Falta do cinto de segurança causa 2 em cada 5 mortes em rodovias, aponta estudo
Levantamento feito pela Arteris em 3,2 mil km de vias concedidas mostrou que 43,7% das vítimas fatais no primeiro semestre deste ano não usavam o cinto

Um levantamento semestral, feito pela Arteris, concessionária que administra 3,2 mil quilômetros de rodovias nas regiões Sul e Sudeste, revela um dado preocupante. A falta do cinto de segurança ainda é fator determinante de uma parcela expressiva das mortes nas rodovias administradas pela empresa.
Só nos primeiros semestres de 2024 e de 2025, 90 pessoas perderam a vida em acidentes em que constatou-se a ausência do equipamento. A quantidade representa duas em cada cinco mortes, ou 43,7%, do total de acidentes fatais entre veículos elegíveis ao uso do cinto de segurança (carros, caminhões e ônibus) entre os meses de janeiro e junho deste ano e do ano passado.
Em sua maioria, as vítimas eram condutores (61 mortes) e do sexo masculino: 76,6% das fatalidades (69 dos 90 casos analisados). Os dados foram divulgados pela concessionária após investigação própria. “Investigamos ao máximo a causa dos acidentes e das fatalidades”, afirma Eduardo Loewen, gerente de gestão operacional da Arteris. “Notamos um volume muito alto de vítimas que não estavam usando o cinto de segurança”.
A estatística chamou a atenção, pois as mortes nas rodovias administradas pela Arteris caíram no período. Nos primeiros seis meses de 2025, o número de mortes caiu 10,4% com relação ao mesmo período do ano passado, passando de 279 para 250 óbitos. Entretanto, a redução de mortes associadas à falta do cinto não acompanhou, na mesma proporção, a queda geral das fatalidades.
Cinto de segurança reduz em 60% o risco de morte
Os números reforçam o papel crucial do cinto de segurança na proteção de motoristas e passageiros. Afinal, essas ocorrências poderiam ter desfechos diferentes apenas com o respeito à legislação de trânsito. “Creio que alguns condutores não têm a percepção do risco que não usar o cinto representa”, observa Loewen.
Estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) reforça a importância do equipamento. O uso do cinto de segurança reduz o risco de morte em pelo menos 60% para quem está no banco da frente e em 44% para os ocupantes do banco traseiro.
Veja também: Cinto de segurança protege mais do que especialistas imaginavam; entenda
Cerca de 50% da eficácia do cinto está relacionada à prevenção da ejeção de ocupantes em caso de colisão. O estudo da Abramet alerta ainda para um dado crítico: não usar o cinto no banco de trás aumenta em cinco vezes o risco de morte de quem está no banco da frente.
Não usar o cinto é infração grave
Mesmo 36 anos depois que o uso do cinto de segurança passou a ser obrigatório em rodovias, muitos condutores insistem em não usá-lo. De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), as infrações por não uso do cinto saltaram de 90.067 registros em 2007 para 216.267, no ano passado.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, o não uso do cinto é infração grave. Além de multa de R$ 195,23, gera 5 pontos na CNH do condutor. O veículo pode ser retido até que todos os ocupantes estejam devidamente afivelados.
Afinal, a lei exige que todos os ocupantes usem o cinto. ‘Até mesmo em ônibus, todos os passageiros devem viajar usando o cinto de segurança”, lembra Loewen. Segundo o gestor operacional da Arteris, há duas maneiras de combater o problema: fiscalização e educação.
Além de realizar campanhas, como o “Tô de Cinto, Tô Seguro”, que impactam milhares de condutores e passageiros, a empresa faz parceria com as polícias rodoviárias para intensificar a fiscalização. A Arteris instalou, recentemente, 1.500 câmeras inteligentes em suas rodovias. Capazes de identificar automaticamente situações de risco, como veículos parados, e também infrações, como a falta de cinto de segurança e o uso de celular, as câmeras geram imagens depois compartilhadas com as autoridades.
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