Três soluções logísticas para quem vive em locais sem CEP

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Conheça três soluções de entrega de mercadorias para quem vive em locais sem CEP

Por: Daniela Saragiotto . Há 14 dias

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Mobilidade para quê?

Conheça três soluções de entrega de mercadorias para quem vive em locais sem CEP

Em torno de 24,4 milhões de endereços no Brasil não possuem numeração, de acordo com o IBGE

3 minutos, 46 segundos de leitura

18/03/2025

Moradores de comunidades como Jaguaré, em São Paulo, têm dificuldade em receber encomendas. Foto: Getty Images
Moradores de comunidades como a do Jaguaré, em São Paulo, têm dificuldade em receber encomendas. Foto: Getty Images

O Brasil possui 24,4 milhões de endereços sem numeração ou CEP, o que representa em torno de 22,8% do total do País, de acordo com o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Além disso, cerca de 2,7 milhões de endereços se localizam em ruas e outras vias sem nome, impossibilitando a atribuição de um código de endereçamento postal (CEP) individualizado.

Leia também: Mobilidade urbana e justiça racial: desafios e desigualdades nas cidades brasileiras

Essa realidade, de pessoas que não conseguem receber mercadorias, nem contam com um endereço para comprovação em diversas situações, tem impacto negativo na vida de milhares de brasileiros, o que aumenta a desigualdade social e a segregação. Além disso, cria barreiras ao consumo e ao exercício de direitos básicos. Algumas empresas, entretanto, passaram a olhar para esse desafio social como oportunidade de negócio.

Armários inteligentes para quem não têm CEP

Os armários inteligentes são um exemplo disso. Eles permitem que moradores de comunidades periféricas, ou mesmo de áreas rurais desprovidas de CEP, possam receber diversos tipos de encomendas.

Elton Matos, sócio-fundador e CEO da Airlocker, primeira franquia brasileira de armários inteligentes totalmente autogerenciáveis, explica que a empresa surgiu com o objetivo de fornecer lockers para lavanderias.

“No entanto, com a pandemia e o crescimento do e-commerce, percebemos a oportunidade para algo ainda maior, o armazenamento de entregas. E, com isso, atender a crescente demanda por soluções práticas para recebimento de encomendas em condomínios e centros comerciais”, explica Matos.

O funcionamento é simples: o consumidor escolhe e indica um armário como ponto de entrega, localizado próximo à sua residência e, quando a encomenda é depositada, ele recebe uma notificação via SMS ou e-mail com um código de acesso único ou QR code.

“Para a retirada, basta inserir ou escanear o código no painel do armário, que libera automaticamente o compartimento correspondente. O processo é seguro e quem recebe a mercadoria não paga nada”, afirma o CEO da Airlocker.

São três tamanhos de armários: pequenos, médios e grandes. “Nos pequenos cabem encomendas como envelopes e pequenas caixas. Os médios podem armazenar caixas de tênis, por exemplo. O grande é compatível com entregas de eletrodomésticos como uma TV de até 40 polegadas”, afirma.

Operando no sistema de franquia, a empresa tem 340 armários em 21 Estados brasileiros, além de uma unidade em Luanda, capital de Angola, na África.

Desbloqueando CEPs em comunidades

Outra inicativa foi criada por Giva Pereira, empreendedor social que criou o Favela Brasil Xpress, um projeto que nasceu na comunidade de Paraisópolis, zona sul da capital paulista, onde ele mora, e consiste em em criar pontos estratégicos nas comunidades que funcionam como endereços postais.

A iniciativa começou na pandemia, época em que o comércio eletrônico se intensificou. “A partir dessa rede [de lideranças nas favelas] conseguimos criar microcentros, que funcionam como CEP. E entrando em contato com algumas empresas que possuíam esses CEPs bloqueados, oferecemos esse modelo de serviço”, explica o CEO e fundador da iniciativa.

A Favela Brasil Xpress está presente em sete comunidades do Brasil: cinco em São Paulo; uma no Distrito Federal, na favela do Sol Nascente, a maior do País; e outra em Betim, em Minas Gerais.

“Antigamente, as pessoas não tinham endereço e, por isso, não conseguiam arrumar emprego ou abrir conta em banco. Além de receber entrega, elas falam muito que, além do endereço, o serviço trouxe também dignidade”, conta.

Carteiro amigo

Com unidades na Rocinha, Rio das Pedras e Cidade de Deus, todas comunidades do Rio de Janeiro, o Carteiro Amigo consiste em um serviço por assinatura de entregas para locais sem CEP.

A logtech foi criada há 20 anos por moradores da Rocinha e contabiliza 1.200 assinantes, mais de R$ 30 milhões em entregas, 15 mil pessoas atendidas e mais de 300 mil entregas realizadas.

Para receber a encomenda, o primeiro passo é verificar se o plano de assinaturas está ativo. São várias modalidades de entrega, que o cliente pode escolher: receber em uma das lojas da empresa ou via lockers automatizados.

Os planos variam de R$ 14 a R$ 33 por mês, variando de acordo com o número de entregas gratuitas, valores para pacotes adicionais e dependentes incluídos.

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