Na cidade de São Paulo, morar longe do trabalho é um impacto da mobilidade urbana já conhecido na vida da população. É porque a concentração da maior parte dos empregos e das moradias estão em áreas diferentes da capital paulista. A consequência? A baixa qualidade de vida dos paulistanos, que gastam tempo e dinheiro demais para ir e vir.
Contudo, ter a vida afetada pelos deslocamentos diários não é exclusividade dos paulistanos. A mobilidade urbana impacta a todos nós e as estatísticas listadas a seguir são provas disso.
Este é o valor estimado do que a economia deixou de produzir enquanto estávamos nos deslocando em 37 áreas metropolitanas do País. O número compõe o estudo divulgado em 2019 pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), feito com base nos dados da PNAD/IBGE.
Esta é a estimativa do custo socioeconômico da mobilidade urbana no Brasil, de acordo com a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). A divulgação do levantamento aconteceu em 2019. Nessa conta entram gastos individuais de usuários de transporte ou empregadores. Além de recursos do Poder Público para manter o sistema funcionando e os impactos sociais da movimentação das pessoas.
O dado é da pesquisa feita em 2019 pela 99, empresa de tecnologia voltada à mobilidade urbana, em parceria com a Ipsos. O estudo revelou que os brasileiros gastam, em média, 1h20 para se deslocar para as atividades principais do dia. Ainda mais: esse gasto chega a 2h07 para que se cumpram todos os deslocamentos diários. Na somatória do ano, esse tempo é o equivalente a 32 dias no trânsito – um impacto e tanto da mobilidade urbana na vida do brasileiro.
O dado é da pesquisa Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana feita em 2020 pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência. Entre os que usam transporte coletivo público todos os dias, ou quase todos os dias, o tempo médio é de 2h31. São 4 minutos a mais do que em 2019. Já o tempo médio de deslocamento entre as pessoas que usam carro todos os dias é de 1h29.
São 31 minutos esperando pelo transporte público na capital do Pernambuco, de acordo com o Relatório Global Moovit sobre Transporte Público 2020. Logo em seguida vem Salvador, com 28 minutos. Recife também lidera na espera longa: 65% dos passageiros aguardam por mais de 20 minutos. Segundo o estudo, o tempo médio de espera não diminuiu em nenhuma cidade em relação a 2019.
A afirmação é da urbanista Alejandra Maria Devecchi, gerente de planejamento urbano da Ramboll, empresa dinamarquesa de planejamento em infraestrutura especializada em questões ambientais. “Na região metropolitana de São Paulo, há uma clara dissociação entre a localização do emprego e a da moradia, com grande parte da população levando entre duas e três horas para chegar a seus trabalhos diariamente”, explica. De acordo com ela, esse impacto de mobilidade urbana representa 5 milhões de empregos e 2 milhões de pessoas residindo nessas áreas. “Os demais, ou 3 milhões de trabalhos, são distribuídos entre pessoas que se deslocam das mais diversas regiões metropolitanas para o centro”, diz.
Isso porque o custo do transporte é maior para quem percorre maiores distâncias. O levantamento faz parte do Mapa da Desigualdade 2020, da Casa Fluminense. E foi feito com base em dados das prefeituras de 22 cidades que compõem a região metropolitana do Rio de Janeiro e as empresas de ônibus.
Segundo o relatório da Moovit, esse é o índice das viagens na capital paranaense, que está acima de capitais europeias como Berlim e Paris. O transporte intermodal, a integração entre mais de um tipo de veículo no deslocamento, é uma das soluções para diminuir as baldeações e minimizar esse problema de mobilidade urbana.