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‘Anjos da guarda’ eletrônicos reduzem acidentes e despesas em transportadora

Por: Hairton Ponciano Voz . 17/10/2023

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‘Anjos da guarda’ eletrônicos reduzem acidentes e despesas em transportadora

Com treinamento e tecnologia, gastos, que chegaram a cerca de R$ 3 milhões em 2019, caíram para R$ 150 mil no ano passado, informa Jamef

4 minutos, 51 segundos de leitura

17/10/2023

Por: Hairton Ponciano Voz

homem dirigindo caminhão
Inovações trazem mais segurança e economia para os frotistas. Foto: Getty Images

Quando a Jamef — transportadora que está completando 60 anos — decidiu investir em tecnologia, com câmeras e inteligência artificial, para monitorar as viagens de seus 500 caminhões, a empresa enfrentou resistência por parte dos profissionais.

“Tudo era muito novo, e chegamos a perder bons motoristas por causa disso”, relembra o gerente de tráfego e manutenção de frota da empresa, Juliano Alba. “Eles entenderam que a empresa queria vigiar o trabalho deles”, diz. “Hoje, eles não conseguem viver sem isso. Até avisam quando o equipamento não está funcionando, porque enxergam como algo voltado à própria segurança.”

Dessa forma, de acordo com o gerente, a mudança pode ser expressa em números. Antes de a transportadora – uma das maiores do País – fazer o investimento em treinamento e tecnologia, a empresa registrava em média um acidente grave por mês. “Após a implantação do Paz, nosso Programa de Acidente Zero, chegamos a ficar quase três anos sem ter um acidente grave”, garante.

Alba informa que, em 2019, a transportadora teve um custo próximo de R$ 3 milhões com consertos e perdas de caminhões, montante que caiu para R$ 150 mil no ano passado.

O investimento, estimado em cerca de R$ 800 mil em 2019, “se pagou em sete meses”, garante. Segundo ele, a iniciativa – que inclui câmeras dotadas de inteligência artificial, telemetria e rastreadores – foi aplicada de uma só vez em toda a frota, envolvendo não apenas os caminhões, mas também os semi-reboques. Alba diz que cada “equipamento” (caminhões e semi-reboques) tem quatro rastreadores.

Segundo o executivo, a tecnologia é vista como um “anjo da guarda” do motorista, porque adverte sobre situações de risco. Os caminhões são equipados com câmeras (interna e externa) e um sistema de inteligência artificial capaz de detectar possível fadiga do motorista (por meio de leitura de íris), além de uso de celular e outras situações consideradas inadequadas para a segurança.

Além da redução de acidentes, a telemetria tem auxiliado também no projeto de condução econômica da empresa. Alba diz que o sistema dá nota para o motorista, dependendo da forma como dirige. E garante que, com isso, a economia de combustível na média superou os 15%.

O equipamento está interligado à central da empresa, que funciona 24 horas por dia, 365 dias por ano. Alba explica que o dispositivo possibilita conversa do operador, que fica na central de monitoramento, com o motorista, “a qualquer momento, sem necessidade de pegar o celular”, diz o gerente.

Segundo ele, atualmente a central de segurança viária é uma área vital para a empresa: “Não dá mais para viver sem ela”, garante. Alba diz que, caso a central constate qualquer anormalidade — que pode ser alguma demonstração de cansaço —, o operador imediatamente entra em contato com o motorista para entender como ele está, se está em condições de continuar viagem.

Redução de acidentes e prêmio

O gerente da Jamef diz que, quando a empresa decidiu que queria acabar com os acidentes, contratou consultoria, treinou motoristas, mas chegou à conclusão de que sem tecnologia não conseguiria atingir a meta. Na época, com os estudos, Alba concluiu que as empresas trabalhavam muito na forma de “auditoria”: após a ocorrência de um acidente, tentava entender o que havia acontecido.

A partir disso, a transportadora decidiu ampliar o gerenciamento que a empresa já tinha, mas que ficava restrito à carga. “Tínhamos um gerenciamento de risco que cuidava da carga. Aí, pensamos: ‘Por que não fazer isso também com a segurança viária?’.”

Segundo o gerente, com a central acompanhando a viagem online, o motorista não toma a decisão sozinho. “Às vezes, o condutor não tem consciência do risco, mas o operador tem”, diz. Diante de qualquer anormalidade, o operador entra em contato, e pode sugerir para o motorista parar um pouco.

Alba garante que, a partir dessas ações, já foi possível notar declínio nas ocorrências. “Chegamos a ficar dois anos sem acidente (grave).” Ele cita que a iniciativa rendeu em 2020 um prêmio do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp)

Mais do que tecnologia

O gerente da Jamef, no entanto, faz questão de ressaltar que, além da tecnologia, o fator humano continua a ser fundamental. “Nossos motoristas têm um perfil diferenciado”, enaltece. Alba diz que, para contratação, a empresa busca profissionais que estejam alinhados com a cultura da empresa. “Além do teste prático, o motorista passa por entrevista com psicólogo, que procura saber se ele se identifica com a operação.”

Após a contratação, Alba informa que o profissional passa por um processo de imersão de uma semana, uma integração para conhecer processos da empresa e o programa de segurança viária. Depois dessa fase, fica mais 30 dias dirigindo com “motorista padrinho”, para que ele conheça as particularidades, as rotas e a tecnologia.

Alba também destaca que a empresa mantém uma psicóloga que faz o atendimento tanto online como presencial. “Se um profissional está com algum problema de fadiga, um sintoma que não apresentava antes, a gente tira ele da escala, passa pela psicóloga”, diz.

Além disso, o gerente informa que a preocupação com o conforto e o descanso do motorista é constante. Ele destaca que todas as filiais da Jamef (são mais de 40 no País) possuem alojamento. “Nenhum motorista dorme dentro do caminhão”, garante. “Dorme em quartos individuais, com ar-condicionado, cozinha e sala de TV.” Ele acrescenta que alguns alojamentos dispõem de academia com instrutores.

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