1 km de extensão entre ciclovias, ciclofaixas, ciclorrotas e passeios compartilhados. Assim como acontece em outras capitais, quem usa essa estrutura diariamente a valoriza, mas também sabe que ainda há muitos desafios.

“Como usuários, não percebemos esses mais de 200 km de vias para bicicletas. De fato, espaços segregados mesmo, são menos da metade disso e chamamos de ‘calçadovia’, porque não separam os ciclistas dos pedestres. O restante são ciclofaixas, desenhadas nas vias lentas, que acompanham as canaletas dos ônibus”, diz Patricia Valverde, artista, proprietária da Bicicletaria Cultural e usuária frequente dessas estruturas em Curitiba.

Necessidade de melhorias

Além da expansão dessas vias, interligar a estrutura cicloviária com as cidades da região metropolitana de Curitiba e melhorar a sinalização, especialmente nos cruzamentos, são desafios de Curitiba também comuns a outras capitais.

De acordo com a prefeitura, todos os pontos estão endereçados no Plano de Estrutura Cicloviária, que tem objetivos como ampliar a malha voltada à ciclomobilidade e estabelecer conexão entre as estruturas existentes e propostas.

E, ainda, o plano prevê a promoção da intermodalidade (requalificando estruturas dos terminais de transporte e Polos Geradores de Viagem-PGVs) com áreas que atuam como reservas técnicas destinadas a estacionamento de bicicletas (bicicletários etc.); estruturar as rotas com equipamentos de apoio à bicicleta e incentivar e promover campanhas permanentes de conscientização aos deslocamentos cicloviários.

A realidade

Mas as melhorias não acontecem na velocidade que a população – e, principalmente os usuários dessas vias – gostariam. Ainda segundo a prefeitura, de acordo com dados de setembro, em 2022 foram implantadas 16,7 km de faixas compartilhadas e concluídos os projetos para construção de mais 17,6 km de ciclovias na região sul da cidade nos bairros CIC, Sítio Cercado e Novo Mundo.

Ainda de acordo com a prefeitura, até o fim de 2022, mais 10,5 km de ciclofaixas e ciclorrotas deverão ser implementados. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) está preparando edital de licitação para contratar os projetos executivos para mais 23,7 km de estrutura cicloviária para interligar a malha ao Centro da cidade e nos bairros Cajuru, Uberaba, Fanny, Parolin, Jardim Social e Alto da XV.

Convivência entre os modais

De acordo com dados do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) em Curitiba, no primeiro semestre deste ano foram registrados 231 acidentes envolvendo bicicletas. 

O desafio da falta de segurança, comum em todo o País, também é realidade na capital. “Um dos grandes desafios é a questão dos cruzamentos, pois não há um padrão. A pintura e a sinalização dos cruzamentos em Curitiba são as mesmas que em ruas calmas, vias rápidas ou canaleta expressa dos ônibus”, diz Fernando Rosenbaum, ciclista e também proprietário da Bicicletaria Cultural.

E completa: “A estrutura deveria dar preferência ao cruzamento a quem pedala, pois é nesses locais que acontecem a maioria das colisões”, finaliza.

Mulheres que pedalam

Na visão de Patricia Valverde, a convivência com outros veículos, principalmente com os automóveis, tem melhorado ao longo do tempo, mas precisa evoluir ainda mais.

“Como mulher, principalmente que transporta crianças no dia a dia, vejo que em alguns casos os motoristas têm o entendimento de que devem me dar preferência nos cruzamentos. Mas isso não acontece o tempo todo. Tem muitas situações em que não é tranquilo e, em vários momentos, se eu não parasse poderia acontecer algo grave”, explica.

Do seu contato com o público feminino na Bicicletaria Cultural, Patricia conta que a maior preocupação delas é com a segurança pública. “É o que mais amedronta as mulheres, principalmente situações de assédio e que colocam mesmo sua vida em risco. Isso precisa mudar, para que a presença delas no pedal seja cada vez maior”, conta.

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