Descarbonização. Congonhas inicia transporte de passageiros com 10 ônibus elétricos
Aeroporto da capital paulista é o primeiro do País a usar frota de veículos movidos a bateria para fazer embarque e desembarque remotos dos viajantes

O Aeroporto de Congonhas, localizado na zona sul de São Paulo, iniciou, em fevereiro, a operação de uma frota de 10 ônibus totalmente elétricos para o transporte de passageiros no embarque e desembarque. Todos os veículos são da versão Azure A12BR, fabricada pela chinesa Higer, representada no Brasil pela empresa TEVX.
A atividade pioneira no País começou um ano depois de um período de testes, no qual a Aena Brasil, operadora aeroportuária que administra Congonhas e mais 16 aeroportos brasileiros, avaliou vários modelos de ônibus movidos a bateria para levar os passageiros até a porta dos aviões e também o percurso contrário.
“Com a incorporação do Azure A12BR, tiramos de circulação os dez ônibus a diesel mais antigos da nossa frota de 23 veículos”, afirma Marcelo Bento Ribeiro, diretor de Relações Institucionais, Comunicação e ESG da Aena Brasil. Hoje, Congonhas tem 12 portões de embarque remoto, número que saltará para 19 depois das obras de ampliação, cujo término está previsto para junho de 2028.
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Congonhas prevê frota 100% ‘limpa‘
“A meta é que, futuramente, nossa frota seja composta apenas por ônibus elétricos. Mas a abertura de novos portões de embarque não implica, necessariamente, no crescimento da quantidade de veículos, porque os acessos ficarão mais próximos das aeronaves”, diz. “É até provável que a demanda por ônibus caia.”
A Aena investiu R$ 28 milhões da compra dos 10 ônibus da Higer, que fez as adaptações necessárias no Azure A12BR para o trabalho em Congonhas. Os veículos possuem piso baixo para facilitar o embarque e desembarque nas três portas de pessoas com mobilidade reduzida, tomadas USB em todos os assentos, ar-condicionado com saídas individuais e vidros com tratamento contra raios ultravioleta, que proporcionam mais conforto térmico aos passageiros.
O Azure A12BR mede 12,2 metros de comprimento e transporta até 76 pessoas. A bateria de 385 kWh pode ser recarregada em três horas e proporciona autonomia de cerca de 300 km com uma única carga, graças também ao sistema de freio regenerativo, que recupera até 30% da energia durante o uso. Segundo a Aena, os ônibus elétricos deixarão de despejar 464 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, equivalente a 25% de toda a emissão da operadora no Brasil.
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Simuladores para treinamento de motoristas
“Decidimos pela aquisição de veículos de uma só marca por causa da qualidade do produto, que atende às nossas necessidades, e pela praticidade na hora da manutenção”, destaca Ribeiro. Em contrapartida, a TEVX Higer forneceu a infraestrutura de recarga ao construir uma estação com todo o dimensionamento de rede e a possibilidade de reabastecer seis ônibus ao mesmo tempo, depois da jornada de trabalho das 6 h às 23 horas. Além disso, daqui a dois meses, a companhia receberá novos simuladores, aplicados para acelerar o treinamento dos motoristas dos ônibus elétricos.
O CEO da TEVX Higer, Cadu Souza, vai além ao descrever as vantagens do Azure: “Ao longo do processo de escolha dos ônibus, algumas marcas concorrentes tiraram parte do pacote de bateria dos veículos para conseguir reduzir o preço, restringindo a autonomia. Não participamos de testes para fingir que temos performance. Nossos ônibus são usados como se estivesse em condições reais”.
Novos aeroportos
A preferência da Aena pelos ônibus da Higer arrancou um comentário de uma fabricante concorrente dirigido a Cadu Souza. “Ele me disse ‘não pense que será sempre assim’ a respeito de futuras escolhas”, destaca. “De toda forma, desejamos incrementar nossa participação nos aeroportos, como o Gilberto Freyre, de Recife (PE), e Confins, em Belo Horizonte (MG).”
As propostas já estão na mesa da Aena, mas, no caso do aeroporto de Recife, a adoção de ônibus elétricos para transportar passageiros pode levar mais tempo. “Os estudos estão analisando o custo-benefício e a capacidade de operação no espaço aeroportuário”, revela o executivo da Aena.
A entrada dos ônibus na frota da Aena acontece no momento em que a TEVX Higer apresentou mais quatro novos modelos elétricos, três deles da linha Azure (confira a seguir). Segundo Cadu Souza, existem 30 unidades do Azure circulando no País e ele também se encontra em fase de testes para operação urbana nas cidades de João Pessoa (PB) e Rio de Janeiro (RJ).
“Vencemos as licitações para entregar 50 ônibus para Niterói (RJ), 30 para Belém (PA) e 30 para o Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro)”, revela. “A grande novidade, porém, é o ônibus da Higer movido a hidrogênio verde para transportar funcionários públicos de Brasília (DF), com início de operação marcado para junho.”
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Higer reforça família Azure com mais três modelos

A família de ônibus Azure ganhou mais três reforços, todos movidos a bateria: Azure A9BR, A13BR e A18BR. Além deles, a Higer Bus lançou o luxuoso Fencer, já vendido no mercado europeu.
Todos compartilham o sistema de engenharia integrada desenvolvido para a propulsão elétrica e a configuração de piso baixo total, associado ao sistema de “ajoelhamento” da suspensão, que facilita o embarque e desembarque dos passageiros.
O A9BR foi projetado para o transporte urbano e escolar e tem autonomia de 250 quilômetros. A combinação do ar-condicionado ecológico com isolamento térmico interno garante climatização uniforme durante as viagens.
Com capacidade para 80 passageiros e autonomia de 270 quilômetros, o A13BR alia design moderno e tecnologia avançada para atender às demandas do transporte urbano. Equipado com bateria de 385 kW, ele é robusto e prima pela durabilidade. Para a TEVX Higer, o Azure A18BR é apropriado para o transporte urbano. Com 18,7 metros, piso baixo total e autonomia de 270 quilômetros, o ônibus tem vocação para suprir as grandes cidades.
Por fim, o modelo premium Fencer mede 12,9 metros e pode rodar 300 quilômetros com uma carga de bateria.

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