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43% dos excessos de velocidade no País superam em 50% o limite da via, revela estudo

Por: Hairton Ponciano Voz . 24/05/2023

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43% dos excessos de velocidade no País superam em 50% o limite da via, revela estudo

Levantamento realizado pela Cobli aponta os dez Estados com os maiores índices de infrações; Mato Grosso lidera o ranking nacional, com 49% de ocorrências consideradas gravíssimas

4 minutos, 44 segundos de leitura

24/05/2023

Excesso de velocidade é um dos principais motivos de acidentes nas ruas e estradas do País. Foto: Getty Image

Estudo inédito feito pela Cobli – empresa de rastreamento de frotas, que usa videotelemetria para gerenciar e corrigir o comportamento de motoristas – concluiu que 43% dos excessos de velocidade no País superam em 50% o limite da via, o que caracteriza infração gravíssima. A empresa divulgou dados relativos aos dez Estados em que foram detectados os maiores índices de excessos. O Mato Grosso lidera o ranking, com 49% dos excessos de velocidade superando em 50% o limite da via.

O estudo englobou também as capitais desses dez Estados. Nesse caso, Cuiabá (MT) e Porto Velho (RO) aparecem empatadas em primeiro lugar, com 47% dos eventos considerados gravíssimos. Nessa categoria de penalidade, o motorista fica sujeito a receber sete pontos na CNH, além de multa de R$ 293,47.

Por outro lado, entre os dez Estados com o maior índice de ocorrências, o estudo revelou que Roraima foi o que obteve o menor número de infrações gravíssimas (32%), seguido do Rio Grande do Sul (33%). Entre as capitais com os menores índices de infrações gravíssimas está Salvador, com 14%, seguida de Porto Alegre (17%).

De acordo com o fundador e presidente da Cobli, Rodrigo Mourad, o resultado considerou somente os eventos de risco prolongado, ou seja, entraram na estatística apenas as ocorrências em que o excesso foi mantido por pelo menos 60 segundos. “Na prática, há muitos excessos de curta duração”, alerta Mourad. “É difícil justificar um excesso de velocidade por mais de 60 segundos”, diz o executivo. “Não dá dizer, ‘ah, foi sem querer, passei um pouquinho e voltei (para dentro do limite)’. É um minuto inteiro dirigindo acima do limite.”

Como a base de dados utilizada no levantamento veio da plataforma de monitoramento de frotas desenvolvido pela empresa, e não de veículos flagrados e multados pelas autoridades de trânsito, Mourad estima que o número de infrações é muito maior do que as multas aplicadas. “É quase uma multa para cada 800 infrações”, afirma.

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‘Buraco negro’

De acordo com o executivo, há um efeito de “buraco negro” gerado em áreas próximas dos radares. “A pessoa vai acima (da velocidade), freia perto do radar e depois volta a acelerar”, diz. “A confiança de saber onde estão os radares permite que o condutor cometa excessos.”

O levantamento da empresa dividiu os excessos de velocidade em três níveis de infrações: médias (até 20% além do limite da via ou do estipulado para o veículo), grave (de 21% a 50% do limite da via ou do veículo) e gravíssimo (acima de 50% do limite).

O estudo confirmou a sensação de que, de modo geral, nas capitais, as velocidades são menores. “Mas isso não é porque o motorista é melhor (nas capitais), mas sim porque há menos espaço para excessos”, diz o executivo, acrescentando que nas maiores cidades há mais trânsito urbano, enquanto no interior ele tende a ser mais rodoviário, o que eleva os riscos. “Acidentes em estradas historicamente são muito piores do que nas regiões metropolitanas”, garante.

Mais do que mostrar dados de infrações, a Cobli utiliza os resultados de sua pesquisa para melhorar os motoristas e, com isso, reduzir acidentes. “As pessoas não têm muita clareza de o que é um modo de condução adequado”, diz Mourad. “Se perguntar para uma pessoa se ela é uma boa motorista, 80% vai dizer que está acima da média”, afirma o executivo, e acrescenta: “A gente ouve coisas como ‘ah, eu faço baliza bem’, ou ‘eu troco pouco de pista'”.

De acordo com Mourad, na ausência de um parâmetro para definir o que é ser um bom motorista, a empresa utiliza um banco de dados que segundo ele conta com “centenas de milhares de motoristas e bilhões de quilômetros dirigidos”, para monitorar o comportamento dos condutores. A partir disso, é possível estabelecer critérios individuais de melhorias. “Pessoas diferentes têm problemas diferentes. Talvez eu dirija muito rápido; outro acelera demais; e outro fica muito perto do carro da frente. A tecnologia permite trabalhar em escala com pessoas diferentes”, diz. Segundo ele, “tem de ser alguma coisa automatizada, para que a gente consiga reduzir acidentes”.

O sistema da Cobli dá um feedback específico para o motorista, informando se houve algum evento de risco. Por meio de aviso sonoro, o condutor é alertado se está muito próximo do carro da frente, por exemplo. Mourad garante que esse é um caminho para a mudança de hábito. “Com câmera no carro, você começa a entender quando fez algo errado, porque a gente se acostuma a fazer coisas como mexer no celular ou passar um pouco da velocidade permitida”, diz. “Aí começa a tomar cuidado para ‘o negócio não apitar mais’.” Além dessa correção, a Cobli também ajuda as empresas frotistas a criar políticas que auxiliem os motoristas a dirigir de maneira mais segura.

Os 10 Estados com maior incidência de excessos de velocidade gravíssimos*

1 – Mato Grosso49%
2 – Maranhão47%
3 – Rondônia46%
Goiás46%
5 – Tocantins43%
6 – Ceará41%
Pará41%
8 – Bahia39%
9 – Rio Grande do Sul33%
10 – Roraima32%
*Acima de 50% do limite da via ou do veículo

Ranking das 10 capitais dos Estados com maior índice de infrações gravíssimas*

1 – Cuiabá 47%
Porto Velho47%
3 – Belém 40%
 São Luís40%
5 – Palmas39%
6 – Boa Vista35%
Fortaleza35%
8 – Goiânia32%
9 – Porto Alegre17%
10 – Salvador14%
*Considera apenas os Estados com maior número de ocorrências. Fonte: Cobli

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