Avaliação: nova BMW F 900R é moto naked com pitada de ‘esportividade’
Aceleramos a nova naked da marca alemã na pista! Com preço a partir de R$ 64.900, F 900R é opção para quem procura uma moto para o dia a dia e também para se divertir no fim de semana
A nova BMW F 900R chega às lojas agora em janeiro. Primeiro dos sete lançamentos prometidos pela BMW para o Brasil até 2025, o modelo coloca a marca alemã de volta à briga do segmento naked. As motos “peladas”, ou seja, sem carenagem, já foram as preferidas dos brasileiros, mas têm perdido espaço para as aventureiras.
Embora pareça ser uma simples evolução da antiga F 800 R, tanto pelo nome, como pelo motor bicilíndrico, a nova F 900R é mais do que isso. Trata-se de uma moto naked inédita com proposta mais esportiva do que o modelo anterior de 800 cc.
O modelo será fabricado em Manaus (AM) e chega às lojas em duas versões. Chamadas de Sport e Sport + (plus), elas se diferenciam pelos itens de série e também pelo pacote eletrônico.
A BMW F 900R Sport, com dois modos de pilotagem, terá preço sugerido de R$ 64.900 e a opção de cor preta metálico. Já a versão Sport +, com mais eletrônica e assistente de troca de marchas, entre outros itens, estará disponível na cor Racing Blue (azul e branca), por R$ 73.500.
Antes de a nova BMW F 900R chegar às lojas, pude acelerar as duas versões da naked na pista do Circuito Panamericano, no interior de São Paulo. Confira as primeiras impressões.
Na pista com a BMW F 900R
Para dar uma “pegada” mais esportiva à nova F 900R, a BMW adotou um novo chassi, semelhante ao utilizado na F 750 e F 850 GS. Além de ter o motor como parte da estrutura da moto, traz o tanque de combustível de volta à frente do piloto. A massa concentrada mais à frente da moto faz com que seja tão fácil entrar nas curvas com a F 900R como se estivesse ao guidão de uma super esportiva.
A geometria do chassi também foi pensada para que a nova F 900R tenha uma condução mais esportiva. Não apenas para andar na pista, mas também para um divertido passeio por uma estrada sinuosa.
Com um ângulo de cáster mais agudo que sua antecessora, a naked de 900 cc aponta com facilidade na entrada e transmite confiança para contornar curvas. Essa característica, porém, deve prejudicar um pouco o raio de giro e a agilidade do modelo no trânsito urbano.
Suspensões e freios da F 900R
O bom conjunto de suspensões também merece destaque. A roda dianteira usa garfo telescópico invertido, com tubos de 43 mm e 135 mm de curso.
Embora não ofereça ajustes, tem um acerto mais “esportivo” do que em outras motos naked e se saiu muito bem na pista. Já a roda traseira tem braço oscilante monoamortecido. Com ajuste da pré-carga da mola, o amortecedor tem 142 mm de curso.
As rodas de liga-leve calçam pneus Pirelli Diablo Rosso III, nas medidas 120/70 ZR 17 (dianteira) e 180/55 ZR 17 (traseira). Os freios são à altura da proposta: disco duplo com pinças radiais, na dianteira, e disco simples, na traseira, ambos da grife Brembo.
Motor da F 900R brasileira tem só 85 cv
O conjunto ciclístico, afinal, foi pensado para dar conta dos 105 cv de potência máxima que a F 900R ostenta na Europa. No Brasil, entretanto, o motor de dois cilindros, também derivado da F 850 GS, tem 895 cm³ de capacidade, mas apenas 85 cv de potência máxima a 8.500 rpm. Assim como em outros modelos, a BMW foi obrigada a conter o desempenho do bicilíndrico para atender às normas de emissão de ruídos da legislação brasileira.
Com isso, a fabricante alemã fez alterações na central eletrônica para reduzir a potência dos 105 cv para 85 cv e o torque de 92 Nm para 88 Nm a 6.500 giros. “Amarrado”, o motor consegue ser homologado no País.
Vale ressaltar que, apesar de ter praticamente a mesma potência que tinha a F 800R, o motor da F 900R é menos vibrante que o anterior. Com duplo comando nas quatro válvulas e eixos balanceiros, sobe de giros mais rapidamente, além de ser mais suave e linear que o de 800 cc.
Não sou de avaliar uma moto apenas pela sua ficha técnica, mas, na prática, ainda mais em uma pista, a potência faz falta. Afinal, são 20 cv (quase a cavalaria de uma Yamaha de 250 cc) a menos na versão brasileira.
Velocidade beira os 200 km/h
Ao final da reta na pista do Circuito Panamericano, mais potência se traduziria em velocidades finais mais altas do que os 186 km/h alcançados com a versão Sport+. Na estrada, talvez, o motociclista nem sinta tanta diferença, pois o motor ainda esbanja torque.
Apesar de o valor máximo de 88 Nm ser alcançado aos 6.500 rpm, quase 90% desse torque máximo já está disponível a 2.500 giros. Essa característica do bicilíndrico resulta em acelerações vigorosas e retomadas emocionantes, fazendo da nova naked de 900 cc da BMW uma moto muito divertida de pilotar.
A posição de pilotagem mais esportiva do que no modelo anterior contribui para um melhor controle da naked. O quadro é mais fino, na parte dianteira, e as pedaleiras são mais altas e recuadas. Com o guidão, posicionado mais à frente, o condutor assume uma postura mais agressiva.
Eletrônica garante segurança e conectividade
Para garantir a segurança, a F900R já sai de fábrica com, pelo menos, dois modos de pilotagem: Rain e Road. Pré-definidos, ajustam o controle de estabilidade, para evitar derrapagens da roda traseira com o bom torque da naked, além de a resposta do motor, de acordo com a situação.
Na Sport+, há mais modos de pilotagem, com um controle de tração (DTC) mais sensível e voltado à esportividade. Também é possível ajustar a atuação do freio motor. Destaque ainda para o assistente de troca de marchas e o sistema de partida sem chave (Keyless), exclusivos da versão mais cara.
Em ambas o painel é digital com tela de TFT de 6,5 polegadas. Com conexão Bluetooth, permite emparelhar o celular por meio de um aplicativo dedicado da BMW Motorrad. Na Sport+, existe ainda uma espécie de telemetria que coleta dados como velocidade final e até a inclinação nas curvas – no meu caso, cheguei a 47°, bom ângulo de inclinação para uma moto naked original de fábrica.
Conclusão
Com uma ciclística “esportivo”, porém com um motor amansado, a nova BMW F 900R chega para disputar o segmento naked. O modelo também amplia as opções do line-up da marca alemã no Brasil. Muito focado na linha GS, o portfólio da BMW no País tem mais uma opção para quem não quer uma moto aventureira.
Com tecnologia de sobra, acabamento esmerado, e um bom conjunto, a nova F 900R é uma excelente opção para quem procura uma naked versátil. Confortável e ágil para rodar na cidade e esportiva o suficiente para se divertir em uma serra no final de semana.
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