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Testamos o Volkswagen e-Delivery, primeiro caminhão elétrico feito no Brasil

Por: Andrea Ramos . 17/11/2021
Meios de Transporte

Testamos o Volkswagen e-Delivery, primeiro caminhão elétrico feito no Brasil

Com bateria para 100 km e livre de restrição nas metrópoles, Volkswagen e-Delivery é caminhão elétrico leve para uso no transporte urbano

7 minutos, 3 segundos de leitura

17/11/2021

Por: Andrea Ramos

volkswagen e-delivery caminhão elétrico
Compacto e com opção de bateria para rodar 100 km, Volkswagen e-Delivery pode circular em zonas restritas dos grandes centros Crédito:Volkswagen/Divulgação

Volkswagen e-Delivery é o primeiro caminhão 100% elétrico feito no Brasil. O modelo, lançado há três meses, está sendo entregue aos primeiros compradores. Agora, a VWCO liberou o caminhão destinado a operações urbanas para avaliação pela imprensa especializada. O Estradão avaliou o e-Delivery na versão de entrada, que tem preço sugerido de R$ 785 mil.

Ou seja, andamos no e-Delivery 4×2 com peso bruto total (PBT) de 11 toneladas e distância entre os eixos de 3.300 mm. Essa opção tem pacote de três baterias. Segundo a Volkswagen, essa configuração tem até 100 km de autonomia. A unidade avaliada tinha um baú refrigerado. Porém, o compartimento de carga estava vazio.

Seja como for, a capacidade máxima de carga útil é de 6.320 kg. Considerando que o implemento pesa em torno de 1.000 kg, o e-Delivery avaliado pode transportar 5.320 kg de carga. De acordo com dados da Volkswagen, cada pacote de baterias pesa em torno de 190 kg. Portanto, só esse conjunto pesa uns 570 kg, aproximadamente.

Na direção

Assim, o Volkswagen e-Delivery é uma boa opção tanto para transportar grandes volumes quanto cargas pesadas. Com a vantagem de poder circular em zonas restritas a caminhões maiores nas grandes metrópoles, por exemplo. Como resultado, é uma das versões mais versáteis da gama.

Apesar da tecnologia inovadora, a VWCO manteve o design idêntico ao da versão a diesel. Dessa forma, só se nota que o caminhão é elétrico por causa do baixo ruído – que é quase imperceptível, sobretudo ao virar a chave no contato. Aliás, precisei de um tempo para notar que o veículo estava ligado. Só me dei conta de que o motor estava ligado porque o ponteiro do indicador de carga se moveu.

Nesse sentido, há uma tendência de a VWCO desenvolver um aviso sonoro para o veículo, conforme a lei demandar por questões de segurança. Esse ruído simulado de motor ajuda a notar a aproximação do caminhão e já obrigatório em caminhões elétricos de operações urbanas em alguns países da Europa.

De qualquer forma, o baixo ruído traz um certo conforto. Ainda mais depois de algum tempo a bordo do caminhão. Nesse sentido, o conforto se estende à direção, por causa da suspensão pneumática de série e que conta com sistemas de bolsões que se ajustam conforme o peso transportado. Ademais, o sistema de coxim em torno do berço das baterias deixa a condução ainda mais macia.

Sistema de propulsão exclusivo

O modelo mais leve da família de elétricos está equipado com um motor WEG 280, que perde apenas 4% de sua eficiência energética. Ou seja, esse propulsor de corrente alternada entrega 300 kW de potência (409 cv). Potência equivalente à de um caminhão pesado. Por sua vez, o torque de 220 mkgf é imediato. Entregue já na rotação zero, chegando a 1.360 rpm.

Seja como for, esse motor impressiona pela força ao arrancar. Deve-se ressaltar ainda que esse alto torque é entregue suportado pelo eixo trativo. Tornando a caixa de transmissão desnecessária no veículo. Mesmo assim, o seletor de marcha, similar ao do caminhão a diesel, está presente no interior da cabine. Porém, como um comando para o veículo sair da inércia, manobrar em marcha a ré ou manter em modo neutro.

Nessa versão, a relação de redução do eixo traseiro é de 5,13:1. E a capacidade de partida em rampa é de 23%.

Na prática, pilotar o Volkswagen e-Delivery não se difere muito do Delivery. A não ser na hora da frenagem. Porque dependendo da intensidade é possível recuperar até 40% da energia.

Leia mais: caminhão elétrico VW e-Delivery é leve e tem preço maior que o do Volvo FH 540

Benefícios da eletrificação

Dados da plataforma RIO de gestão de frota da VWCO que acompanhou o meu trajeto com o e-Delivery considerou que a cada sete minutos eu rodei em média 1,3 km. Logo, em uma média mensal o e-Delivery percorreria 2.139 km, equivalente a 19 viagens. Dessa forma, transportaria 103,5 t de carga. Um pênalti frente ao caminhão a diesel, que igual condição carregaria 125,4 t. Isso por causa da sua maior capacidade de carga líquida, de 6.450 kg.

No entanto, o custo por km rodado do e-Delivery é de R$ 1. Enquanto que no equivalente a diesel esse custo sobe para R$ 1,46. De mesmo modo, o custo por tonelada transportada no caminhão elétrico é de R$ 20,58. E no movido a diesel é de R$ 24,85.

A manutenção, durante esse tempo de uso, custaria R$ 824 no caminhão elétrico. Já no modelo a diesel o valor seria de R$ 879.

Vale ressaltar que o levantamento levou em conta o custo médio de energia. Em média o Kwh custa R$ 0,61, segundo a ANEEL. Já o litro do diesel tem preço médio de R$ 5,02, de acordo com a ANP. Assim, o custo variável mensal da versão 11 t elétrica foi de R$ R$ 2.129. Enquanto que no modelo equivalente a diesel ficou na ordem de R$ 3.117.

Levando em conta as emissões, o CO2 emitido pelo e-Delivery é zero nessas condições. Já o caminhão diesel emite de 1.099 kg.

Por tudo isso, nas condições em que eu rodei, em 30 dias com o e-Delivery, o custo por tonelada transportada seria 17% inferior frente ao custo de rodar com um caminhão diesel de 11 t. Conforme indicou a plataforma RIO.

O sistema de gestão da Volkswagen Caminhões está disponível no e-Delivery. Cabe ao gestor ativá-lo. Dessa forma, além de toda a gestão de operação, é possível acompanhar sua autonomia, bem como sua localização em tempo real.

200 unidades do e-Delivery estão vendidas

A Volkswagen comemora as vendas de 200 unidades do e-Delivery, desde o seu lançamento oficial, em julho. Os veículos desse primeiro lote serão entregues até o final deste ano. Sendo 100 unidades para a Ambev e outras 20 destinadas para a Coca-Cola Femsa. Já os 80 restantes foram pulverizados a empresas de diversos segmentos logísticos.

Seja como for, de acordo com o vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da Volkswagen Caminhões, Ricardo Alouche toda a produção de 2021 foi vendida. Ou seja, quem encomendar um e-Delivery hoje vai recebê-lo entre janeiro e fevereiro do próximo ano.

Atualmente são produzidas duas unidades por dia. Mas a intenção, segundo Alouche, é alcançar 50 unidades fabricadas diariamente até o primeiro trimestre. Assim, manter um volume para a rede para vendas ao varejo.

Vejo que o mercado está mais empolgado com o tema caminhão elétrico. Com isso, acredito que em 2022 haverá uma intensificação dos debates sobre mobilidade elétrica?, diz Alouche.

Parte dessas projeções é com base nos resultados de vendas. Mas também nas ofertas de aquisição do veículo por meio de financiamento.

Consórcio exclusivo para o Volkswagen e-Delivery

Nesse sentido, a marca deu início, nesta semana, às vendas de cotas de consórcio específico para o caminhão 100% elétrico. Para isso, está oferecendo 280 vagas com plano de 80 meses, com taxa de administração de 4%. Dessa forma, para o e-Delivery de entrada, na versão de 11 toneladas, 4×2 com três packs de bateria, as parcelas mensais partem de R$ 9,8 mil. Chegando a R$ 12 mil a parcela da versão mais completa, de 14 t com tração 6×2 com seis packs de baterias.

O consórcio do e-Delivery vai contemplar a cada seis meses 14 clientes. Diferentemente do modelo tradicional que geralmente contempla um cliente por sorteio e os demais, dois ou três clientes por lance.

Há ainda a linha Finame Baixo Carbono. Com taxa de 0,88% ao mês com prazos de até 120 meses, com até 24 meses de carência. O Banco Volkswagen ainda oferece o CDC convencional. Com taxas entre 1,3% a 1,4% ao ano e 12 meses de carência.

Nessas modalidades de financiamento, o cliente pode adquirir o veículo completo (caminhão e implemento), além da infraestrutura de recarga.

Por todos esses novos serviços, Alouche estima que em 2022 pelo menos 1% da frota de veículos urbanos para o transporte deve ser elétrica. Todavia, até 2030, o executivo estima que esse número suba para 15%.

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