Depois dos veículos comerciais de menor porte, os caminhões elétricos começam a ganhar espaço nas operações logísticas das empresas. Nessa área, a Volkswagen tem o e-Delivery, a BYD oferece eT7 e T18 e a JAC é representada por EJT12,5 e EJT18,0.
Agora surge um novo personagem, o caminhão Scania P25 6×2, com autonomia de 200 quilômetros. Ele foi comprado pela PepsiCo, empresa de alimentos e bebidas, para operar entre os centros de distribuição das cidades paulistas de Cabreúva, Itu, Valinhos, Indaiatuba e Sorocaba.
A compra do semipesado importado da Suécia faz parte da estratégia global da empresa, batizada de PepsiCo Positive (pep+). “A missão desse programa é transformar nossa cadeia de valor de ponta a ponta, reduzir em 40% as emissões de gases de efeito estufa até 2030 e chegar a zero em 2040”, afirma Anderson Pinheiro, diretor de logística da PepsiCo Brasil, em entrevista ao Mobilidade.
A política da PepsiCo rumo à descarbonização é forte. A empresa tem no Pais uma frota de quatro mil veículos, sendo 160 elétricos e GNV. Em 2020, ela passou a usar dez caminhões elétricos e 18 unidades movidas a GNV, responsáveis por diminuir em 23% as emissões de CO2, em comparação aos caminhões tradicionais.
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“Até hoje, a frota deixou de emitir cinco mil toneladas de CO2, valor equivalente ao plantio de mais de 36 mil árvores”, destaca Pinheiro. “Além disso, a PepsiCo implementou painéis de filmes fotovoltaicos orgânicos em 250 caminhões. É uma tecnologia pioneira, para a recarga utilizando energia solar.”
O sistema, chamado Orenge, contribuirá para reduzir ainda mais a pegada de carbono da companhia, ao evitar o despejo anual de 7,8 toneladas de CO2 na atmosfera.
Segundo Pinheiro, a frota primária da PepsiCo (composta por 250 veículos) recebeu painéis solares a fim de absorver a energia necessária para alimentar a bateria.
Outra medida em prol da sustentabilidade é o aproveitamento de material reciclável. A PepsiCo usa em seus caminhões 400 baús produzidos com fibras extraídas de garrafas PET e embalagens de plástico flexível de snacks pós-consumo.
“Com essa iniciativa, utilizamos nos baús 10 toneladas de plástico, o equivalente a 150 mil garrafas PET e 370 mil embalagens”, diz o executivo.
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Se a Scania acaba de entrar no segmento dos elétricos, a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) segue expandindo suas negociações com as empresas com o e-Delivery, que estreou em 2021.
Até agora, a fabricante já comercializou 500 unidades do e-Delivery, desenvolvido especialmente para o mercado brasileiro. “O veículo, que está preparado para diferentes aplicações, atende a certos nichos e em pequenos volumes”, define Argel Franceschini, gerente executivo de e-Mobility da VWCO.
Para ele, o e-Delivery tem grande capacidade de inovação. “Um dos destaques é a versatilidade para o segmento urbano, porque é o caminhão elétrico com mais variantes de aplicação no Brasil. De Norte a Sul, ele é encontrado com mais de dez implementos diferentes”, diz.
Franceschini dá alguns exemplos. O e-Delivery está nas ruas na distribuição de bebidas e no transporte de combustível. Além disso, o veículo pode operar em condições severas, como a de coleta de resíduos ou com cargas frigorificadas.
“Nada melhor do que um caminhão sob medida para a atividade do cliente, com baixo impacto ambiental, emissão zero de poluentes e custo de manutenção reduzido”, ressalta Franceschini.
Para o transporte de bebidas, a VWCO tem parceiros importantes, como Ambev e Coca-Cola, rival da PepsiCo que preferiu a Scania. Um dos implementos usados nesse trabalho é o baú de alumínio, ideal para entregas urbanas.
O e-Delivery também atua em operações especiais. No Aeroporto de Guarulhos (SP), ele é dotado de toda infraestrutura para levar o combustível dos tanques subterrâneos até os aviões. Já no Aeroporto de Manaus (AM), o caminhão está a serviço da BR Aviation e da Pioneiro Combustíveis.
Outra parceria de sucesso acontece com a Audi para as primeiras entregas 100% sustentáveis de veículos no país. O e-Delivery assumiu o transporte oficial do modelo Audi RS eTron GT para seus novos proprietários.
Para isso, o modelo versão 4×2 de 11 toneladas ganhou plataforma-guincho para o transporte dos automóveis, garantindo a segurança no trajeto das lojas até as garagens do consumidor.
Seja com caminhões ou automóveis de passeio, o crescimento da frota de veículos elétricos no Brasil vem exigindo investimentos na infraestrutura de recarga.
A Enel X, divisão do Grupo Enel, inaugurou, no dia 6 de fevereiro, seu primeiro hub de recargas. Localizado no estacionamento do Shopping SP Market, zona sul de São Paulo, o eletroposto pode abastecer 20 veículos ao mesmo tempo.
Ocupando uma área de 230 m², a estação oferece a possibilidade de recargas rápidas, que duram só 30 minutos. Com 195 kW de potência instalada, o hub permite o pagamento pelo aplicativo da empresa Zletric.
“Ao aumentar o número de eletropostos que combinam segurança, conforto e rapidez, reforçamos a confiança do consumidor na aquisição de veículos elétricos”, acredita Francisco Scroffa, diretor geral da Enel X. Em 2023, a empresa instalou mais de 500 carregadores públicos e semipúblicos no País.
“Eles foram colocados em estradas, postos de combustíveis, áreas comerciais, industriais e residenciais”, diz o executivo. “É o nosso compromisso com a inovação e a sustentabilidade na eletromobilidade brasileira.”