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Goiânia incentiva transporte público, mas transporte individual explode

Por: Erick Souza, especial para o Mobilidade . 20/11/2023
Mobilidade para quê?

Goiânia incentiva transporte público, mas transporte individual explode

Entre 2003 e 2019, uso de transporte individual aumentou 59%

3 minutos, 48 segundos de leitura

20/11/2023

Goiânia incentiva transporte público
Transporte público conta com programas sociais para incentivar moradores. Foto:

De acordo com o estudo Estimativa da Matriz Origem, o transporte individual em Goiânia cresceu de 35% para 59,6% entre 2000 e 2019, último ano com dados coletados. Ao mesmo tempo, o uso de transporte coletivo caiu de 37,7% para 37,5%.

A coleta dos dados foi realizada virtualmente, em 2022, e levou em consideração viagens realizadas por carros e motos privados e intermediadas por plataformas digitais. Realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), a pesquisa também contou com a parceria da Secretaria Municipal de Mobilidade de Goiânia, a Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo, a Secretaria de Tecnologia e Inovação de Goiânia e a REDEMOB.

“A cidade está configurada para dar mais facilidade para o carro”, afirma Ronny Medrano. Segundo o professor do departamento de Engenharia de Transportes da UFG, o tempo de deslocamento é um dos principais fatores decisivos entre os moradores.

Leia também: Após um ano de BRT, mobilidade urbana em Salvador ainda depende do sistema rodoviário tradicional

Enquanto o usuário de transporte individual leva, em média, 45 minutos para se locomover na cidade, no transporte público, esse mesmo trajeto pode se estender por mais de duas horas. “Isso mostra que há uma iniquidade nos usos de transporte, os carros e as motos estão sendo privilegiados”, pontua.

A frequência dos ônibus nos horários entrepico, quando há menos circulação de passageiros, é outro fator. “Os ônibus demoram de 30 a 40min, o que termina restringindo as pessoas e isso as motiva a saírem do sistema, principalmente quando é mais rápido pegar uma viagem por aplicativo ou uma moto”, explica.

A queda no uso do transporte público também sofreu com a pandemia. “Muitas pessoas mudaram de emprego ou ficaram desempregadas [neste período], ou ainda eram usuárias do transporte público e ficaram em empregos remotos”, afirma Medrano.

Transporte público em Goiânia

“O sistema está tentando se reinventar. Recentemente, o governo municipal lançou uma nova política de passe livre do trabalhador e o passe família, tentando incentivar o uso de transporte coletivo”, afirma o professor. No último ano, a prefeitura de Goiânia implementou um pacote de projetos para incentivar o uso de transporte público.

A primeira reformulação aconteceu ainda em 2021, no meio da pandemia. De acordo com o Tarcísio Abreu, diretor da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), o novo sistema introduziu subsídio para a operação atual, a partir da lei complementar nº 169.

“A partir dessa reestruturação, a tarifa vem sendo paga dentro desse processo, possibilitando lançarmos vários produtos tarifários temporais”, afirma Abreu. Dentre esses produtos foram implementados bilhete único para moradores com direito a meia tarifa e passe livre para trabalhadores, por exemplo. Atualmente, 64% dos goianienses utilizam o bilhete único.

O passe livre para trabalhadores funciona em convênio com as empresas. “Hoje, em média, uma empresa pagaria R$ 222 [para o funcionário]. Agora, ela paga uma assinatura de R$ 160 e o trabalhador, ao invés de ter duas viagens [de ida e volta], ele tem oito por dia”, explica.

Em fevereiro deste ano, a prefeitura também implementou o cartão família. Essa modalidade permite que até cinco pessoas utilizem o transporte público a partir de apenas uma tarifa. O cartão funciona apenas aos finais de semana e possuem reconhecimento facial para validação do desconto.

Demandas atuais

De acordo com o diretor da CMT, uma das principais prioridades, hoje, é a melhoria da qualidade do serviço. “Precisamos atualizar a frota, que hoje tem mais de 11 anos, reduzir o tempo de viagens e desenvolver a gestão do BRT”, afirma.

Segundo ele, a demanda do transporte público na capital é equivalente a de 2017, antes da crise sanitária. “No entrepico, após o pico da manhã e da noite, a perda da frota foi muito grande. Então, o que nós observamos, tem a ver com o reflexo da superlotação e a frequência”, explica Abreu, sobre as reclamações mais comuns dos passageiros.

Em outubro, a lei complementar nº 187 aprovou a reorganização da prestação dos serviços de transporte público coletivo na Grande Goiânia, região que engloba as cidades metropolitanas. A lei também dá incentivos às empresas prestadores de serviço para o contrato de novas frotas, incluindo veículos elétricos.

Hoje, na região metropolitana, são 19 municípios cobertos pela RMG, todas gerenciadas pela mesma gestão e, por isso, contam com o mesmo bilhete unificado de ônibus.

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